Orgulhoso por pertencer ao blogue que fez serviço público enquanto o Ministério das Finanças (e a imprensa em geral, diga-se em abono da verdade) assobiaram para o lado. Um trabalho excepcional (no qual fui mero espectador espantado pela velocidade).
Orgulhoso ao ler esta posta/notícia e aproveitar para me rir, uma vez mais, graças ao bom-humor do Rodrigo, o homem que nos (Portuenses e Andrades) acusa de não termos sido romanizados e nos chama Celtas. Ele que ficou maravilhado com Campanhã.
Orgulhoso por saber que o meu Porto já está em Dublin e com ele o enorme Braga 2010/11. Duas das cidades mais carismáticas do Norte, a Liberal cidade do Porto e a eternamente Jovem (e Capital Europeia da Juventude 2012) Braga. Na terra de Bono,Wilde, Beckett, Yeats, Pearse, MacDonagh, Clarke Thomas, MacDiarmada, Plunkett, Eamonn, Connolly ou Collins (para aqueles que entendem a Irlanda como uma só) e dos Celtas, Portistas e Bracarenses estão em casa. Um regresso às origens (seguindo a filosofia de RMD).
Por isso, orgulhosamente, amanhã seremos todos, novamente, Celtas.
Para todos os membros do Albergue, para toda a equipa do Sapo, a todos os blogues e para todos os leitores e leitoras, um Feliz Natal e um 2011 em grande!
O Bono e a Mulher estiveram no Porto e almoçaram no magnífico restaurante de Rui Paula, o DOP. Para comemorar, trago aqui ao Albergue um texto que publiquei anteriormente no Aventar, em Janeiro e minimamente adaptado ao momento:
Os meus companheiros(as) do Aventar e do Albergue já sabem da minha paixão pelo Douro. Eu, um menino da cidade, nado e criado no Porto (Areosa) casei com uma duriense e mal pus a vista em cima do Douro Vinhateiro fiquei como aqueles senhores da UESCO: perdidamente apaixonado.
Uma das minhas perdições no Douro é o famoso D.O.C. e o seu genial Rui Paula. Não tenho por hábito, fruto de um certo pudor adquirido em casa, falar sobre este ou aquele restaurante, hotel ou outra qualquer extravagância pessoal. É reserva mínima de intimidade e um certo horror a uma qualquer cedência ao novo-riquismo tão típico dos dias de hoje. Dou um exemplo: muitos amigos tecem loas ao bife do cafeína (restaurante ainda da moda no Porto) e eu, típico labrego da Areosa, lá fui qual carneirinho experimentar o naco. Absolutamente banal, excepto no preço. O Aleixo (Campanhã-Porto) ou o Rodrigo (Maia) por metade do preço fazem a festa, deitam os foguetes e apanham as canas. Enfim, modas. E foi com esta ideia pré concebida que entrei, pela primeira vez e de pé atrás, no D.O.C.
O espanto que se apoderou de mim ao longo da refeição (provavelmente deglutida sempre de boca aberta para horror dos restantes comensais) transformou-se em êxtase absoluto no término da mesma. E sempre que regresso já não fico espantado, podendo assim comer de boca educadamente fechada, mas permanece o arrebatamento. O D.O.C. é, tal qual os patamares de vinha que nos fazem companhia ao longo da refeição, um verdadeiro Património da Humanidade e o melhor restaurante de todo o Douro e Duero, de Soria à Foz. O Rui Paula é um génio e aos génios tudo se perdoa, até os devaneios mais recentes: vai abrir um novo poiso gastronómico no Porto, no velho burgo. Um desvario. O D.O.C. não é só a comida, a excelência da dita, nem o primor do serviço ou a revolução que desencadeou, gastronomicamente falando, na região ou a partilha da carta com o próprio Rui Paula e a sua maravilhosa companhia. O D.O.C. é tudo isto por junto mas misturado com a paisagem em seu redor. Depois, depois é o Douro, provavelmente o único lugar do mundo capaz de transformar a minha Areosa, o meu Porto, a minha Maia em meros locais de fugazes de poiso de fim-de-semana ou de uma ou outra escapadela de férias ou de peregrinação ao Dragão – a melhor sala de espectáculos do país. Sim, sim que o Ano é novo e o final de 2010 será, espero, o princípio dessa mudança. Daí não aceitar que o Rui Paula me troque as voltas à “cantina duriense”.
E todo este relambório por causa de um livro. Um livro, não. O Livro. O livro “Best in the Wold Gourmand 2009”, título conquistado no “World CookBook Awards”, assim a modos que o Nobel da Literatura gastronómica. Uma prenda de Natal que recebi de um grande amigo e onde, durante uma brevíssima pausa de fim de ano duriense, pude encontrar as receitas dos seguintes manjares dos Deuses: Trilogia de Sabores Antigos (Cogumelos recheados, peixinhos da horta e salpicão de Barroso), Chamuça de Alheira com cogumelos salteados, Migas de Alheira, Creme de espargos verdes com Vieiras e Azeite trufado, tudo isto nas entradas. Quanto a pratos de peixe temos: Polvo à Lagareiro, Bacalhau lascado com puré de grão-de-bico, Milhos de Camarão, Açorda de Sapateira com Linguado e Caldeirada de Pargo. No pecado das carnes: Cachaço de porco Bísaro com migas de feijão-frade, o superlativo Medalhão de lombo Maronês com Queijo da Serra acompanhado de espargos verdes e arroz de três cogumelos, Trilogia de Vitela com batata confitada de alheira, Milhos à Transmontana, Lombinhos de porco Bísaro grelhados com favada e puré de aipo e a Vazia com puré de queijo de cabra, confit de chalota e courgette recheada. A gula, caros companheiros (as), o pecado da gula está nos doces: Chamuça de queijo Chèvre com gelado de mel, requeijão, doce de abóbora e amêndoa; Crepe de leite-creme crocante com frutos exóticos e molho de framboesa; Tarte de Maçã com queijo de cabra e gelado de Azeite; Mil folhas de maçã e morangos; Folhado de Maçã com geleia Late Harvest; Trilogia de Degustação (Souflé de Limão, Molho de frutos do bosque e Zabayon de Vinho do Porto) sem esquecer o Strudel de Maçã com frutos secos em sopa de canela! Meus caros, só citei os já provados pois muitos mais se pode encontrar neste livro magnificamente escrito por Celeste Pereira com fotografias superlativas de Nelson Garrido e cujo título não engana: “Rui Paula – Uma Cozinha no Douro” da Quidnovi.
Mas o Rui Paula é tão genial que me conseguiu surpreender novamente. Então não é que o DOP consegue ser, igualmente, fabuloso? Agora passei a ter duas cantinas e ambas durienses. O Bono, esse, é que a sabe toda e não foi de modas: quando se quer impressionar uma mulher e se está no Porto, é DOP pela certa. A Ali Hewson ficou, garantidamente, ainda mais apaixonada e o Bono manteve aquele ar trocista de "grande enganador".
O motivo de tão ilustre cliente deve-o o DOP a Coimbra e foi nela que gravei o meu primeiro vídeo by phone que coloquei no meu canal You Tube e foram cerca de 7000 visualizações em apenas três dias. Um concerto memorável e uma música "de estalo" que quero dedicar ao meu amigo Rui Paula e ao seu superlativo DOP. Caro Rui, a Michelin ainda não te deu uma estrela mas agora tiveste direito a uma bem maior:
Quando me perguntam: “Qual a melhor banda do Mundo, os U2 ou os Rolling Stones? Respondo: Os Stones são apenas música.
Ontem, em Coimbra, os U2 mostraram a razão de serem a maior banda do Mundo não apenas na actualidade mas de sempre. A sua humildade no relacionamento com o público, a excelência das músicas, a mensagem que pretendem transmitir (concorde-se ou não com ela) e o soberbo espectáculo multimédia que sempre os acompanha marcam toda a diferença. Tudo isso e um profissionalismo que espanta.
Ao som de “Briooosaaa” entraram em palco num arranque absolutamente arrasador cujo ponto alto foi “I Will Follow” e sem dúvida que os quatro em palco seguiram uma multidão fabulosa. Outro grande momento foi ver Bono numa mini-entrevista aos restantes elementos da banda sobre a Universidade. A lição estava muito bem estudada. As expressões de Bono ao longo do concerto permitiram a todos perceber que a banda estava rendida a um público entusiasta e profundamente conhecedor das canções.
Ao meu lado, dois sevilhanos explicavam a razão de terem viajado até Coimbra depois de os terem visto na sua terra, na Alemanha e em Itália: tinham ouvido dizer nos fóruns de seguidores dos U2 que os concertos em Portugal eram memoráveis (em especial o de Alvalade 2005). No final confirmaram a “lenda”. O público contagia a banda e o concerto torna-se mais intimista – Bono fala muito mais e canta bem menos deixando essa tarefa para a multidão.
Foi o concerto do ano em Portugal.
Uma última nota: no Twitter alguém se insurgia contra o facto de a Câmara de Coimbra ter “gasto” 400 mil euros com a visita dos U2 à cidade. Erro: não gastou, investiu. É fazer as contas, como disse o outro. Se os 90 mil forasteiros gastarem, em média, 5 euros na cidade, o investimento já deu retorno. Só quem não esteve em Coimbra pode duvidar. A cidade foi literalmente invadida: os cafés, as lojas, os hotéis e as pensões estavam superlotadas (demorei quase duas horas para sair de Coimbra, jantei na cidade e entrei no restaurante, já no limite da mesma, era uma da manhã e esperei para ter mesa). Eram duas horas da manhã e a primeira estação de serviço a caminho do Porto estava pelas bordas ao ponto de ter seguido para a outra. Em Antuã, o cenário era idêntico. Uma enorme fila para meter gasóleo e uma ainda maior para comer (pouco passava das duas e meia da manhã!). Ao longo dos 100 quilómetros que separam Coimbra do Porto, em plena madrugada, era um trânsito infernal. Toda esta gente gastou dinheiro em Coimbra e pelo caminho, criticar os 400 mil euros investidos pela autarquia é não saber fazer contas e não perceber que o investimento público é fundamental quando gerador de receitas. Foi o caso. A cidade de Coimbra e toda a região ficou a ganhar e muito!
(Estação de Serviço de Antuã, 02h30)
Podem ver no meu Facebook as fotos do concerto: AQUI
Uma actualização de última hora: Depois de várias tentativas, consegui finalmente colocar um vídeo meu do concerto que partilho com os leitores do Albergue, a quem dedico: