No entanto, não deixa de ser verdade que há maior ligação à Galiza que ao sul do país, abaixo do Mondego, pelo menos do ponto de vista cultural, organizacional e paisagístico. E partilhamos o problema da centralização das capitais no que toca a recursos, entidades e obras - a critica do 31 da Armada assim o comprova, comparando quantidade (7 pontes contra 2) quando o dinheiro de uma delas chegava e sobrava para fazer as 7 que tem o Porto... (Nuno Leal em comentário a este post)
Eu bem disse, valha-nos Deus e ele valeu-nos. Para responder a um post de Deus começo, respeitosamente, pela devida vénia - por o considerar Primus inter pares. Deus afirma-se um imperialista e quem sou eu para o negar. O seu imperialismo leva-o a considerar os galegos como portugueses do Norte. Não são. Olhando para a história é mais ao contrário, por muito que nos custe. A mim nem me custa assim tanto. A nossa língua é de origem galaico-duriense:
E a nossa cultura originária está umbilicalmente ligado à Galiza. Deus, como verdadeiro imperialista, considera o centralismo uma ideia sublinhada por meia dúzia de "nortistas atormentados" que se julgam perseguidos por uma entidade fantasma. Eu percebo Deus. E sei qual a solução para o problema. Aliás, não existe uma solução, existem duas. A primeira é simples, vou propor-lhe uma troca: ele passa a residir e trabalhar no Norte por um ano (chegam 365/6 dias) e eu rumo até à capital do império por idêntico período. Aposto, forte e feio, que passado um ano, ele muda de ideias, assim como mudou o António Pires de Lima que era totalmente contra a regionalização e um ano depois de liderar a UNICER mudou de ideias. A segunda solução é um pouco mais complexa. Permitam a regionalização e os nortistas atormentados calam-se. Se a coisa não funcionar ou der para o torto, juro que serei o primeiro a vir para a rua defender o centralismo. Palavra de nortista!
Quanto às pontes, meu caro Deus, faço minhas as palavras do Nuno Leal. Apenas discordando num ponto: dava para sete se não contar a parceria público-privado pois pelo andar da carruagem, já estamos nas 14...
Quanto a Deus, amanhã resolvo o problema ao jantar. Eu vou de espada. E tu?
No Jornal de Notícias de hoje, o novo subdirector do diário, Jorge Fiel, escreveu um artigo de opinião cujo título diz tudo: “Eu, galego do sul”.
Nesse artigo, Jorge Fiel escreveu duas coisas semelhantes a outras tantas que já aqui escrevi: o facto indesmentível da Serra dos Candeeiros ser a fronteira natural entre dois “Portugal” e a dúvida sobre a estratégia política de D. Afonso Henriques ao rumar a sul em vez de conquistar a norte.
Alguns amigos do Albergue ficam um pouco irritados quando escrevo sobre estas temáticas e os meus bons amigos sulistas aproveitam sempre para um telefonema acompanhado do respectivo puxão de orelhas relembrando a este visigodo, este celta de meia tigela, sobre a unidade nacional, a língua comum e os séculos de fronteira imutável entre outras pérolas do género. Confesso que fico sempre satisfeito quando um dos meus comparsas, um sulista monárquico, reafirma que o nosso/meu problema é não ter(mos) sido romanizado(s)…
Porém, o problema é outro. É a velha questão do não querer ser lobo e não lhe vestir a pele. Recentemente, foi a questão da linha Porto-Vigo e a vergonha de ver a RENFE solucionar um problema criado pela CP. Já para nem lembrar, como lembrou Jorge Fiel, a questão das SCUT. Ou a forma como os dois maiores partidos enfiaram a Regionalização nos fundos de uma qualquer gaveta e pensar que a Grécia, perante a actual crise, foi obrigada a regionalizar deixando Portugal como o último reduto europeu do centralismo. E depois, meus caros amigos, é ver e ouvir os nossos responsáveis políticos, sejam do PS ou do PSD, a ter intervenções infelizes em fóruns realizados aqui por estas bandas.
O último caso paradigmático ouviu eu no encerramento do “1º Open Day Europe in my Region – Euroregião Galicia/Norte de Portugal – Desafios Transfronteiriços da Europa 2020”, no passado dia 8 de Julho na Casa da Música. O representante do governo português teve uma tirada, logo no arranque e repetida ao longo da sua intervenção, discorrendo sobre a Euroregião que vai do Norte da Galiza até Setúbal! Na primeira vez, poucos notaram o requinte da coisa. Porém, após sucessivas repetições desta nova ideia geográfica era ver o espanto de boa parte dos galegos presentes e ouvir, nos corredores, alguns responsáveis regionais sobre o tema. Numa iniciativa do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galicia-Norte de Portugal e na qual uma das temáticas era os fundos comunitários 2014-2020, Portugal lembra-se de redesenhar o mapa…
Quando temos o Alberto Feijoó (Presidente da Xunta da Galicia) ou o Jesús Gamallo do conselho superior da AECT (Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galicia-Norte de Portugal) falarem da forma como se livraram do centralismo de Madrid e sublinharem, nos mais diversos fóruns, a importância da nossa Euroregião (que compreende, para quem não sabe e parece que não sabem mesmo: A Coruña, Lugo, Pontevedra, Ourense, Minho, Grande Porto, Trás-os-Montes, Douro e Entre Douro e Vouga) a que propósito temos, assim como quem não quer a coisa, responsáveis nacionais a engordar o mapa e a reescrever a história?
Valha-nos Deus. Só posso terminar citando Jorge Fiel com uma ligeira adaptação: É em momentos como estes, cada vez mais frequentes, que questiono a opção geográfica de Afonso Henriques – e me sinto mais um galego do sul do que um português do Norte.
Será mais fácil a qualquer um de nós ganhar o próximo jackpot do euromilhões do que Portugal avançar para o processo de Regionalização.
A CP acabou com a linha Porto-Vigo. O motivo parece óbvio e simples: só tinha, em média, 12 passageiros. Como alguém escreveu, surpreendente é ter tantos passageiros dispostos a demorar mais de três horas para fazer pouco mais de uma centena de quilómetros. Num país decente, estes gestores de brincar da CP terminavam na cadeia pela forma como geriram a empresa ao longo destes anos.
Então, nos tempos que correm, demorava três horas de comboio uma viagem destas? Solução: em vez de criar condições para que a viagem decorra no tempo normal (uma hora), não. Toca a fechar a linha e desprezar o potencial da mesma. Talvez os senhores da CP não saibam que a Galiza (e Vigo em especial) é o principal emissor de turistas do Grande Porto e Norte de Portugal e um dos principais eixos de negócios. Talvez não saibam que uma linha ligando o Porto à Corunha teria um enorme potencial. Para isso seria necessário saberem e conhecerem a realidade desta Região e das suas principais “ligações” económicas.
Entretanto, pode ser que o Aeroporto Internacional do Porto seja, finalmente, privatizado. Espero que a Junta Metropolitana do Porto e os seus autarcas se organizem de modo a tomarem uma posição accionista minoritária e, dessa forma, serem tidos e achados na sua gestão. O AIPorto é fundamental para o desenvolvimento de toda a Região (os utentes galegos, por sinal, valem já 20%) e não pode continuar a depender apenas da Ryanair cujo investimento em novas rotas continua a ser fantástico e é um dos motivos para o crescimento do turismo na região (em contra-ciclo com o resto do pais). Porém, são necessárias novas ligações directas para os outros continentes e isso a Ryanair, para já, não pode oferecer e a TAP prefere a Portela.
Enquanto a Regionalização continuar a ser mais difícil de concretizar que ganhar o jackpot do euromilhões, valha-nos estas pequenas oportunidades. Assim saibam aproveitar os poderes políticos e económicos da região.
Aceitei ser cabeça-de-lista do PSD em Viana do Castelo. Não escolhi esta Lei Eleitoral e nem sequer concordo com a sua lógica centralista - aliás, comprometo-me desde já a envidar todos os esforços para a reformular de acordo com os melhores exemplos europeus. Mas sou um regionalista convicto. Como tal, encaro o Norte como uma unidade administrativa e política a quem a diversidade cultural tanto enriquece. Para mim, Braga, Porto, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo são partes de um Norte igualmente deprimido que este Governo, obsessivamente centralista, maltratou.
Sejamos claros: Sócrates não se limitou a adiar a regionalização – caso avance o seu deplorável remendo de remodelação administrativa, liquidou o ensejo de se poder realizar uma reforma descentralizadora decente neste País, de longe, o mais obsessivamente centralizado do mundo civilizado - CAA, Diário de Notícias.
A Rádio Lidador foi a primeira rádio onde entrei, assim uma espécie de primeiro carro onde sentei o traseiro ou de primeira namorada. Nela dei a minha primeira entrevista a uma rádio. Nela gravei o meu primeiro apontamento jornalístico radiofónico. Nela fiz a minha última peça como jornalista (e logo um Dakar). Na Rádio Lidador (94.3 FM) conheci pessoas fantásticas e jornalistas de primeira. Sem esquecer os bons amigos que criei – alguns deles sei que serão para a vida.
O mundo avança e está sempre em mudança, rima e é verdade. A Rádio Lidador morreu na passada semana dando lugar a outra, a Rádio 5. Não existe, da minha parte, qualquer nostalgia mas antes uma grande esperança. A Rádio 5 é a evolução natural de um grupo empresarial de comunicação da Maia que cresceu e ultrapassou as fronteiras do seu território de origem, é uma marca desta forma de ser empreendedora de parte dos nossos empresários. A Rádio Lidador era uma rádio local, a Rádio 5 é uma rádio global. Em suma, cresceu.
A Rádio 5 é a fusão de várias rádios locais (Lidador, Trofa, Voz de Santo Tirso, No Ar Viseu, Rádio Fronteira, Rádio Aveiro, Rádio Mar e outras que se irão seguir). É a primeira rádio verdadeiramente regional do Norte e Centro Norte de Portugal, o primeiro projecto regionalista de rádio. Um prenúncio.
É uma rádio dedicada à Informação, ao Desporto e à Música. Estou certo que vai dar que falar. Aliás, no desporto, já está a ser falada. Os relatos dos jogos do Futebol Clube do Porto são um verdadeiro acontecimento – quem nunca os ouviu, independentemente do clube do seu coração, deve experimentar, quanto mais não seja para se divertir.
Aproveito para saudar toda a equipa da Rádio 5 e desejar toda a sorte do mundo para um projecto empresarial de comunicação social que nasce num momento de crise no sector e na economia.
Sinceramente, não deixem de ver o vídeo DESTE link para terem um “cheirinho” dos relatos de futebol que vos falei.
Hoje, ao início da noite, conversava telefonicamente com um amigo (igualmente Alberguista) e carpíamos mágoas sobre o estado do nosso Porto e da nossa Região Norte. Algumas palavras trocadas sobre o tema são irreproduzíveis.
Um dos lamentos era a falta de liderança. O Porto e o Norte são, actualmente, “liderados” por indivíduos que se limitam a ser a voz do dono com a agravante de o dono não ser de cá. Por isso afirmo e reafirmo: a culpa é nossa.
Há um único ponto em que me parece que vai haver acordo (senão mesmo unanimidade) na negociação para a revisão constitucional, que é em facilitar a regionalização na Constituição. Pouco interessa que a regionalização tenha sido rejeitada por referendo em Portugal com uma maioria esmagadora, e que neste momento estejamos sujeitos a um constrangimento orçamental sem precedentes. Quando o assunto é a criação de novos cargos políticos, com perspectivas de ocupação para uma série de gente, é fácil os partidos chegarem rapidamente a um acordo.
Vão assim ser naturalmente retirados todos os denominados "entraves à regionalização". A Constituição prevê um referendo obrigatório? O referendo passa imediatamente a facultativo, garantindo-se assim que nunca será feito. A Constituição exige a criação simultânea de todas as regiões administrativas? Retira-se já essa exigência, propondo a criação de uma região-piloto, em ordem a que os mais ansiosos possam rapidamente adiantar-se, criando a sua própria região.
O País precisa tanto de se regionalizar como um peixe precisa de uma bicicleta. Portugal tem a dimensão da região espanhola da Andaluzia e constitui materialmente uma região da Península Ibérica, que só não se integrou em Espanha porque os portugueses decidiram em 1640 que não queriam ser espanhóis. Alguém acha que se a Catalunha, a Galiza ou a Andaluzia se tornassem independentes criariam regiões no seu território? Portugal tem uma tradição municipalista e se há coisa que o referendo à regionalização demonstrou é que os municípios aceitam dificilmente atribuir o estatuto de capital da região a um município vizinho, preferindo relacionar-se directamente com a capital do País. A regionalização só servirá assim para a criação de novos cargos políticos, aumentando o sorvedouro de dinheiros públicos, numa altura em que é imperativo reduzir a despesa.
Conforme referi, parece-me, porém, que neste assunto vai haver acordo e que, para mal dos nossos pecados, lá se voltará à regionalização. Já começaram, no entanto, as quezílias sobre qual a região que deve assumir o papel de região-piloto, imaginando-se que haja muitos aspirantes a pilotos, o que normalmente tem como consequência que o veículo fique desgovernado. Eu tenho uma sugestão pessoal para a região-piloto: O Ilhéu da Pontinha. Tem a vantagem de ficar situado numa região autónoma, onde não será difícil implantar uma região administrativa. Tem fortíssimas aspirações independentistas, que suplantam largamente os intuitos regionalistas de outras regiões, e que poderão ser resolvidas conferindo-se ao Princípe D. Renato o cargo de Presidente da região administrativa. E, como só tem quatro habitantes, pelo menos teremos a garantia de que só serão criados quatro novos cargos públicos, o que não afectará tanto o orçamento português.
Estou no Douro. São quase duas da madrugada e olho para o céu. Aqui ainda se consegue ver um verdadeiro céu estrelado, belo, carregado de pontos de luz cintilantes. Este é o meu outro porto de abrigo.
Na varanda ouço "Pode o Céu ser tão Longe" de Pedro Abrunhosa. Estou perto do seu refúgio, em Moimenta da Beira, a um pulinho daqui. Quem sabe se não foi por estas bandas que ele escreveu esta letra e compôs esta música. Quem sabe. Entretanto, lá longe, o ruído de uma festa de aldeia com a música popular do costume. É o "Plano B" destas bandas, a "movida" do interior profundo. Um outro país, um outro encanto. O Pedro vai desfiando as suas pérolas pela minha varanda. Agora pede para fazermos o que ainda não foi feito. Por acaso, é bem pensado.
E que tal começar por cobrar promessas? Ora vamos lá fazer o que ainda não foi feito, caro companheiro Pedro Passos Coelho, alterar a constituição e lançar a tal, a prometida "região-piloto". Pode, pode ser no Algarve. Foi a hipótese que te ouvi naquele óptimo almoço em Lisboa com bloggers. Vamos lá, meu caro.
"Amanhã é sempre tarde demais", canta o Pedro, o outro, o "quase" meu vizinho. Puxo de um cigarro, no leitor faço "repeat" e volto a ouvir "vamos fazer o que ainda não foi feito". É Portugal, o profundo, o que não vê alternativas, o que acredita que temos de mudar, quiça experimentar um novo modelo económico, uma nova esperança: fazer o que ainda não foi feito. A promessa é tua, a fé é nossa. Eu acredito que não a vais quebrar.
Adenda: Filipa, continuo a comprar o i. Não será por minha causa que ele fecha!!!