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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Abstenção

Nas legislativas de 5 de Junho, a abstenção foi de 41,09%, o que é muito alto não apenas em termos absolutos mas, sobretudo, face ao que seria previsível. Num cenário de esgotamento político, de pré-bancarrota, desemprego histórico, pouca esperança, previsões negativas, crise social, maior pobreza - como foi possível que tantos optassem por não votar?

 

Talvez que após a "limpeza" dos cadernos eleitorais se chegue à conclusão de que a abstenção terá sido mais baixa do que aquele número. De qualquer forma, porém, dadas as circunstâncias políticas do momento, a abstenção merecerá sempre o qualificativo de muito elevada. O que se passou então? Uma participação tão baixa, tão poucos votos brancos e nulos, um peso tão reduzido dos micro-partidos, as perdas pesadíssimas sofridas pelo principal partido de protesto?

 

Proponho duas explicações. A primeira é a de uma contradição interior sentida por uma grande parte dos eleitores portugueses. Portugal é maioritariamente de esquerda nas questões económicas e indiferente nas questões morais/fracturantes/o que se lhes quiser chamar. Custa-lhe muito votar na direita. Ao mesmo tempo, essa grande percentagem de eleitores reconhece que a situação do país exige uma competência técnica e um realismo ideológico que não estão disponíveis na esquerda. Por isso, entre votar na esquerda, vista como tecnicamente inepta, ideologicamente desvairada e a principal responsável pelo actual estado de coisas - ou votar na direita - uma boa parte das pessoas optou por não votar. Tudo um bocadinho como nos dois referendos do aborto: entre manter uma realidade desgraçada ou ser conivente com uma solução repugnante, uma grande parte das pessoas optou pela solução mais fácil de todas: ficar em casa a ver televisão.

 

Uma segunda proposta de explicação: a ideia de que os partidos e os políticos são todos iguais está cada vez mais assimilada por um número de gente cada vez maior. Esta difusão parece-me ser o resultado de dois factores. As pessoas sabem que os três partidos disponíveis para governar o país comprometeram-se com um plano de austeridade que é em si mesmo e em boa medida um plano de governo. Igualmente importante, uma menor esperança e grande desilusão popular com os resultados práticos e económicos do regime actual têm provocado uma maior alienação relativamente aos partidos. Esta alienação ainda não foi captada por nada nem ninguém: os votos brancos, nulos e nos micro-partidos tiveram a relevância do costume, as acampadas foram a nulidade que se viu. Mas, claramente, essa alienação está disponível para ser capturada por antidemocratas, populistas e extremistas: esperemos pois que os portugueses mantenham o bom senso político e que os novos governantes não contribuam mais para a alienação política de tantos eleitores.

 

Quinta-Feira, às 18h00, na Rádio Europa-Lisboa. A análise concreta da situação concreta, com dois alberguistas.

 

No Perguntas Proibidas (parceria com o IDP), José Adelino Maltez, Luís Paixão Martins, Mendo Henriques, e João Gomes de Almeida fazem um balanço das eleições. Uma vitória pessoal de Pedro Passos Coelho, sem esqueletos no armário; e uma derrota pessoal de José Socrates que os tinha e que fez o melhor discurso da sua vida. E contudo "Nunca tão poucos celebraram tanto". O objectivo sá carneirista de "Um Presidente, uma Maioria, um Governo" parece um sonho dos anos 80, que já pouco diz no turbulento ano da graça de 2011. A Troika anda por cá, e nenhuma comissão governativa por si só tem resposta aos graves problemas nacionais. A sociedade civil continua expectante e à procura da sua voz ou abstendo-se.

 

Às 18h00, na Rádio Europa-Lisboa, em 90.4FM (Lisboa), ou aqui para ouvir no site.

E fomos mesmo a eleições...

 

 

"Pedro, se não vamos a votos no país, vamos a votos no partido" é uma frase atribuída, por uma fonte jornalística, a Marco António Costa. Como estou a citar de cor, pode não ser bem assim mas o sentido imputado era este.

 

O vice-presidente da Comissão Política Nacional e presidente da CPD do Porto do PSD, Marco António Costa, é diabolizado por boa parte dos opinion makers e alguns jornalistas da capital. Mesmo dentro do PSD algumas almas não gostam dele. É certo que são cada vez menos. Mas existem.

 

Por aquilo que tenho visto, não consigo entender. Como Presidente da Distrital do Porto consegue obter excelentes resultados. Seja nas eleições autárquicas, na dinamização do partido no distrito do Porto como em eleições nacionais (olhem para os resultados do PSD no distrito nestas legislativas e para a forte mobilização em toda a campanha eleitoral – incluindo uma perninha num e noutro distrito vizinho).

Em Vila Nova de Gaia está a fazer um bom trabalho, a exemplo do que fez em Valongo, e é respeitado pelas colectividades, pelos presidentes de Junta de Freguesia e pelo eleitorado. Na CPN idem.

 

Será, realmente, o autor daquela frase com que começa este post? Se foi, está de parabéns. Sempre fomos a eleições e Portugal afastou José Sócrates e entregou ao PSD um resultado histórico – derrotar o Primeiro-ministro em funções e desta forma é a primeira vez. Confesso, não faço a mínima ideia se MAC é o autor desta frase ou se estamos perante mais uma fábula tão do agrado da matilha.

 

Se o objectivo de divulgar publicamente a frase era prejudicar Marco António Costa e, por tabela, Pedro Passos Coelho, foi um tiro na água dos seus autores. Pelo contrário, publicitaram mais um mérito de MAC: ver mais longe.

 

Depois do discurso de tomada de posse do Presidente da República ficou óbvio, para quem queria ver, que as eleições antecipadas eram inevitáveis. Com esta frase, a ser verídica, MAC provou que “são muitos anos a virar frangos” e percebeu que o PSD teria de chumbar o PEC IV.

A verdade é só uma, os portugueses foram a votos e a sua resposta foi clara: Mudar. Por isso, Marco António Costa já seria um dos vencedores desta noite. A ser verdade essa afirmação, é duplamente vencedor.

O Pecado Original de Paulo Portas

O pecado original de Paulo Portas foi ter escolhido a moralização do rendimento social de inserção como uma das bandeiras principais do partido durante uma das piores crises económicas de que há memória. Num período destes, a preocupação pelos mais pobres deveria ser ainda mais prioritária do que em tempos normais. Portas optou por acossá-los precisamente na pior altura.

 

A crise das finanças públicas era o ensejo perfeito para criticar, entre outros exemplos, o despesismo do Estado, a evasão fiscal, sobretudo a das empresas, e as grandes obras públicas. Paulo Portas optou por uma ninharia, ainda por cima uma das poucas ninharias que ajudam de modo directo e imediato aqueles que verdadeiramente mais precisam. Portas não poderia ter optado por pior política em pior momento. Depois tem ainda o desplante de afirmar que em matérias sociais está à esquerda do PSD! Em matérias sociais!

 

Quantos por cento do PIB é que ele julga que vão parar imerecidamente às mãos das famílias mais pobres? Será que Paulo Portas é capaz de responder a isto?

 

Em Nome da Filha (a minha):

 

 

 

Desde 30 de Abril de 2011 fui um pai um pouco ausente. Confesso. Aceitei um desafio e a ele me dediquei de corpo e alma. Por causa dele ficou a perder, por estes dias, a minha filha. E a minha família.

 

Não estive a seguir nenhum messias. Pedro Passos Coelho, bem pelo contrário, é um homem simples, um de nós. Alguém que acredita ser possível mudar Portugal e dotado da consciência, algo tão raro nos dias que correm, de não ser possível concretizar essa mudança sem o esforço de todos, sem cortar com um passado, não apenas socialista (embora agravado pelo egoísmo daqueles que hoje nos lideram), que entende que tudo se resolve empurrando os problemas com a barriga e transformando em receita de hoje a dívida que outros vão herdar no futuro.

 

Alguém que acredita que a solução dos problemas não pode ser realizada sem (nem contra) mas com os respectivos agentes – na Educação, na Justiça, na Função Pública, na Saúde – e que todos terão de sacrificar um pouco de seu em prol do comum. Alguém que sabe que não existe qualquer solução milagrosa apenas muito trabalho e esforço para salvar Portugal e, sobretudo, para salvar os portugueses desta situação terrível que estamos a viver enquanto país, enquanto comunidade.

 

A questão é muito simples: temos de mudar, Portugal tem de mudar. Acabou o tempo de plantar uma rotunda luxuosa em cada cruzamento, um pavilhão em cada freguesia, uma empresa municipal em cada esquina. Terminou, de uma vez por todas, o tempo de lançar Parcerias Público Privadas em que o privado fica com a carne e o público com os ossos, de criar Institutos e Fundações Públicas por tudo e por nada.

 

Aliás, temos mesmo de mudar, quanto mais não seja porque acabou o dinheiro. O dinheiro fácil e barato. Quem conhece Pedro Passos Coelho, quem o ouviu, por exemplo, em Braga, em Viana, em Gaia, no Porto, na Maia, em Penafiel, em Amarante, em Paços de Ferreira e em tantas outras terras deste nosso Portugal, sabe bem que ele quer proceder a essa mudança e que para a concretizar vai escolher os melhores entre os melhores.

 

Para o fazer, precisa de uma ampla maioria. Uma maioria que lhe permita completar o trabalho que tem de ser feito sem entraves, sem desculpas mesmo que chamando, como é seu desejo, todos para colaborar, independentemente de serem ou não serem do PSD. Se queremos que ele o faça sem desculpas, não podemos cair no erro de permitir a existência de potenciais pretextos. Por isso, a necessidade de uma ampla maioria. A que permita, a todo o momento, que o caminho da mudança a trilhar não possa ser minado por factores externos.

 

Por acreditar, por estar perfeitamente convicto que Pedro Passos Coelho é o homem certo, no momento certo, para esta empreitada hercúlea, dediquei-me de corpo e alma, dentro das minhas possibilidades, oferecendo aquilo que tenho de mais valioso, o meu trabalho. O meu contributo, após este dia histórico no meu Porto, está terminado. Por isso fui, por estes dias, um pai ausente.

 

Um dia, espero sinceramente, quando a minha filha for mais velha e ler este meu escrito, que perceba. Nessa altura, ela saberá que, independentemente do que vier a acontecer, a ausência do pai teve um motivo. Não o fiz pelo pai ou pela mãe. Bem ou mal, as nossas vidas estão, minimamente, tranquilas. Não.

 

Fiz o que tinha de ser feito. Por ela. Em nome da (minha) filha.

Da série "Parágrafos que impõem respeito" (Versão dupla):

Sócrates é um actor que trocou o ponto pelo teleponto. Mas isso não seria demasiado defeito se ele fosse um democrata. Se respeitasse os limites do combate, as regras que fizeram do PS um bastião da liberdade. Herdeiro da ética da esquerda não dogmática, o homem busca o totalitário. O Povo? Sócrates só se respeita a si e à sua cuidada imagem. Vê o poder como fim que vale todos os meios.



Caído este chefe, o PS atravessará o deserto redentor e Sócrates poderá passar de caso de política a caso de polícia.

 

Octávio Ribeiro no CM

A Marca da Qualidade?

É enternecedor ver todas estas figuronas do PSD, António Pires de Lima, do CDS, referindo-se a Alexandre Relvas, Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite e Marcelo Rebelo de Sousa.

 

Realmente, é enternecedor ver a forma radical como António Pires de Lima e o CDS de Paulo Portas encararam estes últimos dias de campanha. Entusiasmados pelas sondagens, assumem o papel de "Homens de Estado", pausados e diplomatas. Acossados pelo fantasma do voto útil insultam os adversários, ameaçam indisponibilidade para governar (pois, pois, vale uma aposta como não será assim?). No início da dita, não se percebia com quem queriam governar, se com o PS, se com o PSD. Depois ao sabor das sondagens e da rua foram acertando agulhas. Nesta recta final o pânico do voto útil invadiu a caravana centrista e o verniz estalou. Não é por acaso que avançou Pires de Lima, o melhor amigo de Portas. Ele pode dizer em voz alta o que Portas está impedido de gritar. Pires de Lima fez de director do Independente. Não crítico a atitude e até compreendo, eu faria o mesmo por um amigo.

 

O problema é que este estilo, esta forma, não é uma marca de qualidade. É a marca de mais do mesmo. É ser exactamente igual a todos os outros. O problema é simples e natural, Paulo Portas e este seu CDS é igual a todos os outros e por muito que disfarce (e procurou disfarçar muito bem ao longo desta campanha) ele é o mesmo de 2009, de 2005, de 2002, de 1999 e de 1997.

Uma coisa nunca vista!

Foi a arruada mais concorrida de sempre. Um autêntico banho de multidão acompanhou Passos a descer a Rua de Santa Catarina uma hora depois de a caravana de Sócrates ter feito o mesmo percurso numa arruada barulhenta, mas morna.

 

Eu estive lá e vi as duas arruadas. Obviamente, deixo a comparação para os outros. Uma coisa é certa, nunca vi semelhante no Porto. Ao ponto de Pedro Passos Coelho ter sido levado em ombros em partes do percurso. O Porto é assim. Ou tudo ou nada.

 

 

 

 

 

 

 

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