Portugal não é para jovens: o velho PCP é mais forte que o "jovem" BE.
Até porque em época de crise e éfe éme i o que mais interessa à maioria dos portugueses não são as questões minoritárias (por muita dignidade e, até, urgência que tenham) mas as consequências nas carteiras. São os problemas "velhos" que determinam as próximas legislativas - e são os jovens a não querer assumir uma clivagem entre gerações.
Em Portugal, a foice e o martelo valem mais do que a ganza - e até os jovens sabem disso.
P.S.: Não andarão agora as sondagens a subestimar o BE como dantes subestimavam o CDS? Até ao lavar dos cestos ainda se contam votos...
1) Os direitos sociais não são consensuais. E sem riqueza, nem com consenso são possíveis.
2) A criação de riqueza não depende só da vontade. "Basta querer" é poesia irrealista.
Um mais dois igual a nada: um consenso inexistente e impossível mais a poesia da vontade igualam um irrealismo inoperante que não resolve nada nem levará a lugar nenhum.
Acabei de ler o "manifesto" da associação ou movimento (ou...?) "Geração à Rasca" e vi também este vídeo. O que me espanta é que tanto o manifesto como aqueles jovens do vídeo não fazem outra coisa para além de se queixarem e protestarem. Então e não há ideias? Então e não se reflecte nas CAUSAS? E não há propostas concretas do que deve mudar em termos legislativos?
Se esta geração pensa que consegue mudar alguma coisa com cantiguinhas e protestos moles, então bem pode continuar sentadinha no sofá da casinha dos pais a jogar playstation. A política não se faz ficando à espera que o "inimigo" nos ofereça lá qualquer coisinha. A menos que esta associação, no fundo, o que queira é passar-se para o "inimigo".
Se é isso que pretende, então está muito enganada: não há economia nem finanças que permitam alargar os "privilégios de geração" a mais geração nenhuma. E, de facto, é precisamente por causa desses privilégios que esta geração ainda não chegou onde merecia chegar. Era bom que compreendessem isso e já é tempo para demonstrarem que compreenderam.
Não há volta a dar, já não se pode ignorar. O principal conflito em Portugal não é a luta de classes de proletários contra capitalistas, não é o jogo de poder entre fascistas e comunistas, nem sequer é a oposição direita vs. esquerda ou conservadores vs. progressistas. A maior tensão binária no nosso país é isto: guerra geracional. Os mais velhos, instalados e protegidos pelos direitos adquiridos (já é tempo de os chamarmos pelo nome correcto: privilégios de geração) contra os mais novos, precários, com mais formação, mais dinamismo e, até, mais mundo, cujo rol de direitos sociais presente e futuro é diminuto e insatisfatório. Secundariamente, um outro conflito, relacionado com o primeiro: trabalhadores do sector público de um lado contra trabalhadores do sector privado, trabalhadores a recibos verdes e trabalhadores sem trabalho, do outro.
O tempo para conseguir atenuar estas tensões latentes mantendo a paz social está a acabar.