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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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O "Dakar" Argentina/Chile 2011:

O Argentina/Chile, a que alguns por lapso chamam “Dakar”, terminou.

 

Foi uma prova fantástica e bastante complicada para todos os participantes. Não perdi um só dos programas especiais do Eurosport, o único canal com uma cobertura completa desta fantástica aventura, e fiquei rendido às paisagens e aos trilhos magníficos da Argentina e, sobretudo, do Chile.

 

Uma vez mais, para grande mágoa, a Jeep não alinhou com uma equipa oficial. É estranho, muito estranho, que a marca ícone do 4x4 continue afastada da mais importante prova (e montra) do Todo Terreno. O ano de 2010 foi um dos melhores de sempre na história desta marca americana – as vendas do novo Grand Cherokee estão a ser surpreendentes ao ponto do passado mês de Dezembro ter sido o melhor da sua história em vendas do GC num só mês e tendo em conta que este ainda não se encontra disponível no mercado europeu, já para nem lembrar que o Jeep Wrangler é considerado um dos melhores para todo-terreno assim como o Cherokee/Liberty. Até a BMW arriscou levar um Mini! O “Dakar” é uma montra sem igual.

 

Os portugueses estiveram muito bem. Nos jipes o Ricardo Leal dos Santos foi o melhor “aguadeiro” com um excepcional 7º lugar final. Por sua vez, nas motas, os portugueses brilharam. Venceram algumas etapas e foram os grandes animadores de quase todas. Em grande esteve o Hélder Rodrigues que foi o 3º (melhor classificação de sempre de um português) e o melhor não KTM. O Ruben Faria ficou em 8º mas andou sempre na frente e se não fosse um percalço na antepenúltima etapa teria ficado em 4º lugar e teria sido o melhor “aguadeiro” de sempre. Uma nota para o Paulo Gonçalves, em BMW, cuja participação estava a ser “de outro mundo” até ter dado um valente tombo e partido a clavícula (enquanto “durou” foi sempre dos mais rápidos e o melhor da BMW).

 

Agora que terminou a edição de 2011 resta esperar pela próxima. Já estou com saudades!

 

Entretanto, aqui fica um momento muito especial do Argentina/Chile, quando um velhinho Fiat 127 "salvou" o gigantesco Hummer do Robby Gordon:

África Eco Race e o Dakar

 

 

 

 

Quando a ASO decidiu mudar o Dakar para a América do Sul, um grupo de "puros" não conformados com os insondáveis mistérios da política externa francesa - sim, a mudança de ares foi motivada por questões políticas, mais precisamente, uma "guerra" comercial entre a França e a Mauritânia, coisas do petróleo – decidiu lançar a África Eco Race seguindo o espírito original do Dakar e terminando, obviamente, em Dakar.

 

O problema foi convencer as principais marcas a trocar o Dakar pelo África Race. Melhor dito, trocarem o falso Dakar pelo verdadeiro Dakar. Para ajudar na confusão: trocar o Dakar versão América pelo Dakar versão África. Mais, trocar o falso Dakar organizado pelos originais pelo Dakar verdadeiro organizado por terceiros. Confuso? Pois.

 

Fui daqueles que acreditou na viabilidade do África Eco Race. As primeiras notícias apontavam para tal: o velho lobo do deserto, Jean Louis Schlesser, afirmou que alinhava e com ele, entre outros, o nosso Carlos Sousa. Este último “desertou” em cima da hora e preferiu a concorrência e só o primeiro manteve a palavra. Nos camiões, a família De Roy (nome forte do Dakar) assim como a nossa Elisabete Jacinto marcaram presença. Nos bastidores os rumores apontavam para, pelo menos, uma marca alinhar com equipa oficial. Não passou de boato. Tudo isto em 2008.

 

O África Eco Race avançou para o deserto sem equipas oficiais, com poucos concorrentes e mediaticamente muito fraco. Em suma, o poderio da ASO veio ao de cima e em 2010 temos este cenário triste: na altura em que escrevo estas linhas temos quatro motas, quatro camiões e 27 automóveis. Já vi passeios organizados por clubes espanhóis a Marrocos com mais participantes…

 

Neste caso, como em tantos outros, o Golias derrotou David.

 

O que correu mal? Simples: querer concorrer directamente com o "Golias/ASO" foi/é um erro. O África Eco Race deveria/deverá procurar uma data diferente (a Páscoa é uma boa altura), arrancar de uma cidade europeia (Paris, Madrid, Lisboa, etc) e procurar alargar aos amadores (competindo, isso sim, com as dezenas/centenas de clubes e empresas espanholas, francesas e até portuguesas que organizam passeios TT a Marrocos/Mauritânia/Senegal nessa altura) com uma filosofia de competição nem que seja mínima. Só dessa forma, paulatinamente, terá massa crítica suficiente para, a médio prazo, se tornar num verdadeiro caso de sucesso e competir, a sério, com a ASO.

"Penso eu de que..."

Dakar

 

 

 

 

O Argentina/Chile 2011 arrancou a sério e o português Ruben Faria (Motas) venceu a primeira etapa.

 

Confesso, sou um apaixonado pelo Dakar. Desde miúdo que sigo religiosamente esta que é a maior aventura motorizada do planeta. A primeira vez que vi ao vivo a prova foi no Arras-Madrid-Dakar (2002) e em Portugal não perdi uma. Nem o famoso Lisboa-Dakar que se ficou pelos Jerónimos para profundo desgosto – foi o meu último trabalho como jornalista (nos próximos dias vou partilhar esse momento surreal). Desde essa data que a minha relação com o Dakar nunca mais foi a mesma.

 

A mudança do Dakar para a América do Sul foi algo que nunca engoli. Uma história muito mal contada e considero um sacrilégio chamar Dakar a uma prova que se realiza na Argentina e no Chile. Seria o mesmo que chamar Rally de Portugal a uma corrida realizada na Rússia. Enfim.

 

Contudo, o bichinho pelo Dakar continua a circular nas minhas veias – um dos meus maiores sonhos, ó loucura, é realizar um dia essa mítica aventura mas a original, em África – e sigo atentamente o Argentina/Chile cujas paisagens e o grau de dificuldade em nada desmerece. Quem sabe, um dia, a ASO (organizadora da prova) ou outra qualquer empresa consegue realizar algo que a Lagos Sport tentou: uma verdadeira Dakar Series com quatro provas (África, Europa, América e Ásia).

 

Aqui fica uma foto minha do Dakar 2007 (num momento de aflição para Carlos Sousa em Portugal) e os links para quem quiser acompanhar o Argentina/Chile 2011 a que alguns, teimosos, continuam a chamar Dakar.

 

(no Sapo) / (site Oficial) / (LusoMotores) / (TTVerde) / (France TV Sport) / (História do Dakar)

 

 

 

 

 

E o vídeo oficial: