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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

1+1=A3

Suponho que de cada vez que o senhor Jean-Claude Juncker estende o dedo para as agências de rating, os seus responsáveis desatam a rir. O presidente do Eurogrupo veio agora de novo avisar que é preciso controlar "de maneira urgente" as referidas agências, como se isso não fosse óbvio desde o ínício da crise, quando esta era "apenas" financeira e não já económica e social.

No entanto, há quatro anos que está por surgir a propalada solução, seja ela a criação de uma agência de rating europeia ou uma nova entidade reguladora. Mais: No campo da regulação desconhecem-se também efeitos práticos do novo modelo de supervisão financeira europeu. E deu em nada a prosápia do combate feroz às off-shores (à qual aliás também Obama se juntou no início do seu mandato).   

A verdade é que a UE, por ausência de autoridade, por excesso de burocracia ou por incapacidade na gestão dos interesses, não tem outra mão no comportamento dos mercados que não aquela que se limita a abrir os cordões à bolsa. E isso, como é óbvio, não é suficiente. Que a UE está numa crise quanto à indefinição do modelo político a seguir já era fonte de preocupações bastantes quanto ao futuro. Que ande a marinar sem consequências práticas no meio da turbulência económica é um 2 em 1 assustador.     

Quarta-feira Página 11

Martin Wolf afirma que um dos efeitos da recente crise económica e financeira mundial foi o de acelerar o futuro. Três realidades mundiais foram adiantadas no tempo uns bons dez anos pelo efeito da crise. Em primeiro lugar, o aperto fiscal, que já se previa através da observação das tendências demográficas nos países mais desenvolvidos, teve de ser antecipado para o tempo presente. A política de agora e dos próximos anos será dominada pelas finanças públicas, o que é um mau sinal. Em segundo lugar, o aumento do peso da China, Índia, Brasil e outras economias emergentes no produto mundial era já esperado. Mas ninguém previa que a sua importância aumentasse tão rapidamente. Isto foi o resultado da contracção das economias industrializadas mais velhas ao passo que as novas economias não pararam de crescer. Finalmente, uma tendência que ganhou uma aceleração ainda mais inesperada (ingenuidade ocidental?) foi a deterioração da imagem do "ocidente" e dos Estados Unidos da América um pouco por todo o mundo. Os falhanços militares e financeiros do ocidente deterioraram ainda mais a imagem que a Ásia tinha do "ocidente".

 

Ed Husain, sobre a revolução no Egipto e a Irmandade Islâmica, defende que é possível reorientar a Irmandade no sentido democrático. A tese é a de que não é forçoso que a Irmandade, no caso de conquistar o poder pela via democrática, perverta a democracia e imponha um regime fechado e intolerante. Pelo contrário, é possível seduzir a Irmandade no sentido de aceitar a laicidade do Estado egípcio e a separação entre política e religião. Por outras palavras, a opção não se reduz ou a impedir a ascensão da Irmandade através da manutenção do status quo autocrático ou a permitir a democracia, aceitar uma possível tomada do poder por parte da Irmandade e esperar que esta a pouco e pouco delapide a democracia. Uma terceira possibilidade é a Irmandade conquistar o poder mas abster-se de seguir a via fundamentalista. Tudo depende do discurso e atitude de alguns dos líderes da Irmandade, nomeadamente em relação ao pluralismo, direitos humanos e, naturalmente, o respeito por Israel.

 

Nouriel Roubini lembra-nos que três das últimas cinco crises económicas globais foram consequência de choques geopolíticos no Médio Oriente. Uma das preocupações associadas às alterações políticas na Tunísia, Egipto, Jordânia, Síria, ... é que ocorra um choque na oferta de petróleo. Esse choque pode inflectir a actual tendência de crescimento económico mundial, em que uma boa parte das economias recém saídas da crise ainda está numa posição financeira e macroeconómica muito frágil.

 

 

Ler hoje o Financial Times, um muito bom jornal inglês.

Os efeitos da crise.

Esta notícia de hoje do Público demonstra bem os dramáticos efeitos que a crise económica está a produzir em Portugal, sob a passividade de um Governo que apenas insiste em pedir cada vez mais sacrifícios a um povo já incapaz de os suportar, depois de ter criado um clima propício a um endividamento irresponsável. Alguém se lembra dos tempos eufóricos da Expo 98 e da entrada no euro? Pois nessa altura já qualquer economista minimamente esclarecido avisava de que o nosso endividamento externo era insustentável. Infelizmente, no entanto, nenhum político foi capaz de dizer a verdade aos portugueses e os resultados estão à vista.

 

O que mais me incomoda ao assistir a este dramático sofrimento de cada vez mais pessoas que não mereciam estar a passar por isto é a sensação de que não há quaisquer perspectivas de melhoria, nem sequer com a aprovação do Orçamento para 2011. Porque a única coisa que o Orçamento para 2011 pode conseguir é obter o prémio para a melhor obra de ficção escrita em 2010.