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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Os Valores:

 

 

 

 

 

"Eu vejo nele um ser humano em quem acredito", Fernando Nobre na entrevista à RTP referindo-se a Pedro Passos Coelho.

 

Quando ouvi Nobre a afirmar isto, compreendi a razão para Fernando Nobre ter tomado uma decisão como aquele que tomou onde, quer se queira quer não, é ele quem mais arrisca. Ou seja, para Nobre seria bem mais simples ter dito não e melhor justificado que alguns outros "não" de certos militantes do PSD. O Presidente da AMI tinha mais a perder e muito pouco a ganhar. Como homem de esquerda, como ex-candidato presidencial com um resultado surpreendente e até como potencial recandidato numas futuras presidenciais. Ele sabia, melhor que ninguém, o que o esperava: as críticas duras, os ataques pessoais e os insultos sem igual. Mesmo assim, aceitou.

 

Eu vejo nele um ser humano em quem acredito e por isso abandonei o meu total afastamento da política partidária e aceitei dar o meu melhor nas directas do PSD e agora, uma vez mais, nestas legislativas. É por isso que, finalmente, compreendo a decisão de Nobre. Pedro Passos Coelho é alguém que me fez voltar a acreditar. É o homem certo, no momento certo. Os seus valores, a sua forma de estar e de ser sublinham aquilo que de melhor se pode encontrar num ser humano.

Novamente Fernando Nobre.

Fernando Nobre, que apenas conseguiu estar calado uns dias devido à ausência no Sri Lanka, já começou a falar. Surge hoje no Expresso e parece que no Domingo vai ser entrevistado na RTP. Pelo teor das declarações de hoje, só podemos recear o pior. Fernando Nobre confirma, para quem ainda tivesse alguma dúvida, que se não for eleito Presidente do Parlamento renuncia de imediato e que nem sequer leu o programa do PSD, mas confia em Passos Coelho. A identificação com o PSD é assim nula e tudo se resume à oferta do cargo de Presidente do Parlamento, que lhe foi feita por Passos Coelho. E é este homem que encabeça a lista do PSD no maior círculo nacional?

 

Eu imagino o efeito que estas declarações - e as próximas que inevitavelmente se seguirão - irão provocar nos militantes e eleitores do PSD no círculo de Lisboa. Eu por mim digo desde já o seguinte: estas declarações demonstram que Fernando Nobre não tem quaisquer condições políticas para ser Presidente do Parlamento e nem sequer para ser deputado pelo PSD. Se ele declara desde já que renuncia ao cargo de deputado, o melhor é que nem sequer seja candidato. Um verdadeiro líder partidário perante estas declarações assumiria que enganou na escolha e retiraria Fernando Nobre das listas. Essa é uma medida elementar e poupar-nos-ia aos muito maiores constrangimentos que iremos ter durante a campanha eleitoral.

Em estado de choque

 

 

Fernando Nobre anda a ser criticado, vejam lá, por faltar à palavra: disse que não se envolveria com nenhum partido e acabou por aceitar figurar como independente nas listas do PSD. Quem o critica, em grande parte, é gente que acha muito bem haver um primeiro-ministro que agora governa com o FMI quando há poucos dias jurava que não governaria com o FMI. "Continuarei a dar o meu melhor para que Portugal possa escapar a esse cenário. Lutarei para que isso não aconteça", declarou o primeiro-ministro em entrevista à RTP, na noite de 4 de Abril, justificando assim esta intransigência: "Um pedido de ajuda externa significaria que o País perderia reputação e prestígio." Quarenta e oito horas depois, dava o dito por não dito.

Quem critica Nobre, em boa parte, é gente incapaz de contestar o secretário-geral do PS, que levou ao recente congresso do partido uma moção estratégica em que se rejeitava expressamente um auxílio financeiro de emergência a Portugal. "Eu não estou disponível para governar com o FMI", declarou alto e bom som o secretário-geral dos socialistas, a 19 de Março, com aquele ar de convicção estudada com que diz tudo e o seu contrário. Quando a moção foi votada e aprovada, em pleno congresso, estava já ultrapassada pelos acontecimentos: o mesmíssimo secretário-geral que negava a necessidade de intervenção estrangeira nas finanças portuguesas acabara de solicitar a referida ajuda externa. Cambalhotas atrás de cambalhotas, trapalhadas atrás de trapalhadas. Sem um sussurro crítico de muitos daqueles que agora se confessam chocados com as incongruências de Nobre.

Eu, por mim, não me choco com a duplicidade de critério destes incongruentes, que em larga medida cumprem uma antiquíssima tradição do servilismo lusitano: é de bom tom evitar qualquer crítica ao Governo. Choca-me, isso sim, que Portugal esteja à beira da bancarrota - e que, segundo as estimativas do FMI, venha a ser o único país da União Europeia em crise persistente no próximo ano.

De uma coisa tenho a certeza: não foi Fernando Nobre quem conduziu Portugal a este cenário de ruína.

Uma verdadeira candidatura a deputado.

Fernando Nobre ameaça desde já renunciar ao lugar de deputado se não for eleito Presidente do Parlamento. Aí temos um discurso que só pode trazer benefícios eleitorais para o PSD e que demonstra o grande acerto desta escolha eleitoral. O país fica muito mais aberto à cidadania e à sociedade civil e ficamos todos a saber que o desprendimento do candidato pelo cargo de deputado é tão grande que até já promete imediatamente renunciar a ele, ainda antes mesmo de ter sido eleito. Os eleitores devem estar satisfeitos por poderem votar num deputado, que se calhar nem sequer chegará a ocupar o lugar, e que tem o mérito de dizer isso desde o princípio. Fernando Nobre segue a divisa de César Bórgia: "Aut Caesar aut nihil" (ou César ou nada) e desde já proclama: "Ou a Presidência do Parlamento ou nada". Aí está um discurso meritório que só o engrandece e cuja eficácia eleitoral deve ser enorme. Não há por isso razão nenhuma para andarem a levantar sururus em torno desta magnífica candidatura. Afinal de contas, é de uma verdadeira candidatura a deputado que se está a falar. 

Sociedade Civil? - Não: o Nobre é Político

"Fica a pergunta aos meus companheiros/camaradas/colegas de blogue: Não andam todos, desde sempre, a clamar, quiçá vociferar, pela abertura dos partidos à sociedade civil?" pergunta Fernando Moreira de Sá.

 

A minha resposta:

 

O Nobre não é "sociedade civil". O Nobre é "político". O convite de PPC não abre o parlamento à "sociedade civil". Abre sim o PSD a um trotskista-troca-tintas.

Sem rasgo de nobreza.

A insistente defesa do absurdo convite a Fernando Nobre, como fazendo parte de um projecto político coerente, de abertura à sociedade civil e à cidadania, não convence ninguém. O que até agora nos foi revelado é muito pouco edificante e só contribui para descredibilizar ainda mais os políticos. O que foi revelado é que Fernando Nobre, depois de ter dito que não concorreria por nenhum partido, afinal acabou por se deixar disputar por vários partidos, tendo ganho o leilão aquele que lhe ofereceu a melhor proposta: o cargo de Presidente da Assembleia da República. Ora, eu entendo que o cargo de Presidente da Assembleia da República, que é a segunda figura do Estado Português, não pode ser oferecido no quadro da formação de listas partidárias a qualquer independente que aceite integrar essas listas. Neste caso ainda é mais grave porque, como bem disse Morais Sarmento, Nobre não tem o mínimo perfil para esse cargo.

 

A demonstração dessa absoluta falta de perfil está bem patente no comportamento de Nobre após a designação. Como bem se escreve hoje no Editorial do Público, "Nobre, mal se apanhou de novo como candidato, deixou vir ao de cima os seus piores defeitos, começou a traçar programas para um cargo que não admite programa algum e, à falta de bons argumentos para discutir com os seus próprios apoiantes, preferiu calar o Facebook onde eles o criticavam. Resultado: um fim político sem um rasgo de nobreza". O PSD está portanto condenado a apresentar como cabeça de lista do maior círculo eleitoral do país um candidato que já muitos dão como acabado politicamente e em que a maior parte dos eleitores do PSD não se vai rever. Para estratégia eleitoral não está mal.

 

Há, porém, quem esteja satisfeito, e até ache que Nobre será uma mais-valia para estas eleições. Eu penso o contrário e faço desde já uma sugestão. Que se consagre na lei eleitoral a solução que existe noutros países de os eleitores poderem rejeitar certos candidatos que integram as listas ou alterar a ordem pela qual eles aparecem nessas mesmas listas. Pelo menos, os eleitores teriam a capacidade de decidir por si quem é que de facto entendem que deve ser eleito deputado na lista que lhes é apresentada. Isso sim, seria uma verdadeira abertura à cidadania e à sociedade civil e evitaria situações como aquela a que assistimos agora.

 

 

Nobre Povo, Bloggers Valentes:

 

 

 

 

Não apoiei Fernando Nobre nas presidenciais. Aliás, se a memória me não falha, nem falei sobre ele antes e durante a campanha. No final apenas sublinhei a minha surpresa com o seu resultado.

 

Quando soube da sua escolha para liderar a lista do PSD em Lisboa não fiquei muito surpreendido. Como não ficarei quando outros nomes de independentes forem anunciados. Já temo pela reacção de alguns bloggers, incluindo alguns companheiros/camaradas/colegas do Aventar e até do Albergue.

 

No último jantar de Pedro Passos Coelho com bloggers ele foi bem claro em duas coisas: na necessidade, independentemente do PSD ter ou não maioria absoluta sozinho, de alargar o governo a uma coligação com o CDS, o PS e independentes, se todos eles assim o desejarem e de molde a enfrentar com toda a força os desafios do futuro; e o seu desejo de aproveitar a chamada “quota nacional” para incluir nas listas de deputados nomes de não filiados no PSD que, pelo seu currículo, disponibilidade e capacidade fossem uma mais valia para uma Assembleia da República mais próxima da realidade e mais competente.

 

Por isso mesmo, espero que não se espantem quando virem homens e mulheres independentes de diferentes quadrantes ideológicos e das mais diversas profissões (empresários, professores, universitários, sindicalistas, jovens, etc.). Ora, Fernando Nobre, corresponde a essa vontade real de abertura à sociedade civil.

 

Fica a pergunta aos meus companheiros/camaradas/colegas de blogue: Não andam todos, desde sempre, a clamar, quiçá vociferar, pela abertura dos partidos à sociedade civil? Pela mudança neste sistema aparelhista? Não defendem a entrada de elementos não afectos aos partidos nas respectivas listas? Não é Fernando Nobre um homem com um currículo pessoal e profissional acima de qualquer suspeita? Não foi ele o fundador da AMI e isso já não é relevante hoje como era ontem?

 

Ou preferem comparar com Ferro Rodrigues, Francisco Louçã, Paulo Campos e outras personagens do mesmo calibre e que são verdadeiros “sempre em pé” da política nacional? No fundo, no fundo, eu que nem sou de conspirações, sinto que ninguém quer a mudança e todos preferem que nesta novela venezuelana em que se transformou a nossa política partidária, tudo fique como esta. As mesmas políticas e os mesmos políticos…

 

Meus caros companheiros/camaradas/colegas de blogue, eu posso não concordar com a escolha mas respeito o escolhido mesmo que discorde de muito daquilo que ele defende. Apenas compreendo e aceito que a hora é tão séria, tão difícil, que não se pode fulanizar mas antes construir pontes para salvar o país do estado de bancarrota que este Partido Socialista de Sócrates nos legou.

 

Entretanto, preparem-se para mais independentes…

 

 

PS (salvo seja!): Parece que Nobre disse uma coisa ontem e o seu contrário hoje. Ninguém lhe perdoa, nem o facto de as circunstâncias serem tão diferentes. O que dizer, então, deste tesourinho:

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É Possível Racionalizar o Convite a Nobre? Não

O post do Luís Menezes Leitão faz uma análise acertada na totalidade do assunto Nobre e esgota-o. Vou ainda tentar uma racionalização do caso. A conclusão é a mesma: foi um erro convidar Nobre para as listas do PSD e, ainda por cima, prometer-lhe a presidência do parlamento.

 

Pedro Passos Coelho pode desejar ficar na história como o líder partidário que convida para o parlamento os melhores da nossa sociedade independentemente das ideologias destes. Pedro Passos Coelho poderá declarar-se disposto a convidar para o parlamento mesmo um comunista desde que este seja sério e honrado e et cetera. Mas há dois aspectos muito problemáticos no caso Nobre:

1º: o Nobre não é tão importante assim. O Nobre não é nenhum Dalai Lama. O Nobre não é nem incontornável nem consensual. O Nobre, com todo o respeito, não tem grandeza pessoal para merecer que qualquer partido o dispute. E a verdade é que ainda que insista na narrativa dos cidadãos não-políticos contra o sistema e, até, contra os partidos - a verdade é que o Nobre deixou há muito tempo aquela posição de estar além-partidos. Antes pelo contrário: com os apoios que deu e que recebeu, Nobre já se "sujou" muito.

2º: mesmo que Nobre tivesse a tal grandeza e independência pessoais de que falo, não seria correcto que se lhe oferecesse o primeiro lugar daquela que será, eventualmente, a principal lista do partido: a de Lisboa. Uma coisa é oferecer um lugar parlamentar a uma figura de grande prestígio independentemente de esta se encontrar nos antípodas ideológicos do partido que a acolhe. Outra coisa é dar-lhe um destaque eleitoral quase ao nível do recebido pelo candidato a Primeiro Ministro.

 

O convite a Nobre, para além de ser um enorme erro, não é portanto racionalizável.

Sobre o cerco a Fernando Nobre

 

A blogosfera revoltou-se, da esquerda à direita, com a integração de Fernando Nobre nas listas do PSD. Os políticos, que estão sempre a acusar a sociedade civil de se afastar dos partidos, criticaram afincadamente o facto de um independente aceitar aproximar-se de um partido. O PS desmentiu que tenha havido um convite formal a Fernando Nobre para integrar as suas listas, mas nenhum dirigente, até ao momento, negou terem existido contactos.

 

Infelizmente, o nosso país é assim. Ninguém pode ser livre, pelo menos o suficiente para ter a liberdade de apoiar circunstancialmente e em momentos diferentes, candidatos de vários partidos. Para estar na política, no nosso país, precisamos de olhar os movimentos políticos e os partidos como se de clubes de futebol se tratassem, vestindo eternamente uma camisola inquestionável. Felizmente Fernando Nobre é diferente e tem tido a liberdade e abertura de espírito para apoiar quem deseja, em cada momento da sua vida, sem se preocupar com julgamentos públicos.

 

Mas de todos estes julgamentos o que mais gostei foi o do Daniel Oliveira, que temendo que o PSD conquiste votos ao centro-esquerda, decide desancar de alto (adoro esta expressão) no novo "candidato" do PSD à Presidência da Assembleia da República. No entanto, falha muitas vezes à verdade:

 

1) O Daniel Oliveira diz que a campanha presidencial de Fernando Nobre foi "alimentada" por Mário Soares. A verdade é que Mário Soares, e os seus dirigentes socialistas mais próximos, nunca participaram em nenhuma iniciativa da campanha de Fernando Nobre. Ainda de referir que João Soares foi um dos elementos mais activos da campanha de Manuel Alegre.

 

2) Segundo o Daniel Oliveira, "quando Fernando Nobre começar a falar o PSD vai ter de se virar do avesso para limitar os danos". A verdade é que Fernando Nobre conseguiu falar suficientemente bem para atingir uma votação de 14%, congregando à sua volta várias personalidades ímpares da sociedade portuguesa.

 

3) Segundo o cronista do Expresso, "a esmagadora maioria dos eleitores de Nobre nem com um revólver apontado à cabeça votará em Passos Coelho. Porque ele afastará eleitorado que desconfia de gente com tanta ginástica política". Provavelmente será o mesmo eleitorado que vota no Bloco de Esquerda e que desconfia da ginástica política de maoistas, trotskistas, estalinistas e sociais-democratas, que andaram quase trinta anos a agredirem-se mutuamente e que aparecem agora em público como uma feliz e unida família.

 

4) O mais interessante é este tipo de discurso, sobre Nobre, obviamente: "A chave que usam para abrir a porta da sala de estar do sistema é o discurso contra o sistema. Não querem "tachos", dizem eles, certos de que todos os eleitos apenas procuram proveitos próprios". Portanto, isto é dito pelo ex-dirigente de um partido que utiliza este tipo de campanha e este, e também este e mais este...

 

 5) Também gosto muito deste final: "Nobre decidiu-se: escolheu a direita ultraliberal em troca das honras de um lugar no Estado". Ou seja, para a extrema-esquerda, as pessoas não têm direito de apoiarem um candidato a primeiro-ministro, sem que para isso não tenham que levar com uma série de rótulos e chavões herdados do verão quente. 

 

No entanto, o discurso do Daniel Oliveira não é o pior, porque o que tenho visto no Facebook (e que levou ao encerramento da sua conta), feito na maior parte das vezes por militantes e simpatizantes de partidos políticos que não o PSD, é infeliz e em nada honra o nosso país. O cerco que está a ser feito a Fernando Nobre é dos acontecimentos mais tristes a que assisti na democracia portuguesa. Tenho pena e espero que todos aqueles que o têm atacado, ao menos o façam com o mínimo respeito e dignidade que um homem da sua grandeza e com o seu percurso de vida merece.