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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Um mote para a campanha

 

Nesta campanha legislativa que se avizinha vão gastar-se inúmeras palavras inúteis que nenhum eleitor reterá. Esta é a quinta eleição registada em Portugal em menos de dois anos e o discurso político tradicional cada vez mobiliza menos gente. Os dois principais partidos transformaram o sistema num neo-rotativismo quase decalcado do que vigorou no País na segunda metade do século XIX: as alternativas programáticas tornaram-se residuais, agravadas no nosso caso pela escassez de soluções autónomas que nos é imposta pelo facto de pertencermos à União Europeia.

Então em que se pode estabelecer a diferença? Invertendo a receita tradicional: falando pouco, prometendo menos. Nada satura tantos os eleitores como a retórica política, a frase balofa, o adjectivo esbanjado.

Devíamos aprender mais com os exemplos alheios. Em Setembro de 2003, quando anunciou que não seria recandidato à Moncloa após sete anos e meio no poder e designou Mariano Rajoy como sucessor, José María Aznar liderava todas as intenções de voto em Espanha, com uma média de 13 pontos percentuais de avanço. Quando as legislativas ocorreram, a 14 de Março de 2004, o vencedor foi o Partido Socialista Operário Espanhol, de Rodríguez Zapatero. Com cinco pontos de avanço.

O que fizera a diferença? O trágico atentado de 11 de Março e a péssima gestão do governo do Partido Popular nesse dia, procurando lançar a responsabilidade para cima da ETA, em busca de dividendos eleitorais, descartando a pista islâmica, possivelmente relacionada com a participação espanhola na guerra do Iraque. O ex-porta-voz do governo de Felipe González – e actual vice-primeiro-ministro – Alfredo Pérez Rubalcaba disse então uma frase lapidar que encontrou eco nos eleitores: “Os cidadãos espanhóis merecem um governo que não lhes minta, um governo que lhes diga sempre a verdade.”

Tão simples como isto, tão decisivo como isto. Lá e cá. Os portugueses merecem ter um governo que não lhes minta. Nos tempos que correm, não encontro melhor mote para uma campanha do que este.

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