É Possível Racionalizar o Convite a Nobre? Não
O post do Luís Menezes Leitão faz uma análise acertada na totalidade do assunto Nobre e esgota-o. Vou ainda tentar uma racionalização do caso. A conclusão é a mesma: foi um erro convidar Nobre para as listas do PSD e, ainda por cima, prometer-lhe a presidência do parlamento.
Pedro Passos Coelho pode desejar ficar na história como o líder partidário que convida para o parlamento os melhores da nossa sociedade independentemente das ideologias destes. Pedro Passos Coelho poderá declarar-se disposto a convidar para o parlamento mesmo um comunista desde que este seja sério e honrado e et cetera. Mas há dois aspectos muito problemáticos no caso Nobre:
1º: o Nobre não é tão importante assim. O Nobre não é nenhum Dalai Lama. O Nobre não é nem incontornável nem consensual. O Nobre, com todo o respeito, não tem grandeza pessoal para merecer que qualquer partido o dispute. E a verdade é que ainda que insista na narrativa dos cidadãos não-políticos contra o sistema e, até, contra os partidos - a verdade é que o Nobre deixou há muito tempo aquela posição de estar além-partidos. Antes pelo contrário: com os apoios que deu e que recebeu, Nobre já se "sujou" muito.
2º: mesmo que Nobre tivesse a tal grandeza e independência pessoais de que falo, não seria correcto que se lhe oferecesse o primeiro lugar daquela que será, eventualmente, a principal lista do partido: a de Lisboa. Uma coisa é oferecer um lugar parlamentar a uma figura de grande prestígio independentemente de esta se encontrar nos antípodas ideológicos do partido que a acolhe. Outra coisa é dar-lhe um destaque eleitoral quase ao nível do recebido pelo candidato a Primeiro Ministro.
O convite a Nobre, para além de ser um enorme erro, não é portanto racionalizável.