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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Seixas da Costa

 

 

 

 

Quando abraçamos uma causa - seja ela política ou outra - corremos sempre o risco de perder a perspectiva mais geral. A dedicação pode-se transformar em obsessão, a lealdade em clubismo, a convicção em facciosismo. A linha que separa virtudes e defeitos do engagement é muito ténue, e por vezes ultrapassamo-la sem nos darmos conta. Quem não quer abdicar de um compromisso cívico, mas pretende manter uma postura tanto quanto possível racional, razoável e saudável, tem de aprender a defender-se das derivas a que o excesso de zelo no combate político conduz.

 

No meu caso, já de há uns anos a esta parte que encontrei um antídoto para o facciosismo. Esse antídoto chama-se Seixas da Costa. De cada vez que o meu sangue começa a borbulhar de irritação por alguma malfeitoria, mentira, distorção ou golpe baixo vindo das bandas do Partido Socialista - e nos últimos tempos tem sido várias vezes ao dia - penso em Seixas da Costa e volto à serenidade. Porque é impossível não reconhecer em Seixas da Costa o exemplo de uma figura que, sem nunca renunciar ao seu posicionamento político - que não é o meu - tem sabido sempre fazer prova de moderação no trato, de ponderação no julgamento e de rectidão no comportamento.

 

Num momento em que em Portugal, o combate político interno está ao rubro e tem evidentes dimensões externas, a nossa diplomacia está obrigada a demonstrar um sentido particularmente agudo daquilo que são as prioridades nacionais. Deve, evidentemente, prosseguir a política externa definida pelo Governo em funções, mas não se pode permitir ecoar aquilo que são elementos de um debate político interno: pelo contrário, tem que perceber que a sua missão neste contexto consiste acima de tudo em salvaguardar o espaço existente para que o debate democrático possa desenrolar-se com lisura e o maior grau de liberdade possível face às pressões exteriores.

 

É-me particularmente grato ver que também nesta conjuntura particularmente exigente para o seu métier, o meu "antídoto" para o facciosismo não desaponta. No artigo que escreveu para o Les Echos enquanto embaixador de Portugal em França (Programme de stabilité : pourquoi nous, Portugais, avons dit « non ») e que traduziu para português aqui, Seixas da Costa dá o exemplo do que verdadeiramente significa defender Portugal e a democracia portuguesa, e que pouco tem a ver com algumas campanhas recentemente decorridas. Sem dúvida um exemplo a seguir, e não só por diplomatas.

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