A inevitável bancarrota por exigência alemã.
Quando em Maio do ano passado os juros dispararam, tive a certeza que, ou se mudava imediatamente de Governo, ou não havia outro destino senão a bancarrota. Efectivamente, sempre me pareceu que os credores não acreditariam que o mesmo Governo que conduziu o país ao precipício fosse capaz de o tirar de lá. E essa situação comprovou-se pois, como demonstra este gráfico, os juros tiveram algumas baixas pontuais, derivadas das intervenções do Banco Central Europeu, mas continuaram sempre numa subida absolutamente consistente. Pelo caminho, sujeitaram-se os cidadãos às mais dramáticas medidas de que há memória em Portugal, as quais se sabe perfeitamente que para nada servirão, perante um Governo em que os credores não acreditam.
O Governo, no entanto, mais uma vez no objectivo de enganar os portugueses, esperava conseguir obter um auxílio encapotado, sem ter que formalmente declarar a insolvência, contando com a benevolência da chancelerina alemã Angela Merkel. Mas as eleições em Hamburgo já demonstraram qual o sentimento dos eleitores alemães em ajudar os Estados europeus com indisciplina orçamental. E agora surge este manifesto dos economistas alemães a exigir a declaração formal de insolvência desses Estados, manifestando-se contra qualquer forma de auxílio a Estados que não declarem a sua insolvência. Não será por acaso que Sócrates foi imediatamente chamado a Berlim.
Há uma coisa que a Europa há muito tempo sabe sobre os alemães: é que não brincam em serviço e pensam sobretudo nos interesses do seu próprio povo. Como se escreve no edifício do seu Parlamento, é para o povo alemão que este existe. É por isso impensável alguém acreditar que seriam os alemães a sustentar o despesismo português com ajudas encapotadas ou com a proposta dos "eurobonds". O país vai sofrer sozinho as inevitáveis consequências de uma política que há muitos anos está errada, mas que não houve coragem para terminar na altura própria.
Se, como parece a todos evidente, a bancarrota vem aí, uma pergunta desde já se põe. Nesse caso, irá este Governo continuar a ser sustentado pelo PSD por mais tempo? E desculpem-me por estar a falar demais.