São Seis da Tarde: O Problema de Portugal é o Absentismo
São seis da tarde: na varanda a ver a vista (ausente).
Interessante esta frase de Soares dos Santos, o presidente da Jerónimo Martins:
"O problema português não é salarial. Não percebo como discute [o presidente da CIP] durante tanto tempo um aumento do salário mínimo (...) O problema de Portugal é o absentismo. Lembro-me que tínhamos de ter mais 15% de mão-de-obra por causa do absentismo."
No meu tempo, este era o principal problema das escolas públicas: as professoras e os professores faltavam muitíssimo. A regularidade estava no faltar. Algumas e alguns houve que faltaram maior número de vezes do que os alunos mais baldões.
O problema principal de então não eram os conteúdos, se se dava mais escritores de esquerda ou de direita, se se ensinava mais a história dos heróis e das conquistas ou a das opressões humanas, se se insistia mais nas funções ou na geometria. O problema não era a qualidade dos manuais, nem o peso das mochilas, nem o frio dentro da sala-de-aula e a chuva debaixo do telheiro, nem a carga horária nem o número de disciplinas. Também não era o equilíbrio entre memorização e raciocínio ou entre teoria e técnica. Em rigor, o problema (ainda) não era o simplismo e a falta de exigência.
O problema maior e principal e com maiores consequências era mesmo esse: o absentismo. Os professores não vinham. Com excepção da escola primária, em que a minha professora faltou cinco vezes (com pré-aviso!) em quatro anos, e até à universidade, raros foram os dias em que nem um professor sequer faltou.
Não sei como é hoje. Não sei se isso já se resolveu. Espero que sim.