Princípio do fim *
1 - Há momentos que são mais audazes do que os seus protagonistas. Louçã julgou perfazer uma jogada de alcance abreviado - quis obter ganhos políticos numa questiúncula feita de rivalidades entre vizinhos. Mas pode ter entreaberto a porta para o termo do actual ciclo. Talvez o Bloco não tenha medido com exactidão o comprimento do passo que foi encetado: tal como o PRD, em 1987, quando ofereceu a primeira maioria absoluta a Cavaco Silva no momento em que o derrubou. Agora, os dados estão lançados. Com moção ou sem ela, este Governo transborda de sensação a tempos do fim.
2 - A hora é de Passos Coelho, quer este o queira ou não.
Muitos exaltam a “estabilidade” e os “prazos”esquecendo-se que essa foi a base do triste caminho que nos trouxe até aqui. Em política, como em quase tudo na vida, não existe um “timing” ideal: o instinto político é feito do reconhecimento das boas oportunidades quando estas surgem. Essencial é que Passos Coelho conceba que a sua decisão, qualquer que esta venha a ser, não poderá ser tomada porque Belém a disse ou os banqueiros a queriam: caso contrário, o País pode não voltar dar-lhe um novo ensejo, desta vez a ele…
* Ontem, no Diário de Notícias (sem link)