Guerra de Gerações
Não há volta a dar, já não se pode ignorar. O principal conflito em Portugal não é a luta de classes de proletários contra capitalistas, não é o jogo de poder entre fascistas e comunistas, nem sequer é a oposição direita vs. esquerda ou conservadores vs. progressistas. A maior tensão binária no nosso país é isto: guerra geracional. Os mais velhos, instalados e protegidos pelos direitos adquiridos (já é tempo de os chamarmos pelo nome correcto: privilégios de geração) contra os mais novos, precários, com mais formação, mais dinamismo e, até, mais mundo, cujo rol de direitos sociais presente e futuro é diminuto e insatisfatório. Secundariamente, um outro conflito, relacionado com o primeiro: trabalhadores do sector público de um lado contra trabalhadores do sector privado, trabalhadores a recibos verdes e trabalhadores sem trabalho, do outro.
O tempo para conseguir atenuar estas tensões latentes mantendo a paz social está a acabar.