Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

A revolução no Egipto

E chegamos a uma questão verdadeiramente interessante: é possível a democracia no Médio Oriente e Magrebe? O Egipto é o país crucial neste processo, porque é também a referência de todos os países da região.

Um crescimento económico insuficiente para criar os empregos necessários, a ausência de liberdade e o Islão político juntaram-se para criar uma situação explosiva, que ontem se tornou incontrolável. Se o regime autocrático cair e houver eleições livres, a Irmandade Muçulmana deverá tomar o poder. Esta organização é a responsável pela assistência social aos pobres e criou uma poderosa rede com peso político. Os laicos e os cristãos terão uma palavra a dizer, mas num contexto democrático o país será ganho pela irmandade.

 

O Ocidente tem aqui um problema (Israel tem um problema ao quadrado). A Irmandade Muçulmana egípcia é a inspiração de muitos movimentos radicais islâmicos, como por exemplo o Hamas, mas a própria Al-Qaida tem elementos provenientes desta organização. Existe uma ala mais moderada e facções ultra, podemos até imaginar a vitória dos moderados, mas um triunfo islâmico no Egipto terá enormes consequências no país mais importante do Médio Oriente: menos tolerância para com Israel, o apertar dos costumes, mais políticas sociais, liberdade para a imprensa fundamentalista. Os moderados tentariam provavelmente um equilíbrio à maneira turca, com autocensura nos temas mais controversos do Islão político, mas a democracia implicará necessariamente uma radicalização religiosa.

 

Não é fácil ter uma opinião (Nuno Gouveia já lhes chama os islamofascistas) mas penso que a liberdade é um valor mais elevado. Se os islâmicos vencerem, o Ocidente não deve transformar-se num obstáculo e não deve apoiar os autocratas. Por outro lado, os islamitas não vão facilitar na questão da liberdade religiosa.

A resolução deste dilema pode ser um dos factos cruciais do século XXI.    

 

5 comentários

Comentar post