Presidenciais (17)
A RTP - serviço público de televisão e, como tal, sujeita a deveres acrescidos de imparcialidade e isenção - deu ontem voz ao candidato presidencial José Manuel Coelho numa entrevista conduzida por Judite Sousa.
Duas breves notas apenas.
Primeira nota: achei totalmente compreensível a intervenção inicial do candidato, ao queixar-se do facto de a RTP ter "marginalizado" a sua candidatura quando agendou os debates com os restantes candidatos a Belém, deixando José Manuel Coelho de fora: isso mesmo havia eu anotado aqui algumas horas antes. Entendi mal a crispação revelada pela entrevistadora. Que, tendo a experiência que tem, já devia prever aquela intervenção e reagir com fair play, o que não sucedeu.
Segunda nota: aguardo que pelo menos algumas das perguntas e considerações ontem endereçadas por Judite Sousa ao candidato madeirense sejam colocadas a Cavaco Silva, que a mesma jornalista entrevistará na próxima segunda-feira.
Recordo, a título de exemplo, algumas dessas perguntas e considerações:
- É uma brincadeira? É uma coisa séria? Qual é a sua atitude nesta campanha eleitoral?
- Como é que responde àqueles que dizem que a sua candidatura não pode ser levada a sério?
- O senhor andava à procura de um palco?
- Acha que é sério ter feito esta trajectória? Onde está a seriedade?
- Foi incumbido por quem para se dirigir a quem?
- Quem está a pagar a sua campanha?
- Quanto é que o senhor vai gastar? Não vem a nado da Madeira, com certeza...
- A sua actividade política é paga por uma das famílias mais ricas da Madeira. É verdade?
- O senhor diz mal de toda a gente, só não diz mal de si próprio. (...) Ataca o jardinismo, ataca o cavaquismo...
É natural a expectativa. Os espectadores da RTP habituaram-se a apreciar os critérios de equidade adoptados pelo serviço público de televisão.