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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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Presidenciais (1)

 

 

Debate Fernando Nobre-Francisco Lopes

 

Terminou há pouco, na RTP, o primeiro debate televisivo desta campanha presidencial. Entre dois estreantes nestas andanças: Fernando Nobre e Francisco Lopes. O primeiro ganhou vantagem desde a intervenção inicial, surgindo claramente ao ataque: separou águas, incluiu o candidato comunista entre os representantes do "sistema" que diz combater e afirmou-se como o único independente de todos quantos agora correm rumo ao palácio de Belém. Para ele, este não foi um debate menor nem condenado apenas a cumprir tempo de antena.

Francisco Lopes não estava, visivelmente, preparado para lhe dar resposta. Ainda insinuou por duas vezes uma ligação do médico a Mário Soares e acusou Nobre de ter apoiado o Orçamento do Estado para 2011, considerando-o o "orçamento possível". O adversário chamou-lhe mentiroso: o verniz estalava logo nos primeiros minutos do frente-a-frente, para surpresa da própria moderadora, Judite Sousa.

Nobre esgrimiu a independência como virtude pessoal e a sua experiência internacional enquanto médico como principal carta de recomendação perante os eleitores, referindo-se depreciativamente à "retórica" do comunista. "Eu sou frontal e directo. Não tenho medo. Não é qualquer um que esteve em Beirute em 1982. O senhor esteve?", questionou. Lopes aludiu à "falta de coerência e de clareza" do candidato rival. Mas, claramente, não estava ginasticado para um confronto deste género: o seu adversário é o Governo, o seu cavalo de batalha é a "política de direita". Ora Nobre não integra o Governo e nesta altura do campeonato ninguém faz a menor ideia se é de esquerda ou de direita. Talvez nem ele próprio. Paradoxalmente, isto pode constituir um trunfo eleitoral. Como, de resto, se verá.

 

Vencedor: Fernando Nobre

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Frases do debate:

 

Lopes - Sou o único candidato presidencial que teve uma posição contrária quanto à aprovação do Orçamento do Estado.

Nobre - Está a dizer uma inverdade, para não dizer uma mentira. (...) Um Presidente da República deve ser independente, livre, suprapartidário. Eu não sou candidato porque um comité central de um partido decidiu.

Lopes - A minha candidatura é uma candidatura de verdade. Não recorre à mentira. Desde os 17 anos luto pela liberdade e pela democracia.

Nobre - Eu faço política internacional há 30 anos e nos cenários mais dramáticos. O senhor já viu a pobreza extrema? Já viu corpos esmagados à sua frente? Já viu uma criança com fome a correr atrás de uma galinha que levava um bocadito de pão na boca? Fala de coisas que desconhece. É pura retórica. O senhor, que fala tanto em desemprego, já criou algum emprego?

Lopes - Eu sou originário de um concelho do interior, testemunhei a pobreza no nosso país. Enfrentei os maiores obstáculos, a que Fernando Nobre nunca se sujeitou.

Nobre - Eu sou livre, não dependo de ninguém. Não tenho experiência partidária - e ainda bem que não tenho.

Lopes - A minha candidatura é a única que não tem compromisso com as políticas actuais.

Nobre - O senhor é funcionário de um partido político há 30 anos. O senhor pertence a um sistema político perverso, caduco, ultrapassado, retórico.

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A 'gaffe':

 

"Em mais de 30 décadas já dignifiquei o meu país em todo o mundo."

Fernando Nobre

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