Da banalidade
Fernanda Câncio escreve esta banalidade sobre o caso Wikileaks, como se ele tivesse alguma coisa a ver com liberdade de informação. Sigam o link e leiam o artigo. Não passa de tiro ao lado. (Aliás, talvez a autora possa explicar qual é a diferença entre Wikileaks e publicação de escutas ilegais?)
Do ponto de vista dos jornais que têm acesso privilegiado à informação, o caso Wikileaks tem a ver com circulação e vendas. Ponto final parágrafo. A publicação dos segredos seria feita por outros jornais, se estes tivessem recusado. Portanto, o assunto é irrelevante.
De resto, isto mostra a política no seu esplendor. Não sabemos nada sobre a fonte de informação nem sobre os financiamentos da Wikileaks. Sobre Julian Assange ou sobre quem o ajuda.
A diplomacia americana sofreu os efeitos de um devastador Katrina. Nunca mais será a mesma e levará anos para se reerguer. Estão afectadas as relações com dezenas de países, queimadas fontes de informação e até prejudicados aliados e amigos. Os interesses americanos foram profundamente afectados. Jose Luis Zapatero e Silvio Berlusconi saem humilhados, Hamid Karzai ou Vladimir Putin são arrasados. Isto, em apenas uma semana, pois faltam 249 mil documentos.
A internet vai perder brevemente as liberdades de que ainda dispõe.
Não vi ninguém tentar analisar o caso do ponto de vista da política interna americana. Isto parece ser o fim da carreira política de Hillary Clinton e não me admirava se Barack Obama tivesse um resto de primeiro e único mandato marcado por esta extraordinária fuga de informação e pelos efeitos na sua diplomacia.