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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Jeep: The Things We Make, Make Us

Ora façam o favor de confessar: todos temos uma panca, não é verdade?

 

Eu não nego ter várias. Uma delas chama-se Jeep. Podia ser pior, não? Como a explicar? Não sei. Quem compra um 4x4 procura algo diferente e que o leve por maus caminhos. Repito, um 4x4, daqueles verdadeiros, não uma daquelas chafaricas altas a que chamam SUV e que nem é um 4x4 nem uma carrinha. No fundo são um clio com uma suspensão mais alta.

 

Uns preferem Toyota e a sua fiabilidade mas feios como tudo. Outros preferem um Pajero mas o nome é medonho. As senhoras mais dadas a estas aventuras sempre gostaram de um Vitara ou, no tempo presente, um Discovery, uma maravilha para subir passeios, ir às compras e fazer as delícias dos mecânicos. Os (as) mais, a bem dizer, “abonados” sempre preferiram algo como um Range Rover ou um VW Touareg, quiçá um Porsche Cayenne. Puff

 

Ora, macho e "macha" que se digne escolheu sempre entre o vetusto Defender e o verdadeiro Jeep Wrangler. Os puros e duros. Não me venham com a tanga do Patrol, coisa mais horrenda…

 

A Jeep é a mãe e o pai desta criançada toda. Para o macho e a macha: o Wrangler. Para o intelectual de esquerda: o Cherokee. Para a malta de direita e os liberais de várias frentes, sem esquecer as senhoras: o Grand Cherokee. Foram estes três exemplares que todas as outras marcas, Range e Land Rover incluída, vieram beber no desenvolvimento dos seus produtos 4x4. Eu sei que dói, meus caros adeptos das restantes marcas, mas a verdade custa sempre a reconhecer.

 

Vou confessar este meu pecado: em diferentes momentos da minha vida e do famigerado imposto automóvel já tive em mãos um destes meninos. No início da minha vida matrimonial tive um Cherokee (a minha mulher, mesmo não assumindo, sempre foi uma infiltrada de esquerda em casa).

 

Mais tarde, nos loucos anos do Eng. Guterres em que todos, ou quase, acreditamos que isto era sempre a subir e a enriquecer, perdemos a cabeça e fomos trocar o já gasto Cherokee, cujas areias do Sahara a ele se colaram para todo o sempre, pelo Grand Cherokee. Uma coisa de outro mundo aliando o conforto com uma destreza formidável nos maus caminhos, um senhor! Durou uma década sem qualquer avaria, sem qualquer queixume perante a violência do trato que lhe era dado: recordo a forma como invadiu uns gelados Picos da Europa de forma imperial (bela palavra para o cagaço que apanhamos) e a elegância com que enfrentou as feras no parque de estacionamento público junto ao Casino Mónaco (nunca vi tanto Ferrari na vida) ou a alcunha (The Black Beast) quando atacava as picadas infernais de Vilar de Luz.

 

Depois, depois chegou o Eng. Sócrates e caímos todos na real. Toca a vender o menino e adquirir um Wrangler comercial de dois lugares. A vida não está para brincadeiras. Ora, ter um Wrangler é atingir o pico de macho(a). Imaginem a cara dos restantes condutores quando este menino se aproxima das respectivas traseiras com aquele ar assustador, assim a modos que vai mesmo passar por cima. Mesmo que depois, bem vistas as coisas, deparam com um “tonho” ao volante todo engravatadinho ou uma madame de fatiota janota. Enfim, durante a semana é assim mas ao fim-de-semana desperta o lado diabólico dos seus (suas) proprietários(as) de chapéu, colete pejado de bolsos e botas preparadas para os mais infernais banhos de lama! Uma espécie de Dr. Jekyll and Mr Hyde. Recordo com supremo gozo dois ganapos amigos muito machos, daqueles que nas famosas noites dos clérigos passeiam de copo  de Vdk na mão enquanto atiram uns piropos às donzelas, que uma vez começaram a gozar com o meu Wrangler, chamando-o de “carro dos bombeiros” e outros epítetos cuja boa educação não recomenda a sua transcrição. Foi em pleno Aeródromo de Vilar de Luz, a Meca dos maus caminhos na AMP. Desafiados a experimentar a destreza do tal “carro dos bombeiros” e depois de sentados e com o cinto bem apertado, era vê-los, uns meninos, a gritar “piedade” na subida da morte ou na descida do francês. Sabe Deus como aquelas bexigas aguentaram. Uns meninos! Um deles até rezou…

 

Bem, como sou um optimista, acredito que não tarda nada e isto melhora. O José não dura sempre, a crise também não e eu já estou doidinho por pôr as mãos num menino destes:

 

 

Como diz a Jeep: The Things We Make, Make Us. E façam o favor de ser felizes!

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