A política de verdade e os seus limites.
Floresceram pela blogosfera mil posts em memória da clarividência da anterior líder do PSD. Honra lhe seja feita: Manuela Ferreira Leite estava contra o avanço do TGV no imediato não porque fosse uma "maluquinha contra os comboios", mas porque "não há dinheiro para nada", uma verdade hora a hora mais evidente. E o despacho conjunto do Ministro das Finanças e do Ministro das Obras Públicas veio reconhecer isso mesmo, n'en déplaise à certains. Mas esta homenagem que o erro tardiamente prestou à razão revelou também os limites da "política de verdade". Ou será natural que neste momento, entre SCUTS e TGV, uns 80% daquilo que chegou aos portugueses da plataforma eleitoral do PSD em 2009 já estejam concretizados? Quem se apresenta ao eleitorado como executor de inevitabilidades não dá aos eleitores grandes razões para votar em si, posto que como nestes últimos meses ficou provado, o inevitável acaba sempre por acontecer. Importante é aprender com o erro: da próxima vez que houver eleições o PSD deve apresentar-se com um programa que vá além de fazer o inevitável, e desenhe um caminho possível para um futuro que dê a Portugal mais opções do que as que temos hoje.