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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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O tirano da esquerda

Li este texto de Daniel Oliveira, em Arrastão, e sinceramente não encontrei nenhum problema nos conceitos utilizados pelo autor. Leio as objecções de Alexandre Homem Cristo, em Cachimbo de Magritte, e tenho a maior dificuldade em compreender. Classificar Hugo Chávez de "tirano" é um erro de interpretação. O homem tem muitos defeitos e está a afundar a Venezuela, mas não é um ditador que tome decisões arbitrárias e sanguinárias. E o seu regime não é comunista, embora também não seja um bom exemplo da melhor democracia. O mesmo se pode dizer de Evo Morales, que está a afundar a Bolívia.

A comunidade internacional usa e abusa de valorizações que traduzem, de facto, o direito do mais forte. Para os interesses do ocidente (leia-se EUA, Europa), Chávez é nocivo. Para as classes médias do seu país, o presidente é um pesadelo. Mas para a população venezuelana mais pobre, isso não é assim. Os pobres, geralmente, não têm muito a perder.

Quando analisam o regime chavista, muitos observadores usam a analogia cubana, que é claramente imprópria. Acho que deviam fazer a comparação com Juan Perón, que afundou a Argentina nos anos 40 e 50. A megalomania de Perón teve um método que lembra o de Chávez: o poder assentou primeiro no controlo das forças armadas, depois no controlo da economia e, finalmente, no controlo da comunicação. A intenção era a mesma: criar uma potência regional.

Esta agenda populista usou a ferramenta de organizações laborais de tipo sindical e aqui existe alguma diferença entre os dois casos, porque um dos países era mais industrializado mesmo à escala da época. A Argentina, apesar de tudo, tem uma economia diversidficada, enquanto a Venezuela depende do petróleo (no fundo, a grande arma de Hugo Chávez).

Um último comentário à questão levantada por Alexandre Homem Cristo sobre democracia liberal. Há muitos regimes democráticos e vários modelos sociais, incluindo social-democratas, socialistas, conservadores. A democracia turca, por exemplo, dominada por um partido conservador islâmico, está longe de ser "liberal" e, no entanto, é uma democracia.

Portanto, a explicação é redutora.

  

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