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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

A velha escola da retórica leninista

 

José Manuel Fernandes (JMF), no seu afã de imitar velhos ídolos, escreve um post verdadeiramente revelador de um homem regressado às origens do leninismo e da retórica da confusão. Numa obra certamente construída fora do universo cartesiano onde me movo, não só tenta demonstrar (ou melhor, ensaia) uma total ignorância sobre matéria de facto (remetendo o que só pode desconhecer para o que lhe interessa da legislação em apreciação) como, numa prosa aparentemente tão desconexa quanto atabalhoada, mistura notórios erros de compreensão do concreto com o seu incontido ódio à actual direcção do PSD e a sua obsessão, aliás recorrente, em mostrar uma "erudição tecnológica" que, infelizmente para ele, não tem nem vai a tempo de ter. Eu também não a tenho, mas porque acredito na especialização do saber há muito que adoptei o cuidado elementar de me informar com quem sabe.

 

Podia e devia, no plano formal, ignorá-lo, mas como tenho observado o seu recente percurso de ódios e o modo de actuação dos novos conservadores treinados nas retórica e praxis do leninsmo, para quem a suspeita do desprezo só acicata a bilis ou a propaganda do erro, vou, para protecção e memória futura, explicar o seguinte:

 

1) os identificadores disponíveis não permitem geo-referenciação do modo como JMF pensa que possam permitir. É óbvio mas não entendeu nem quer entender. Prefere substituir a realidade pelos desejos incumpridos de Campos, o governante.

 

2) o que está em cima da mesa nas discussões entre líderes de bancada -- que o grupo parlamentar do PSD poderá vir a aceitar ou não -- está muito longe da legislação que, seguindo a prática de velho leninista (é mais um sintoma de trotskismo...), insinua que eu defendo, o que é absoluta mentira. A táctica de por na boca dos outros o que se gostaria que eles tivessem dito, pode ser eficaz, mas é um método injusto e, sobretudo, muito pouco sério.  Num acesso de benevolência poderei aceitar que JMF se confunde e pensa que a minha tentativa de desmistificação do sudo-chip é um apoio à legislação do Governo...

 

3) É falso que o facto de os chamados chips serem simples identificadores de matricula não os impeça "de registarem todos os passos que dê uma veículo automóvel desde que este circule nas vias onde existem dispositivos de detecção". É mentira. Qualquer engenheiro de qualquer operadora que use o sistema via verde (ou outro tecnologicamente equivalente) lhe explicará que não é assim. Sabe quando passa pelos pórticos, só isso. A diferença entre este facto e o que pensa ou diz que pensa não é irrelevante.

 

4) A informação sobre a sua vida que o uso de telemóvel  pode proporcionar a terceiros é infinitamente maior e mais precisa. O seu antigo empregador tem gente que lhe pode explicar este facto como todo o detalhe, as vezes que precise. Agora, tem razão se pensa que ao não usar telemóvel não pode ser referenciado. Mas também não precisa de andar de automóvel ou de passar por AEs portajadas. 

 

5) Tem razão quando diz que o sistema ideal não admite excepções. Certissimo, como princípio geral. Mas só isso.  Eu próprio escrevi que há que evitar o desvirtuamento dos princípios pelas excepções. Agora confio que uma boa liderança política saiba com eficácia e adequado resultado aplicar judiciosamente a velha máxima de que a política é a arte do possível (um "bom" possível, não um "qualquer" possível).

 

6) Não tem qualquer razão quando diz que "não percebo por isso como é possível Nogueira Leite dizer que defende que o chip não deve ser obrigatório e, depois, remeter para uma legislação que o torna obrigatório." Está a perder as suas capacidades interpretativas ou então o leninismo voltou a toldar-lhe a razão. A remissão à portaria que duvido conheça não permite de modo algum essa conclusão.

 

Irrita JMF que Pedro Passos Coelho seja muito melhor do que aquilo que ele e os seus amigos queriam que fosse. Ainda bem. Acresce que Pedro Passos Coelho objectivamente não precisa de mim nem da minha ajuda. Talvez já tenha precisado mas hoje já não precisa. E, quanto mais o tempo passar, mais óbvio será que o seu problema não será o de ter um Dupont ou dois mas sim um verdadeiro embarassment of riches. Sempre foi com os vencedores. Sempre será.... JMF sabe isso, daí a insistência no meu suposto papel de "bombeiro do Passismo" (o tal Dupont, ou será Dupond?), quando sabe que tal é falso. Acresce que as negociações estão muitissimo bem entregues a Jorge Costa e a Miguel Macedo.  Não vai escrever um post a identificar o seu Capitain Haddock, espero.

 

O ódio e o acinte que José Manuel Fernandes revela na sua escrita, transformando adversários (?) em inimigos, torcendo a lógica e manipulando frases e conjecturas, menorizam-no e transformam-no em apenas "só mais um blogger", que acerta as contas que tem com a vida no teclado que lhe auto-sustenta o ânimo. Tenho pena, porque não havia necessidade.

 

PS: antecipam-se agora as habituais mordidelas dos mabecos do costume.