Portagens nas SCUTs:
Claro que volto à carga com a questão das portagens nas SCUTs e faço-o com mais força depois de ter visto na RTP o programa “Directo ao Assunto” onde o Carlos Abreu Amorim teve uma posição corajosa e o Emídio Rangel demonstrou, claramente, um dos graves problemas de um certo jornalismo em Portugal: total desconhecimento da realidade nacional.
A colocação de portagens nas SCUTs, ao contrário do que nos pretendem vender, em nada se relacionam com a actual crise. Nada. E sabem porquê? Simples, os pórticos foram colocados na A28 e na A41/42 no ano passado e o famigerado Mário Lino já em 2008 afirmava ser irreversível a sua cobrança nestas vias do Grande Porto.
Mas, então, qual a verdadeira questão para a revolta das gentes do Norte? Igualmente simples: andarem a fazer de todos nós parvos. Vejamos, quais as SCUTS que vão ter portagens? A A28 (Matosinhos – Caminha) e a A41/42 que ligam Matosinhos ao interior (Paços de Ferreira, Lousada, Felgueiras, Paredes, etc). A Via do Infante, no Algarve, a A25 no centro (Aveiro-Vilar Formoso) ou a A23, A24, etc., nada! Ou seja, a solidariedade nacional resume-se aos do costume…
O Carlos Abreu Amorim utilizou palavras fortes para definir o Sec. Estado? Usou, sim senhor, mas mesmo assim até foi meigo. Além disso, explicou algo que nós, no Norte, já sabemos mas alguns fazem de conta que não sabem: para certos senhores do Terreiro do Paço e arredores, o Norte é algo entre o mito e a estranheza geográfica que começa em Vila Franca de Xira e termina algures para as bandas de Helsínquia. Só assim se explica que, por exemplo, o Emídio Rangel tenha proferido o mais inacreditável disparate: existem alternativas a estas SCUTs! Se o Rangel levantasse o traseiro da sua cadeira e rumasse, por exemplo, à Maia, eu teria todo o gosto em lhe mostrar a inexistência de alternativas e assim evitava dizer disparates.
Provavelmente, no Governo, julgam que por terem isentado de portagens a A28 nos troços de concelhos cujas câmaras municipais são socialistas (Matosinhos, Vila do Conde e Viana do Castelo) que conseguem evitar males maiores em termos de revolta popular. Devem pensar que somos tontos e tomam-nos por parvos.
Foi lembrado, no programa em causa, a tentativa falhada de colocar portagens na Ponte da Arrábida por parte do governo de Salazar. Eu aproveito para pedir ao Carlos que relembre a história aqui no Albergue, esclarecendo os leitores e avivando a memória das gentes do Norte.
Ao recordar essa história, o Carlos não foi inocente, entendo que pretendeu dar um sinal. Assim o entendi e daqui lanço a pergunta: será que vamos assistir a esta afronta de braços cruzados? Alguém acredita que é com “marchas lentas” que vamos fazer ouvir e sentir a nossa revolta? Não, meus caros, para sacanices destas devemos responder com força, com a necessária desobediência civil e se tiver de ser, com todos os meios ao nosso alcance para não permitir.