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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Os sapatos e o caminho

Gosto muito mas muito mesmo da Maria Inês. Gosto pouco ou nada deste post/mail/coisa recorrente escrita abaixo e que equivale a dizer - substantivamente - que houve um dia em que José Sócrates entrou numa loja cara e comprou um par de sapatos ou algo assim "caríssimo" e, a partir daí, levou com o nome no vidro para o resto da vida como se fosse um cliente habitual que as empregadas boazonas tratam pelo nome próprio. Nope.

É como dizer que por eu, certa noite, entrar no Bica do Sapato e pagar uma batelada ao jantar, tenho que gramar anos a fio com a reputação de ser um tipo que ganha para lá ir todos os dias. A coisa irrita-me mas no sentido aristocrático, que é aquele de quem foi levado a acreditar desde pequenino que, no que toca à roupa e alguns (apenas alguns) acessórios, o barato sai caro.

Vou à Sapataria do Chiado e sei que compro um par de sapatos que me duram anos. Vou ao meu alfaiate e o fato idem. Fosse aos saldos de marcas que não vou nomear para não prejudicar a sua reputação - mas que na verdade se estão nas tintas para a mesma porque facturam não apesar mas porque há crise - e (imagine-se) cada peça dura o que dura e é sempre muito pouco.

Dito isto, o que verdadeiramente não gosto é de histórias antigas que dão voltas e mais voltas nas caixas de correio electrónico como se fossem novas quando não são. É manipulação digital, ilusionismo nesse território onde a memória tem duração idêntica à de um peixinho vermelho. Sócrates não foi este ano ao Rodeo Drive, nem no ano anterior, nem no ano antes desse.

Ele gosta de vestir roupa decente e sapatos e meias de qualidade? Olhem! Também eu. Fê-lo, na loja em questão, em altura de crise e quando andávamos todos a penar? Sei que não.

Falemos de coisas sérias (e, querida Maria Inês, sendo o alvo deste texto não o és de todo). Não é de sapatos que devemos falar. É do caminho que eles percorrem. E aí sim, podemos e devemos discutir.

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