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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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Os limites constitucionais do disparate

Não tenho a sagacidade política de Carlos do Carmo Carapinha demonstrada neste brilhante texto, e não se julgue que estou a responder a este notável desafio de Rui a., que contém a mesma tese. Dizem os autores: o líder da oposição (felizmente a prazo) Pedro Passos Coelho encontrou-se com o primeiro-ministro e, portanto, estamos perante um bloco central. Vergonha!

Li os dois posts a pensar com os meus botões: "Feliz Pátria a minha, que produz estrategas do calibre de Rui a. e de Carlos do Carmo Carapinha". O primeiro recorre ao refinamento de nos avisar que a crise não serve de justificação para o encontro dos dois políticos, pois é uma crisezinha sem importância. O importante, aqui, é esta momentosa questão do bloco central, isso é que preocupa os portugueses. Euro? Dívida soberana da república? Trivialidades.

 

Deixemo-nos de ironias. O encontro do primeiro-ministro com o líder da oposição visou tentar acalmar os mercados internacionais, os quais têm dúvidas sobre a capacidade dos portugueses de pagarem as suas dívidas. A ideia era a de tentar ganhar tempo, mostrar certa unidade, prometer consenso em novas medidas, transmitir a eventuais especuladores que estejam a manipular o mercado a noção de que podem perder dinheiro. São hipóteses de explicação.

Mas há uma parte da direita que não compreende coisas básicas. Que as lógicas partidárias de curto prazo não se aplicam a casos como este, que o país enfrenta dificuldades que não viveu nos últimos 27 anos (eu tenho memória). Que o custo do fracasso será em empregos perdidos e empobrecimento rápido. A direita ainda não percebeu que já estamos num novo ciclo político, mas num ambiente de dificuldades extremas e de crise social. A direita precisa de perceber que este é também um problema da zona euro e que no horizonte existe o perigo de sermos forçados a sair da moeda única (mas nisso, vocês deitavam foguetes).

O estado de negação não está só nos socialistas, mas em forças políticas radicais que prosperam na pequenina crítica, a levantar questões sem relevância, só para abaterem um líder da oposição que temem no lugar de primeiro-ministro, pois com o PSD forte, a direita desaparece. É disso que se trata. Para estes comentadores, Pedro Passos Coelho é uma ameaça e um alvo a abater a todo o custo, mesmo que não haja um rasto de argumento. E, se nos afundarmos, estes radicais vão falar em fim de regime.

 

Podia dizer-se que Rui a. e Carlos do Carmo Carapinha tentaram ultrapassar os limites constitucionais do direito ao disparate, mas talvez não seja essa a explicação dos seus posts: há comentadores que no fundo sonham com o fim desta democracia.

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