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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

One in a million

Ultrapassámos hoje uma fasquia importante: mais de um milhão de visitas no Albergue Espanhol. Não é para todos e não aconteceu por acaso. O AE foi, logo desde o seu lançamento, um blogue decisivo, interveniente, politicamente muito incorrecto, intenso e polémico. Foi também um blogue de gente decente e justa. Isso notou-se em todas as polémicas em que nos envolvemos. Não virámos nunca a cara à luta, mas entrámos nas guerras blogosféricas que valiam a pena ser travadas, sempre com elevação. Outra coisa não seria de esperar de todos os bloggers que aqui escreveram até hoje ou que passaram pelo AE, mesmo que episodicamente.

 

Na impossibilidade de muitos dos fundadores do AE continuarem a escrever aqui com regularidade, tomámos a decisão de fechar as portas. É o que faz mais sentido neste momento. Não vamos desaparecer do mapa, pois muitos transitam directamente para um projecto que ainda vai dar muito que falar, só que outros entendem que este é um tempo que pede outro tipo de intervenção. Foi muito bom tê-los a todos como nossos leitores, mais ou menos regulares. Sabemos que não vieram aqui à espera de ler textos recheados de lugares-comuns ou ensaios de pura idiotice disfarçada de humor fácil. Quem passou por aqui como leitor, tenha gostado ou não, tenha concordado ou não, saiu certamente com a ideia de que aqui dissémos sempre o que pensávamos e não nos escondemos debaixo de capas. Valeu a pena.

Caros(as) Sportinguistas:

…se querem ver bom futebol, do bom mesmo, o melhor é dia 4 de Setembro (próximo Domingo) rumarem até à Biblioteca Almeida Garret (Porto, Palácio de Cristal) e assistirem, a partir das 14h, ao arranque do Foot Film Fest no âmbito do Douro Film Harvest 2011.

 

É grátis e serve para carpir mágoas para a falta de “paciência” com certos Domingos, eheheheh.

Em roda livre.

A notícia de hoje sobre a espionagem a um jornalista do Público confirma o que há muito penso sobre os serviços de informação: que funcionam completamente em roda livre, sem uma fiscalização minimamente eficaz, a qual é absolutamente imprescindível num Estado de Direito. A infeliz resposta do Governo sobre este assunto só vai agravar a insegurança dos cidadãos nesta matéria. Depois de os lesados terem pedido a intervenção do Ministério Público, e de a Comissão Nacional de Protecção de Dados ter aberto um inquérito à divulgação de dados de telemóvel, o Governo limita-se a anunciar um novo inquérito interno dos serviços, ao mesmo tempo que se recusa a enviar ao Parlamento os resultados do anterior, alegando segredo de Estado. Parece assim que só o Parlamento é que vai ficar à margem da investigação que os outros órgãos do Estado vão fazer aos serviços. Mas então há uma questão que se impõe: não é o Parlamento o responsável pela nomeação dos órgãos de fiscalização desses serviços? Estão os responsáveis parlamentares satisfeitos com o trabalho desses órgãos de fiscalização? Ou será que essa matéria também é segredo de Estado?

Polémica com Blasfémias

O autor de Blasfémias Rui a. acha triste a minha mentalidade, parcialmente responsável pela pobreza do País.

Na blogosfera portuguesa corre uma tese que atribui aos empresários nacionais qualidades acima do vulgar. São geralmente os mesmos autores que lamentam a forma como a economia portuguesa se tornou dependente do Estado. O blogue Blasfémias está na vanguarda de uma corrente de opinião liberal que atribui grande parte dos problemas portugueses ao excesso de intervenção estatal. No entanto, de vez em quando, escreve-se no mesmo blogue que os empresários portugueses são uma maravilha.

 

Se Rui a. quer ser coerente, terá de admitir que os empresários nacionais têm beneficiado de elevados padrões de subsídio-dependência. Por exemplo, dependência dos subsídios europeus. Estará o autor disposto a reduzir de forma drástica as ajudas de Estado de que as empresas têm beneficiado?

Os empresários portugueses não beneficaram apenas de subsídios pagos com dinheiro do contribuinte. Tiveram acesso a poder político, o que se traduziu em contratos de Estado, negócios com empresas do Estado, etc. Quando numa economia, o Estado controla metade, é óbvio que apenas as muito pequenas empresas podem viver sem ele. Tudo isto gera lucros e enriquece os proprietários.

Por outro lado, nos sacrifícios, os empresários já parecem ser dispensáveis. O raciocínio é o seguinte: não sei o que é um rico, não disponho aqui de uma definição exacta, logo, dispenso-o de uma taxa adicional sobre os seus rendimentos. Depois, são enumerados vários argumentos técnicos muito sensatos.

Como afirmei no post anterior, isto é uma injustiça política. A teoria é bonita, mas pouco prática. Não é possível continuar a pedir mais sacrifícios aos portugueses, sem os pedir a todos os portugueses, nomeadamente aos que podem pagar. E também é evidente que os ricos têm de pagar mais do que os pobres, pois muitos destes já estão no limiar da fome.

Querem a TSU mais baixa? Então participem.

Querem subsídios? Então, participem no esforço. Por exemplo, não compreendo como pode haver subsídios europeus e nacionais para grupos que abusam dos off-shore. Mas essa é outra conversa.

 

O buraco nas contas públicas terá de ser pago, e não é com receitas extraordinárias. O ajustamento do próximo ano será bem mais difícil do que estava previsto no memorando da troika, pois os 1,8 mil milhões de euros de défice adicional passam para o ano seguinte e só serão cobertos este ano por receitas extraordinárias que penalizam fortemente a classe média. Chama-se a isto empurrar com a barriga, cortesia do anterior governo socialista (socialistas que agora sacodem olimpicamente a água do capote).

O que me espanta é o facto de parte da direita também não ter percebido a dimensão do problema e continuar a defender teses como a de Rui a. Taxar os ricos só vai dar 100 milhões? Dá 200? Pois, faça-se na mesma, e por razões de equidade ou simbólicas ou o que queiram. Desta vez, não serão apenas os do costume a pagar, aqueles que não podem fintar o fisco e que têm mostrado grande bom senso em aceitar os sacrifícios que nos são impostos pela ajuda externa.

Bom senso que os ricos parecem achar dispensável, quando lhes toca a vez.

A polémica dos impostos para os ricos

Não se trata de querer acabar com eles, como se escreve aqui. Há certamente argumentos técnicos impecáveis para zurzir na ideia de taxar os ricos. Mas esta é uma questão política. Se eu faço sacrifícios, se a classe média está a fazer sacrifícios, se os mais pobres estão a fazer sacrifícios, não posso compreender a razão dos milionários ficarem fora do aperto de cinto. Ah, claro, faltava esta: não se sabe o que é um rico. Depois de passar a vontade de rir, julgo ser adequado dizer que um rico é uma pessoa com dinheiro e que tem mil maneiras legais de fugir ao pagamento de impostos, não dando o mesmo contributo que um pobre para os sacrifícios que temos de fazer.

Já estou a ouvir o argumento seguinte: pois é, se agora foge, no futuro ainda vai fugir mais. Mas isto não é uma questão técnica, é política. Cabe-nos condenar o raciocínio da boleia social. Não podemos respeitar empresários cujo único talento é o de saberem esmifrar o trabalho e depois evadirem o pagamento da sua parte justa. Não admira, pois, que Portugal seja um país desigual e, portanto, mais pobre do que podia ser.

 

Nos últimos anos, o cidadão comum perdeu entre 10% e 20% do seu rendimento real, tendo em conta inflação, estagnação de salários, desemprego de uma parte, os aumentos de impostos. Mas as festas dos ricos continuam esplendorosas e ostentatórias. Se eu empobreci 10% desde o início desta crise, ou talvez mais, não percebo a razão para os milionários não poderem fazer um ajustamento na mesma proporção (não estou a falar das perdas virtuais em bolsa). E sou favorável a uma taxa Tobin que ajude a financiar ou aumente o orçamento da União Europeia.

Arranje-se maneira de aplicar um imposto que abranja património, acções, carros e vivendas. Salários milionários ou lucros pessoais em bolsa. Os milionários alemães e suecos pagam impostos em taxas elevadas e estes países são bastante igualitários, com elevada qualidade de vida para todos.

Portugal é um dos países europeus com maiores diferenças de rendimento e os argumentos da blogosfera do centro-direita ou da liberal mais dogmática não são compreensíveis. Que eles vão fugir com o dinheiro para as ilhas Caimão (mas levam o palacete e o Rolls?), que ficam sem incentivo para criar novas maneiras de fazer dinheiro, que isto é tudo populismo do tempo da dona carlota joaquina. Tadinhos dos milionários, tão sacrificados! Aumento de impostos, que escândalo!

Os exemplos citados podem ser comoventes, mas não convencem nenhum dos suspeitos do costume, aqueles que pagam a factura desta crise, os que pagaram as crises anteriores, os que pagarão as do futuro, sempre os mesmos.

Aos autores que ainda não compreenderam a natureza desta discussão, faço o seguinte apelo: saiam das torres de marfim, por favor.

a caça ao assessor

Nos últimos dias tem sido demasiado notória a estratégia de certa blogosfera dita de esquerda (alguém lhes chamou, e bem, viúvas de sócrates) em tentar condicionar pessoas que aceitaram o desafio de apoiar politica e tecnicamente membros do governo. E, também, em tentar condicionar os governantes.

A cada nomeação que é conhecida logo passam a tentar enlamear o nome das pessoas.

Nos últimos dias, quais cães agarrados a um osso, decidiram atacar a honorabilidade do António Figueira. Já antes o tinham feito a outras pessoas.

Ofendem sem pejo e fazem de caixa de repercussão do que é lançado por um blog onde alguns se escondem na capa do anonimato.

Os últimos dias não têm sido de baixo nível, têm sido de demonstrações do recalcamento e maus fígados que norteiam algumas cabecinhas. Têm sido um nojo.

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