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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Nas Orelhas #7:

Se Janeiro prometia o que dizer de Fevereiro?

 

Assim de repente, como quem não quer a coisa e fresquinha (hoje) temos o novo trabalho da Lykke Li (Wounded Rhymes). Já para nem falar na enorme PJ Harvey (Let England Shake) e terminar nos excelentes mas pouco conhecidos por estas terras, The Boxer Rebellion (The Cold Still).

 

Pois é, 2011 está bonito, está. Agora, toca a colocar nas orelhas!

O testamento dos amanhãs que cantam. Hoje, apenas me condenam a pagá-lo a contado...

 
Por dever de ofício, estive hoje directamente ligado à telefonia. Comecei por sua excelência o senhor ministro das finanças, que falou do alto da sua soberania técnica, não para a planície dos súbditos, mas para o circuito fechado dos banqueiros e comentaristas que querem dar confiança aos mercados. O povo é alienígena e auditório. Apenas está sujeito ao tradicional imposto de palhota, inscrito no estatuto do indigenato do império colonial do euro.
 
Finalmente, atrasei o almoço, e segui Sócrates, assim a falar para os mercados, através do seminário Reuters/TSF.  Vou enumerar o silogismo. 
 
(1) A crise da dívida soberana é apenas uma consequência da crise financeira, por causa da falta de Estado e não por causa de excesso de Estado. 
 
(2) A Europa, depois desta crise, ou avança ou recua, não vai ficar na mesma, tendo que haver uma resposta sistémica. 
 
(3) Somos os melhores da Europa na resposta à crise: crescemos 1,4 e reduzimos o défice em 2, são factos, não são opiniões.
 
(4) Qual década perdida? Fomos o melhor governo de Portugal de todas as eras. E aí vão números da campanha para as directas no PS. Quem os negar está enganado. O bom e velho Estado é que decreta os números e tira o retrato.
 
O quase testamento foi assim reduzido a esta frase: ‎"Manter o rumo e não tirar o pé do acelerador, é o que eu recomendo para o meu país".
 
Não vou comentar esta magnífica peça de oratória. Apenas gloso o seguinte:
 
‎(1) Convidem imediatamente o nosso primeiro ministro para presidente da urgente governação económica da Europa
 
(2) Em alternativa, coloquem-no como governador mundial do conhecimento e da inovação
 
(3) Nunca reduzi-lo a Reitor da restaurada Universidade Independente
 
(4) Por nós, míseros impostados, basta uma simples maioria absoluta, mesmo no actual quadro parlamentar. Ou a convocação imediata um referendo eleitoral para estas maravilhas. Julgo que 99% dos cidadãos com direito a número de eleitor da inovação e do conhecimento o reelegeriam para grande líder. Menos eu...

Manobra de propaganda típica de um certo e determinado governante português com um quê de filósofo grego no nome

"Se somarmos a população de Portugal (10 milhões), com a população da China (1.341 milhões), somos 1351 milhões, o que é, de facto, um número impressionante e que revela bem o nosso enorme potencial de crescimento. Estes são números que nos encorajam e que nos incentivam. A oposição vai tentar desvalorizar estes números, mas eles são reais, tão reais como o facto de a nossa população, somada à da China, ser a mais numerosa do mundo (and the loop could go on and on, foverer and ever…)".

Até quando abusarão da nossa paciência?

 

Estas declarações do Ministro das Finanças demonstram três coisas: 1) o assumir do falhanço total do Governo no controlo da despesa, ao contrário do que se tinha obrigado; 2) um dramático pedido de ajuda à União Europeia a quem se atribuem desde já as culpas pelo facto de o esforço nacional no controlo do défice ser em vão; 3) o anúncio de novas medidas de austeridade, uma vez que, continuando o Estado a gastar à tripa forra, é manifesto que as actuais são insuficientes. Como serão as novas e as que ainda hão-de vir enquanto este Governo se mantiver em funções.

 

Em consequência, confirma-se que os portugueses só podem esperar deste governo mais recessão e sacrifícios impostos à força, absolutamente em vão pois a despesa do Estado não para de aumentar. À semelhança de Cícero contra Catilina, acho que é altura de o PSD repetir a frase clássica: "Quosque tandem abutere patientia nostra?"