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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

A Hora da Liberdade

Quando olho para o que se passa na Tunísia e no Egipto fico moderadamente optimista. Um optimismo fundado no que vi e ouvi dos manifestantes muçulmanos em Londres, uma vontade genuína de Liberdade.

 

 

 

 

 

Ingenuidade minha? Talvez. O que querem, por exemplo, os muçulmanos egípcios e tunisinos que vivem em Inglaterra e que estavam na manifestação pelo fim das ditaduras no mundo árabe? O mesmo que os seus irmãos em França, na Alemanha ou nos EUA: uma vida melhor para os seus na sua terra. Sem entrar em grandes filosofias ou teorias políticas: querem comprar um bom carro, comer em restaurantes, ir ao cinema, ter um iPhone e navegar na internet. Querem ter aquilo que nós temos e que muitas vezes nem damos o devido valor tal a forma como o nosso estilo de vida se generalizou na nossa sociedade. Eles querem viver.

 

 

 

 

 

E esse querer, fundado na sua experiência de vida no mundo ocidental, deve-nos obrigar a ajudar a que assim seja e a melhor ajuda que podemos dar é a nossa abstenção construtiva. Ou seja, não interferir, não voltar a ter tiques imperialistas. O lado mais fundamentalista e radical do islamismo só pode ser combatido pelos muçulmanos moderados. É uma batalha entre irmãos, entre homens e mulheres do Islão. A interferência, constante, dos principais actores políticos ocidentais deu sempre asneira e prejudicou os moderados em favor dos radicais. Será que já aprendemos a lição da história?

 

Obviamente, o perigo de um assalto ao poder por parte dos radicais existe mas os jovens e as mulheres que protestam na rua contra a ditadura fazem-no por uma genuína vontade de mudança e um objectivo claro de liberdade e esta adquire-se lutando e perde-se se imposta de fora para dentro.

Revolução no Nilo

 

  

Tenho lido comentários em blogues sobre a revolução no Egipto, por exemplo este, de Rodrigo Moita de Deus, ou este, de Filipe Nunes Vicente, mas julgo que não existe alternativa à democracia e concordo com o que escreve Henrique Raposo, aqui.

A Irmandade Muçulmana será provavelmente a vencedora de eleições livres no Egipto. Esse era o argumento do regime de Mubarak sempre que o ocidente levantava a questão da liberdade no país: "Pode arranjar-se uma liberalização, mas vencem os barbudos", diziam.

Considerando a influência do Egipto no Médio Oriente (que a Tunísia, do Magrebe, não tem), o actual movimento nas ruas pode produzir o mesmo impacto geopolítico que teve a queda do Muro de Berlim. 

 

Os irmãos são anti-ocidentais, não deverão permitir a liberdade religiosa (neste ponto há dúvidas) e serão um problema sério para Israel e, de outra maneira, um problema para outros regimes autoritários no Médio Oriente. Já o escrevi neste blogue: basta circular num bairro popular do Cairo e ver o número de mulheres que usam abaya ou niqab (vestes que tapam totalmente o corpo, à excepção dos olhos). Os abusos da polícia secreta não recomendam ali as barbas compridas, pelo que pode ser enganadora a sensação de que talvez não haja tantos islamitas assim. Mas há e têm enorme influência nas camadas mais pobres da população.

 

No entanto, dito isto, uma acção ocidental que impedisse a democracia era um enorme crime. Só serviria para radicalizar a irmandade e confirmar o argumento da hipocrisia do ocidente. Segundo os islamitas, europeus e americanos estão sempre a falar em democracia, mas quando o resultado não lhes interessa, opõem-se a ela.

O facto é que a democracia foi possível na Turquia e o regime iraniano podia hoje não ser teocrático, se os EUA tivessem impedido o xá de radicalizar os seus fundamentalistas ou impedido Saddam Hussein de atacar o Irão.

O exemplo turco demonstra que os islâmicos moderados podem conviver com republicanos nacionalistas e até com liberais pró-ocidentalização. É um convívio difícil (um programa na TV causou esta semana feroz polémica entre os ultra-conservadores turcos), mas a ditadura militar não constitui a única solução.

 

O choque de civilizações é um beco sem saída, mas sobretudo para estes países, que não têm força económica ou tecnológica para triunfar num confronto com o ocidente. Em política, muitas vezes a razão não vence as discussões, mas no caso da revolução no Egipto há islamitas que reconhecem as vantagens do jogo democrático, de eleições limpas e de um mínimo de tolerância que lhes garanta a manutenção no poder. É ingenuidade acreditar nisto? Talvez seja. O conservadorismo fanático tem uma cegueira militante. Mas não vejo como é que se trava este movimento democrático.

O Portugal enjoado a que chegámos, com uma maioria de insignes ficantes

 

1

Aferventam-se as almas de hoje com belos escritos de certos historiógrafos, excelentes analistas dos costumes políticos dos nossos finais do século XIX, invocando continuidades sobre o défice e os atavismos devoristas da classe política. E com toda a razão.

 

2

As muitas e boas leitura da história do Portugal Contemporâneo podem, muito diacronicamente, ocultar-nos o desafio da sincronia europeia e globalizante. Porque se torna impossível caminharmos para Alcácer-Quibir, procurando um curto-circuito que nos devolva um qualquer “mare clausum”, assente no velho triângulo estratégico que, a partir da fundação do Rio de Janeiro, permitisse a reconquista de Luanda e o tráfico negreiro que gerou certos negócios esclavagistas, ou de companhias majestáticas, para os velhos capitaleiros.

 

3

Voltando às justas sátiras dos velhos vencidos da vida, que certos mais velhos de hoje dizem repudiar, apenas convém recordar que esses antigos críticos da democracia censitária, o foram antes das revoluções e contra-revoluções nos amarguraram o século XX, entre fascismos e comunismos que certos neototalitários lusitanos continuam a traduzir em calão, como se fosse possível um qual1quer D. Sebastião científico, como bem avisava Guerra Junqueiro.

 

4

O aparelhismo de poder da nossa “belle époque”, entre o regicídio e o republiquicídio, apenas sustentava tímidas políticas públicas que, antes do 28 de Maio, nem sequer chegavam aos 10% do PIB. Porque foi Salazar, com meio século de atraso, que nos importou Napoleão III e Bismarck, chamando Estado Novo à Providência, antes de Marcello Caetano o rebaptizar como Estado Social. Até históricos do PCP, como Rates e Manuel Ribeiro, deram casas do povo ao corporativismo, antecipando o segredo das vitórias de Cavaco, com transferência do eleitorado da CDU e do PS.

 

5

Acresce que a geração do Ultimatum e da República, para além do escoamento de excedentes demográficos para o Brasil, aproveitou o conflito das grandes potências, depois da Conferência de Berlim, para construir, à pressa, o nosso último ciclo imperial, não o que acabou em Goa, em 1961, mas o que durou, pela mobilização da guerra colonial, até à descolonização dita exemplar de 1974 e 1975. A ilusão do “não há Portugal sem África”, como clamava António Ennes e irmanou Paiva Couceiro e Norton de Matos.

 

6

Aproveitávamos os interstícios de poder que, no continente político que começou com a conquista de Ceuta em 1415, nos permitiam os jogos da balança da Europa. E até intensificámos o esforço com a guerra colonial, só começada depois de Dien Bien Phu, da Conferência de Bandungue e da retirada de Argel. Quando De Gaulle decidiu caminhar para a CEE, através da cooperação intergovernamental, neste híbrido a que damos o nome de projecto europeu.

 

7

Paradoxalmente, quanto mais nos iludíamos com a africanização, no derradeiro esforço do patriotismo imperial, tanto emigrámos para o Brasil, na monarquia constitucional e na Primeira República, como, no crepúsculo do salazarismo, demos os saltos para as Franças e Araganças, mesmo com mala de cartão, antecipando a presente integração europeia.

 

8

Daí que sejam verdadeiramente inéditos os novos fenómenos demográficos do presente cavaquismo e dos seus heterónimos, do guterrismo e do socratismo. É a primeira vez na nossa história contemporânea e multi-secular que estamos enjoadamente empedrados nas fronteiras medievais. Daí que uma maioria sociológica de insignes ficantes apoie tanto o situacionismo presidencial como o situacionismo governamental, dado que o daquém já não pode safar-se pela procura do d’além.

A pedido de várias famílias:

A baía de Angra do Heroísmo é, do Mundo, a que maior densidade de naufrágios históricos apresenta - nela se encontram mais de noventa navios naufragados, desde caravelas portuguesas até vapores brasileiros, passando por galeões espanhóis e naus da Carreira da Índia portuguesa.

Estes naufrágios estão protegidos por várias leis, desde a Convenção da UNESCO que Portugal ratificou em 2008 até às mais variadas leis nacionais e regionais - a baía está classificada como Parque Arqueológico subaquático, onde é proibido construir o que seja.

Não obstante isto e não contente com o estrago que a construção da Marina de Angra causou já a este património único no Mundo, o Governo Regional dos Açores quer agora construir ainda mais outro mamarracho nesta acanhada baía: um cais Terminal de Cruzeiros.

Ao arrepio da democracia participativa e, pior, ao arrepio de toda a legislação de protecçção ao património cultural subaquático vigente, incluindo a que ele próprio aprovou, o Presidente do Governo Regional escolheu a baía de Angra como alvo de mais uma betonagem. Escolheu-a como opção política, sem que houvessem quaisquer estudos de impacte ambiental feitos, sem que estivessem em cima da mesa quaisquer outras opções em discussão.

E, o mais grave disto é que,em total desconformidade com os princípios da economia, da eficiência e da eficácia, jaz às moscas e a menos de 20 km de distância, o Porto Oceânico da Praia da Vitória - o local ideal para construir o Terminal de Cruzeiros da Ilha Terceira!

Concluindo, a construção de um cais desta natureza na baía de Angra mais não é do que um capricho do Governo, que este agora quer legitimar ordenando a elaboração, a posteriori, de um estudo de impacto ambiental. É um atentado ao património, um assassinato da legalidade, uma infracção às regras comunitárias e um descaso à UNESCO e aos cidadãos - açorianos, continentais e estrangeiros - que preferem o peso e o legado da história ao perfume da modernidade bacoca do betão.

Vai a Não ao Cais de Cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo:
http://www.facebook.com/n/?home.php&sk=group_197932270221340&mid=3ac75a1G4c53ce0aG178d5f4G7a&bcode=D5JDD&n_m=fmoreiradesa%40gmail.com

Editar definições de e-mail para o grupo Não ao Cais de Cruzeiros na Baía de Angra do Heroísmo:
http://www.facebook.com/n/?home.php&sk=group_197932270221340&view=notifications&mid=3ac75a1G4c53ce0aG178d5f4G7a&bcode=D5JDD&n_m=fmoreiradesa%40gmail.com

O confronto de civilizações

 

 

 

 

É a primeira vez que aqui insiro um "video", ainda por cima dos que por aí circulam, mas registos destes, de interrogatórios inquisitoriais em directo, parecem raros. Espero que a revolução do jasmim e a luta contra Mubarak alinhem com esta mulher árabe, enxertada em liberdade.

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