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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Foi hoje

 

No Convento das Bernardas, que Os Golpes se juntaram ao meu amigo Rui Pregal da Cunha num momento que, não sendo "punk monárquico", como ele mesmo o designou antes de uma interpretação antológica de "Paixão", foi um regresso ao vivo e a cores a um tempo perdido. Para mais, os rapazes sabem tocar. Agora estou a pensar deixar crescer um bigode como o do baixista.

só a senhora avisou......

Da irrelevância económica dos nossos políticos

 

Antonio Nogueira Leite

 

Portugal entra na pior crise das últimas décadas anos fragilizado por uma década de crescimento anémico fruto da sua debilidade estrutural reflectida na muito baixa produtividade e demasiada exposição face à concorrência das novas economias do alargamento, do Extremo Oriente e do Sul da Ásia: a nossa economia acumulou  uma já muito elevada dívida externa, num contexto em que a poupança é baixa e as fontes primárias de poupança se encontram fragilizadas por via da descapitalização das empresas e do forte endividamento das famílias. Como todos já perceberam a situação portuguesa torna-se particularmente difícil agora que a liquidez falta na economia e os nossos mercados de exportação na Europa entraram em recessão.

 

A crise tem proporções históricas e não é claro que se esteja a caminho de resolver a chave dos problemas: o desequilíbrio em que vive o sistema financeiro, apresentando muitas das instituições relevantes nos principais mercados situações patrimoniais extremamente débeis.   De facto, se tentarmos avaliar o justo valor do conjunto das responsabilidades de muitos bancos face a terceiros (passivo) e das responsabilidades das mesmas instituições face aos detentores de acções ordinárias ou mesmo preferenciais e as compararmos com um valor justo para os activos do banco (já nem me refiro ao valor de mercado) verificamos a enorme dimensão da insuficiência de valor dos activos ou do seu capital (ou de ambos) para fazer face às responsabilidades que têm (e nem vale a pena pensar nas responsabilidades extra-patrimoniais). A nacionalização, mesmo que pontual e rápida como propõe Krugman, não resolveria por si só o problema e poderia mesmo conduzir a um ainda maior stress sobre os orçamentos de expressão quase incalculável. Nas actuais circunstâncias, implicaria ou um recurso de magnitude muito grande aos contribuintes, o que é inviável ou um esforço muito grande de emissão monetária, muito acima do que se tem falado. Este seria porventura impraticável nos EUA e na Europa conduziria o conselho do BCE a uma mais que certa apoplexia.

 

Acresce que os episódios pontuais de nacionalização vão continuar a ocorrer um pouco por todo o mundo e que nos Estados Unidos, à nacionalização clássica, há que juntar a que resulta da concessão directa de financiamentos às empresas não financeiras por parte do sistema de Reserva Federal.  Em termos práticos, estamos perante um problema que extravasa em muito a capacidade dos agentes nacionais (governo e oposição incluídos) e mesmo, pelo menos por agora, a capacidade de quem manda na Europa. Neste contexto, há que tratar do que pode ser tratado, mas com a noção da respectiva irrelevância.

 

É por isso, que apesar de muito pouco determinante sobre o que se vai passar em Portugal nos próximos 2 anos, o debate entre Governo e PSD é, apesar de tudo revelador.  A sua líder marca, agora, a diferença. Pela primeira vez, em muitos anos, surgem finalmente verdadeiras alternativas, depois do consenso do mercado único, do consenso do euro e do consenso (só teórico) da luta com o Monstro.

 

É sabido que, no curto prazo, planos de investimento público e cortes de impostos sobre os agentes privados estimulam a economia e poderão ajudar a contrariar os efeitos depressivos da crise.  Porém, não nos poderemos esquecer que estas medidas, deverão submeter-se a um princípio essencial: não deverão agravar os problemas estruturais do país. Seguem-se, assim, alguns corolários, na minha opinião úteis a uma adequada perspectiva do que está em causa nas várias propostas: (a) a inacreditável terceira auto-estrada Lisboa Porto tem um custo de oportunidade insuportável; (b)  Os projectos como o TGV ou o novo aeroporto não são medidas de combate à crise em 2009 e serão em grande parte, directa e indirectamente, pagos pelos contribuintes; (c) pedir mais sacrifícios aos contribuintes para apoiarem as boas empresas, nomeadamente as exportadoras, é uma ideia correctíssima; (d) as boas empresas exportadoras não são necessariamente PMEs e (e) há muitas PMEs que nem são boas empresas nem exportadoras. Last but not least, sendo Portugal uma pequena economia aberta que nos últimos vinte anos cometeu erros sucessivos apesar dos avisos internos e externos, podem-se enunciar os dois corolários finais: (f) os próximos dois anos quase não dependem das ideias dos nossos políticos e (g) a viabilidade de Portugal após a crise implica que acreditemos que os nossos principais partidos têm capacidade para aprender. Há, parece, um bom indício. Mas a avaliar pelo passado…

 

SOL, Fevereiro de 2009

 

todos erramos dr Vicente, MFL e eu incluídos, mas o senhor deveria fazer o trabalho de casa antes de largar as suas habituais "postas de pescada". Mas descanse, que eu vou ajudá-lo! Mais lá para diante ..... que agora volto ao meu intervalo. É que o ócio a que o sr se dedica não é para quem quer, é para quem pode.

 

Sócrates dixit: cábulas para o Abrantes, para o Magalhães e para o Vicente

24 De Novembro de 2009 – “A principal preocupação da política económica do Governo é a recuperação económica e o emprego. Nesse sentido, não é compaginável com esses dois objectivos um aumento de impostos”, afirmou

2 De Fevereiro 2010"Vamos fazer uma consolidação orçamental baseada na redução da despesa e não através de aumento de impostos, porque isso seria negativo para a economia portuguesa".

 

8 De Março 2010"O Governo vai concentrar-se na redução da despesa do Estado, tarefa que é provavelmente a mais difícil e exigente. Mais fácil seria aumentar impostos, mas isso prejudicaria a nossa economia".

 

30 De Abril 2010Sócrates garante que não há aumento de IVA. "O que vamos fazer é o que está no PEC. A senhora deputada vê lá o aumento do IVA? Não vê", disse o primeiro-ministro no debate quinzenal no Parlamento, perante a insistência da deputada do Partido Ecologista "Os Verdes", Heloísa Apolónia. "Estamos confiantes e seremos fiéis ao nosso programa. São essas medidas que importam tomar".

 

12 De Maio 2010 – "Portugal registou o maior crescimento económico da Europa no primeiro trimestre deste ano. Portugal foi o primeiro país a sair da condição de recessão técnica e o que melhor resistiu à crise".

16 De Junho 2010O primeiro-ministro, José Sócrates rejeitou, em Bruxelas, o cenário de redução de salários na função pública, afirmando acreditar que as medidas já adoptadas pelo Governo são suficientes para atingir os objectivos orçamentais em 2010 e 2011.

 

24 De Agosto 2010“Entre Janeiro e Junho, a nossa economia cresceu 1,4 por cento, face às estimativas de 0,7 por cento para o ano inteiro”. Nestes seis meses, o crescimento da economia que se verificou em Portugal foi o dobro do previsto pelo Governo no início do ano”, afirmou o primeiro-ministro em Vale de Cambra.

 

A 29 de Setembro de 2010 Sócrates anuncia o segundo aumento de impostos do ano e cortes nos salários.

Que se terá passado?

A situação crítica que Portugal vive hoje é, de certo modo, surpreendente. Em Maio o PSD deu o seu apoio ao programa governamental de aumento de impostos correspondentes a um aumento adicional de receitas fiscais de 3 400 milhões em 2010 e 2011. Impôs ao governo, e este aceitou, medidas de corte de despesa que corresponderiam a 2400 milhões em 2010 e 2011. Estas medidas adicionais, se cumpridas, levariam a um défice de 7,1% do PIB em 2010 e 4,6% do PIB em 2011, sem sacrifícios adicionais.

 

Apesar da minha impaciência recorrente relativamente ao incumprimento do acordado em Maio no que respeita à verificação das medidas, o facto é que no inicio do Verão o eng. Sócrates foi peremptório em Bruxelas ao referir que “acreditava que as medidas já adoptadas pelo Governo são suficientes para atingir os objectivos orçamentais em 2010 e 2011”.  É certo que o PS recusou o pedido do PSD para se levar a cabo uma reunião parlamentar sobre o tema no início de Agosto, mas Sócrates tem mantido um tom optimista e ainda há apenas um mês nos dizia que “o crescimento da economia verificado em Portugal foi o dobro do previsto pelo Governo no início do ano”.

 

É por isso que não percebo o que se terá passado. O governo deve uma explicação aos portugueses e eu não descansarei enquanto os portugueses não a tiverem.

 

amanhã na minha coluna habitual do Correio da Manhã

 

PS: dedico esta nota curtinha aos corporativos e ao seu actual compagnon de route o coimbrinha Nunes Vicente. A nota é pequenina e por isso, espero que, desta vez, consigam entender.

Ir à tosquia

"O senhor vai à procura de lã e acaba tosquiado". A frase é de José Sócrates, primeiro-ministro, dirigindo-se a Paulo Portas, presidente do CDS/PP. A seguir, o primeiro-ministro ainda desenvolveu a sua tese sobre o que é ser ou não um "estadista". Deduzo que, para já, está afastado o cenário do CDS poder aprovar este o OE/2011? "Falar da realidade é falar dos submarinos"? Como disse?

A memória, sempre a chata da memória...

Jorge Coelho, em tempos grande inspirador dos corporativos e antigo frequentador da extraordinária Quadratura de Carnaxide, brindou uma vez  António Lobo Xavier, seu colega na Administração da Mota-Engil, com uma constatação do óbvio que ficou célebre por isso mesmo "Há muita falta de memória na política e nos políticos". Parece que é no Eucalipto do Mondego que a doença atacou com mais violência. Por isso mesmo, aqui vai uma vitamina para o sr Nunes Vicente, ilustre paciente da falta de memória:

 

Declarações de António Borges provocam divergências no PSD

<input ... >28 JAN 09 às 14:15

As declarações do vice-presidente do PSD, António Borges, estão a provocar divergências dentro do partido. O social-democrata defendeu que o aumento de 2,9 por cento na Função Pública é excessivo, uma opinião contrária à posição oficial do partido, afirmou à TSF o deputado Hugo Velosa.

 

 

E agora, o link completo, com a mensagem da sua Santinha da Ladeira pelas palavras obedientes e leais do grande dr. Hugo Velosa, ilustre causídico e madeirense distinto: http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1122836

 

E o carácter dr Vicente, que me diz do carácter? Tanta coragem da sua adorada Santinha (ou tronco direito como extraordinariamente às vezes lhe chama) em ano de eleições é obra!

O avalista dos PEC.

Estas declarações de Passos Coelho confirmam o que sempre pensei: que o PSD acabará por viabilizar o Orçamento para 2011. Efectivamente, quem se atirou de cabeça para o disparate que foi a viabilização do PEC 2 assumiu definitivamente o papel de avalista dos PEC, que é uma qualidade da qual não se sai com facilidade. O PSD bem pode protestar publicamente contra as medidas anunciadas pelo Governo, mas enquanto todos os outros partidos da oposição já declararam ir votar contra o orçamento, as declarações do PSD são absolutamente contemporizadoras e deixam antever a sua abstenção no Orçamento.

 

Está agora em exibição em Lisboa o filme Wall Street - Money Never Sleeps, de Oliver Stone. Nesse filme há duas afirmações que me parecem emblemáticas da situação que estamos a atravessar. Uma delas diz que a irracionalidade pode ser definida como a repetição constante do mesmo comportamento, esperando que alguma vez ele leve a um resultado diferente. Outra diz que emprestar cada vez mais dinheiro a um sobreendividado é colocá-lo em situação de risco moral, uma vez que ele continuará sempre a gastar acima das suas possibilidades.

 

Este constante apoio do PSD aos PEC deste Governo é tipicamente um comportamento irracional. Efectivamente, não estou a ver que os mesmos protagonistas que deixaram o défice chegar a 9,3% do PIB tenham a mínima capacidade para o ir agora reduzir, apesar dos sacrifícios que pedem aos cidadãos. Especialmente quando continuam a insistir no TGV e no novo aeroporto de Lisboa. As novas receitas fiscais só servirão assim para continuar a estimular os gastos desnecessários no sector público.

 

Será portanto de esperar que depois do PEC 3 venham aí os PEC 4, PEC 5 e se calhar até o PEC 10, todos eles viabilizados pelo PSD. Algum dia chegará, no entanto em que alguém terá que dizer "basta" em relação a isto. Ser "silent partner" do Governo não é propriamente a melhor forma de fazer oposição. Por muito que os outros elogiem o "sentido de responsabilidade".

Em que é que ficamos?

 

«Apesar de ainda não sabermos os pormenores, o negócio com a PT é lamentável e devia ser liminarmente recusado quer pelos partidos da oposição, quer por Bruxelas. Este é tão somente mais um malabarismo contabilístico destinado a transferir o despesismo do presente para as gerações vindouras. E, se for para a frente, não tenhamos dúvidas: quem irá pagar a factura de “cumprirmos” o objectivo do défice para este ano são, mais uma vez, os nossos filhos e os governos futuros. Poucos ou nenhuns custos para um governo irresponsável, todas as desvantagens para os contribuintes futuros... (Para além do mais, não era a PT uma empresa privada, fora da alçada do Estado? Afinal, em que é que ficamos?)».

Álvaro Santos Pereira, em post que se deve ler na íntegra aqui

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