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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Highly recommended (#1)

 

 

 

 

 

O livro “Império à Deriva: a corte portuguesa no Rio de Janeiro 1808-1821”,  é rigoroso, competentemente fundamentado mas, ao mesmo tempo, escrito de forma atraente e escorreita, tornando-o acessível tanto aos especialistas como aos curiosos pelos temas históricos, como é o caso.  É revelador que seja novamente um anglo-saxão a proporcionar uma descrição e análise de nível superior sobre a história de Portugal e a sua gesta globalizadora.  Após o extraordinário, ainda que sintético, manual de C.R. Boxer sobre os descobrimentos portugueses, Wilken oferece-nos agora uma descrição competente e minuciosa de uma facto da maior relevância para o futuro de Portugal e da sua (à altura) mais importante colónia  que, por razões várias, é inadequadamente valorizado na historiografia de base nacional.

 

A fuga dos Braganças, da maioria da corte e dos principais agentes da administração para o Brasil em Novembro de 1807, na véspera da chegada das esfarrapadas tropas de Andoche Junot a Lisboa constitui um facto único na história universal.  Pela primeira e única vez, um império global, como à altura ainda era o Português, transfere a sua sede para os trópicos, subalternizando a metrópole e o seu poder, quer durante a ocupação napoleónica quer nos dez anos que se lhe seguiram.  Este facto, tão exótico numa perspectiva histórica como a nova sede do governo do Império, teve repercussões da mais extrema relevância dos dois lados do Atlântico, e, pelo menos no caso do território Europeu, contribuíu de forma significativa para toda uma série de desenvolvimentos políticos (muitos, em minha opinião, mais dependentes da evolução da própria Europa que da saída da corte) e económicos.

 

É por demais evidente e de todos conhecido que a permanência dos Braganças no Brasil, o desenvolvimento institucional que então foi proporcionado à colónia e a eliminação do monopólio português no comércio com o Brasil, criaram as condições políticas, sociológicas e económicas para a independência deste em 1822.  Já na metrópole, o período coincidiu com o início da aceleração da decadência económica do país.  Portugal, apesar de mal governado por uma administração venal e destituída de visão estratégica, do obscurantismo generalizado e da escassez de recursos naturais e humanos era ainda, no início do século XIX, um dos países com maior rendimento per capita da Europa. A perda do acesso monopolístico aos recursos do Brasil, o vazio de poder no continente sujeito às vicissitudes das ocupações francesa e britânica e as guerras que se lhe seguiram de par com a inexistência de uma classe educada e empreendedora que possibilitasse ao país o acesso aos benefícios da revolução tecnológica e industrial da Europa, marcaram o início do período mais negativo de desenvolvimento do País.  Basta recordar que, se em 1800 Portugal era um dos países relativamente mais ricos da Europa, um século mais tarde, no final da Primeira República, tinha divergido para menos de 30% do rendimento per capita médio da Europa Ocidental.  Ou seja, os reflexos políticos, económicos e sociais deste acontecimento bizarro, determinaram aquele que foi o pior século do Portugal económico: o século XIX.

 

Da leitura do livro perpassa uma outra ideia fundamental.  Ainda que motivada pelas circunstâncias da guerra, a saída da família real e da corte para o Brasil não foi uma operação destituída de lógica no contexto de um império tão desequilibrado como era o português no final do século XVIII, inícios de XIX.  Na verdade, os interesses de Portugal há muito que extravasavam o continente Europeu e as suas fontes de riqueza estavam nos trópicos.  Numa visão premonitória do que Gilberto Freyre veio a apelidar 150 anos mais tarde de luso-tropicalismo, o diplomata Pedro da Cunha várias vezes sugeriu a D. Maria e mais tarde a seu filho D. João as vantagens da alteração da centralidade do império português, defendendo os méritos da solução brasileira como forma mais eficaz de acautelar os interesses materiais do império.  Pedro da Cunha, tal como muitos outros, antes e depois dele, sabia que a exiguidade da geografia e dos recursos metropolitanos impeliam inexoravelmente Portugal para uma globalização precoce.  É irónico que algo que foi tão claro há quinhentos ou há duzentos anos, ainda seja um verdadeiro “Adamastor intelectual” para parte da esquerda portuguesa em 2010.  Tal como os conselheiros dos Braganças perceberam há 200 anos, Portugal só pode prosperar se se conseguir projectar globalmente.  As circunstâncias e os tempos são outros, mas os desafios subsistem.

Portugal terá de mudar

Portugal, após uma década de estagnação e mais de vinte anos de políticas económicas erradas ou, quando correctas, insuficientemente determinadas, está a começar a perceber que vai ter de mudar de vida. Alguns de nós já o entenderam há muito tempo e agiram em conformidade: adaptaram os seus hábitos de consumo às suas reais possibilidades, orientaram os seus negócios para novas geografias onde já existe uma maior dinâmica e a perspectiva de maior progresso, flexibilizaram as suas estruturas de produção, diferenciaram os seus produtos e serviços. Vivem bem com a exigência acrescida que a globalização e a intensificação da concorrência internacional trouxeram a Portugal. Estão melhor preparados para os desafios do futuro e as dificuldades do presente.

 

Porém, a vasta maioria dos portugueses não está preparada para o que está a chegar. A maior parte das famílias está significativamente endividada, muitas empresas não foram capazes de optimizar os seus recursos e de se tornar competitivas e o Estado cresceu ao ponto de dificultar, e muito, a nossa prosperidade futura. Pior ainda, há muitos portugueses que têm beneficiado das opções políticas erradas e do excesso de consumo interno: público e privado. Estes últimos vão, provavelmente, criar os maiores obstáculos à mudança. Assim como aqueles que temem, por princípio ou posição, qualquer alteração de paradigma ou modo de vida. Uns e outros não podem determinar o nosso futuro a curto prazo sobre pena da maximização do prejuízo de todos.

 

hoje, sexta-feira, na Economia Livre do Correio da Manhã

A PT encolheu

Henrique Granadeiro teve hoje uma grande tirada: 'Bava assumiu a paternidade, eu assumo-me como a pílula do dia seguinte'. Este soudbyte do chairman da PT terá provocado uma "risada geral" nos deputados. Pois, uma risada. Enquanto a malta se foi rindo, a PT ficou, repentinamente, pequena demais para lá caberem em simultâneo Bava e Granadeiro. Uma empresa com a dimensão e importância da PT não pode ter na administração o senhor sim e o senhor não. Grandeiro assumiu que abortou o negócio. Ou melhor, que o interrompeu voluntariamente. Não se esperando grandes atitudes por parte do accionista Estado, poder-se-á esperar alguma atitude consequente por parte de algum destes dois?

Cavaco cirúrgico

A propósito da crise e da decisão de empurrar os problemas com a barriga, coisa em que José Sócrates é mestre, Cavaco Silva foi hoje muito claro em relação à manutenção de obras faraónicas como o TGV, o novo aeroporto de Lisboa e alguns investimentos rodoviários: "Eu entendo que faz sentido reponderar todos aqueles investimentos, públicos ou privados, na área dos bens não transacionáveis, que tenham uma grande componente importada, isto é, que utilizem pouca produção nacional e que sejam capital intensivo, ou seja, que utilizem pouca mão de obra portuguesa".

 

Como eu também disse aqui ontem, o Presidente da República entende que era melhor "favorecer o aumento da produção de bens e serviços transacionáveis, em detrimento daqueles que não são transacionados nos mercados internacionais". Alguém está com as orelhas a arder...

"piratería es fuente de progreso"...

O pensador que há em Gago falou mais alto que o Ministro. Gastam-se milhões contra a pirataria em campanhas publicitárias e fazem-se inúmeras acções de fiscalização (vejam-se os vários relatórios inspectivos no site da Inspecção-Geral das Actividades Culturais) e Gago, pimba, sai-se com uma destas. Da Ministra da Cultura, nem uma palavra. Pode ser que a escutemos uns destes dias a palpitar sobre Obras Públicas ou, quem sabe, sobre construções em leito de cheia...Mais do que o desnorte, choca a inimputabilidade.

ao tio Filipe Nunes Vicente, le génie de la famille

 

Há muito que oiço falar do tio alternativo da minha amiga Joana. Sei que sempre foi um rapaz franzino, estudioso, ensimesmado, meditabundo. Diferente. Casou-se e tudo. Fez furor na Atenas do Mondego. Grande cabeça. Agora, nos últimos anos, na bloga libertou-se: mostra a devoção permanente à Senhora d'Arganil e o ódio visceral ao nóvel líder Passos e até a um nosso coleguinha de blogue, homónimo do ex marido da tia Nelita, que ainda se dá ao trabalho de perder tempo a responder-lhe.

 

Mas ultimamente, anda muito azedo...voltou àquele estilo de que se falava após as suas deambulações junto ao querido Basófias. Se calhar, lá pelas Europas, teve novos encontros com a desgraça.....

 

Tio Filipe, já tentou esta receita? Já ouvi dizer que na Velha Albion e até nos States é um excelente remédio para as mazelas das incompreensões alternativas. Beijinho...

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