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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Duelo de 'futeboleiros' nas TVs

As entrevistas de ontem à noite dos presidentes do Porto (RTP1) e do Benfica (SIC) em horário nobre são mais um motivo para deixar os sportinguistas preocupados. A bipolarização fez-se, durante décadas, entre Sporting e Benfica, mas hoje em dia já não é assim. É duro reconhecer que um terceiro canal (a TVI) nem sequer se deu ao trabalho de convidar José Eduardo Bettencourt para tentar rivalizar com aqueles dois homens da bola. O que Bettencourt tem para dizer é pouco, a sua gestão tem sido ruinosa e a equipa vai definhando, com resultados desportivos verdadeiramente desastrosos. Mas Bettencourt é ou não é o presidente profissional que muitos queriam? Quando um profissional faz mal o seu trabalho e comete demasiados erros, o que se faz? Dá-se condições para ele ficar e continuar a fazer negócios que ainda vão tornar o clube numa espécie de Belenenses versão macro? Não foi para isso que o Sporting Clube de Portugal foi fundado, mas para ser um clube que lidera e faz a diferença. "Esforço, Dedicação, Devoção e Glória": espero que André Villas-Boas, ao menos, saiba o que isso significa, já que parece que muitos não fazem a mínima ideia.

Nova nota metapolítica, sem submarinos, boaventuras ou cravinhos

 

 

Tanto me fartam os inquisidores e os pides que caçam pedreiros, comunas e anarcas, como os falsos jacobinos que querem enforcar o último padre nas tripas do último papa. Entre fantasmas de direita e preconceitos de esquerda, nem deus nem o diabo têm de escolher...


Entre o sol e a lua, o mundo e os céus têm várias escadas e não apenas a nostalgia da revolução ou da contra-revolução perdidas. Tanto sou contra a utopia das revoluções como contra a paz dos cemitérios das reacções...Prefiro a revolta das revoluções evitadas.


O estado e a sociedade a que chegámos precisam de uma valentíssima e reverendíssima reforma que liberte os indivíduos do colectivismo de seitas das nossas pesadas heranças...


Confesso que já fui anticomunista primário, nos tempos passados de uma guerra fria, com muitas guerras quentes por procuração, onde seria suicida subscrever-se o antes vermelhos do que mortos. As ideias pelas quais importa lutar, as comunidades das coisas que se amam impõem que também por elas se esteja disposto a dar a vida!

 

São perigosos os atalhos desesperantes da anti-religião. As minhas raízes estóicas e panteístas obrigam-me a reagir contra os vermes do cepticismo, do utilitarismo, do niilismo e, sobretudo, contra o situacionismo conformista dos pretensos moderados do centrão mole e difuso, das modas que passam de moda...

O estranho caso da actriz mal informada

Ponto prévio: acho menor, e até um bocadinho mesquinha, a discussão sobre as viagens de Inês Medeiros. Dito isto, não posso deixar de achar a história, mais do que mesquinha, tola e profundamente insensata. Parece-me óbvio que os putativos benefícios políticos conseguidos pelo PS por incluir Inês Medeiros no seu elenco de deputados foram já mais do que consumidos pelos malefícios que este episódio provocou junto da opinião pública - como a licenciatura de Sócrates, este é daqueles episódios que não mata mas mói, ou seja, descredibiliza, e a reputação é uma daquelas coisas que, uma vez perdidas, são impossíveis de recuperar. Que um deputado eleito pelo círculo de Lisboa possa ter morada permanente em Paris, já me parece extravagante, e mais extravagante ainda que lhe passe pela cabeça que compete aos contribuintes pagar-lhe uma viagem semanal Lisboa-Paris; mas, a fazer fé no DN de hoje, estas verdades elementares não afloraram nunca ao espírito de Inês Medeiros, que é insensata ao ponto de pôr por escrito, em carta ao Presidente da A.R., que também "nunca se tinha preocupado com o estatuto remuneratório do cargo" de deputado, julgando, presumo, que a indiferença pela baixa materialidade que essa despreocupação insinua a fará subir na consideração dos portugueses. Acontece que não, pelo menos dos portugueses com dois dedos de testa: já tinhamos tido um historiador candidato a político que exibiu o seu desconhecimento profundo da vida dos seus concidadãos quando não foi capaz de dizer, nem sequer de forma aproximada, o valor do salário mínimo nacional; temos agora uma actriz eleita legisladora que, apesar de se achar no direito de cobrar ao erário público o valor das suas viagens semanais para Paris, afirma nunca ter cuidado de saber quanto ganha um deputado, nem as regalias a que tem direito. Ela pode achar que isso é uma declaração de superioridade moral; eu acho que são sintomas de tolice, apenas.

Política e futebol, ils sont même partout

Hoje passei uma parte do dia no Zoo de Lisboa com os meus dois filhos mais velhos. Finalmente, algum quality time em família, longe de preocupações e desligado do quotidiano azucrinante de notícias, boatos, breves, intrigas, curtas, insinuações, recados, mails, editoriais que dão dores de cabeça logo à primeira linha, títulos de estalo, comentários, reuniões, pressões, sms’s, telefonemas e de tudo o resto que me (nos) consome. Ali a seguir aos tigres (pomposamente, o Vale dos Tigres) , a caminho da passarada, o primeiro encontro foi com a bola: aviário Madaíl. Um presságio para muitos frangos, lá para o Verão sul-africano?

 

Apaziguado que foi este perturbador pensamento com um almoço nos arcos dourados (o que a criançada nos obriga a deglutir – perdoa-me Baco, perdoa-me Edesia!) seguimos para um passeio digestivo (digestivos são os maltes, e não passeios ou alka-seltzers, já dizia o outro, mas vá-se lá explicar isto a crianças de 5 e 3 anos…), fazendo tempo para o anunciado espectáculo das 15H00 na Baía dos Golfinhos. E eis senão quando, à entrada, o encontro seguinte, desta feita com a política. Entre o improvável e o inusitado.

 

Se a placa foi um mero corta-fitas ou implicou algo mais, não sei ou não me lembro, mas que o espectáculo dos golfinhos e leões-marinhos é fantástico, lá isso é! Durante toda a Semana Santa, e até 2.ª feira, espero que esta nuance política seja o mais perto que da dita venha a estar.

Direita vence na Itália

Nas eleições regionais italianas era esperado certo desgaste do governo, mas o facto é que o primeiro-ministro Silvio Berlusconi venceu a votação, apesar das críticas de meio mundo, das gaffes constantes e dos escândalos na imprensa. O seu partido (PdL) conseguiu 26,7% dos votos; ou seja, o desgaste em relação às legislativas de 2008 (33%) foi pouco superior a seis pontos percentuais. O Partido Democrático (centro-esquerda) ficou em segundo lugar, com apenas 26%. O seu fracasso foi total, mesmo em eleições de punição do poder.

Os comentários que li sobre este tema ignoraram estas circunstâncias, centrando-se no folclore eleitoral. Muitos analistas diziam que a participação foi fraca. O facto é que a participação de 64% é baixa para Itália, mas trata-se de uma abstenção inferior à portuguesa (40% nas legislativas do ano passado). Isto é um pouco lateral, mas demonstra um problema sério nas contagens eleitorais portuguesas.

Berlusconi venceu as eleições, mas isso não nos diz nada sobre a qualidade da democracia italiana.

Berlusconi é um populista pouco convincente. No entanto, ele parece convencer parte substancial do eleitorado italiano. A imprensa internacional reage de forma estranha: isto não nos agrada, vamos procurar o folclore. a democracia italiana, com todos os seus problemas, é tratada pior do que muitas ditaduras. 

É possível que no futuro haja na Europa mais políticos populistas como ele, que a extrema-direita continue a registar bons resultados. Mas convinha tentar perceber porque é que a esquerda se está a apagar em tantos países, sobretudo no leste (os socialistas franceses, a grande excepção, ganharam as regionais, mas Sarkozy terá até 2012 para recuperar). Gordon Brown pode perder dentro de um mês no Reino Unido; na Hungria, a duas semanas das eleições, os conservadores do Fidesz têm 59% e a incógnita é o resultado do Jobbik de extrema-direita.

Navegações

Coisas boas para ler e ver:

O blogue do João Gomes de Almeida, O Amor nos Tempos da Blogosfera, tem novos colaboradores, entre eles dois autores que aprecio muito: Ana Anes e Tomás Vasques. Magníficos reforços para um projecto que promete.

Estou inteirmente de acordo com o Sérgio Lavos: Monica Belluci é esplendorosa e Viva a Itália

Muito bom, este blogue de Daniela Major, Câmara dos Lordes.

Através de Vida Breve, do Luís M. Jorge, cheguei a esta história de uma fotografia. Recomendo que sigam o link.

E, finalmente, a erudição aparentemente inesgotável de Francisco Seixas da Costa. Duas ou Três Coisas é um dos melhores blogues que conheço.  

Sermão de Santo António aos peixes que querem ir para o aquário de Belém...

 

Há quem julgue que só existe aquilo que pode medir-se, segundo o cientificismo mental que pensa deter o monopólio do rigor, mas que, de tanto planeamentismo, não conseguiu prever a presente crise e nos amarrou às trombas dos principais elefantes brancos que nos escravizam em dívidas...


Portugal, se tem de submeter-se para sobreviver, não pode deixar de lutar para continuar a viver como comunitariamente se pensa. Só ousados engenheiros de sonhos nos podem mobilizar em saudades de futuro...


Só a flexibilidade das naus nos pode dar o pragmatismo e a aventura de uma visão do paraíso, aqui e agora, neste mundo e no nosso tempo, onde sempre é possível a redescoberta do transcendente situado...

 


Os poetas e profetas são mais verdadeiros do que os pretensos criadores de cenários políticos. E os falsos futurólogos do planeamentismo construtivista dos processos históricos, económicos ou financeiros...


Se os parcos factores de poder que ainda restam à liberdade nacional e à vontade de sermos independentes não receberem o sopro de um pensamento com entusiasmo, e de um entusiasmo com pensamento, poderemos reeleger recandidatos, mas não seremos passado presente com capacidade para pilotarmos o futuro, sem medo de ter medo...

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