Em roda livre.
A notícia de hoje sobre a espionagem a um jornalista do Público confirma o que há muito penso sobre os serviços de informação: que funcionam completamente em roda livre, sem uma fiscalização minimamente eficaz, a qual é absolutamente imprescindível num Estado de Direito. A infeliz resposta do Governo sobre este assunto só vai agravar a insegurança dos cidadãos nesta matéria. Depois de os lesados terem pedido a intervenção do Ministério Público, e de a Comissão Nacional de Protecção de Dados ter aberto um inquérito à divulgação de dados de telemóvel, o Governo limita-se a anunciar um novo inquérito interno dos serviços, ao mesmo tempo que se recusa a enviar ao Parlamento os resultados do anterior, alegando segredo de Estado. Parece assim que só o Parlamento é que vai ficar à margem da investigação que os outros órgãos do Estado vão fazer aos serviços. Mas então há uma questão que se impõe: não é o Parlamento o responsável pela nomeação dos órgãos de fiscalização desses serviços? Estão os responsáveis parlamentares satisfeitos com o trabalho desses órgãos de fiscalização? Ou será que essa matéria também é segredo de Estado?