Off-topic.
Nos meus tempos de estudante em Paris - já lá vão uns anitos - o pior que podia acontecer a um trabalho era ser classificado "hors-sujet". Off-topic, em inglês. Em português? não sei se há expressão consagrada. Fora do tópico, digamos. Uma coisa é certa: quem entregasse um trabalho fora do tópico levava zero, ou algo perto. Mesmo que mostrasse erudição, conhecimento e esforço, um trabalho que não respondesse ao tema definido era chumbado.
Acontecia, claro, até aos melhores. E ainda hoje acontece, dentro e fora dos muros universitários. Um exemplo patente de off-topic a pedir um zero redondinho é esta crónica do Pedro Santos Guerreiro no Jornal de Negócios. O zero é tanto mais merecido quanto foi o próprio cronista a escolher como tema as nomeações do governo. Discorre depois abundantemente sobre os males da partidarização da Admnistração Pública, e, acreditem, gostei do que li. Mas não posso deixar de reparar que a ligação entre as nomeações do governo a que se refere @P_S_G e a partidarização da Administração Pública é... zero.
Na verdade, não se encontra neste site uma única nomeação de dirigente da Administração Pública: apenas são referidos gabinetes de membros do governo e uma estrutura de missão que funciona adstrita a um membro do governo. É, portanto, impossível concluir a partir daí o que quer que seja sobre a partidarização da Administração Pública. Zero, portanto. Acontece aos melhores.