O regresso da doutrina Brejnev?
Depois das recentes declarações de Jean-Claude Juncker à Focus sustentando que a contrapartida da concessão de ajuda externa seria uma forte limitação da soberania da Grécia, surgem agora estas declarações à Stern do Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, segundo o qual os Estados que no futuro reclamarem ajuda externa deverão ser objecto de sanções mais fortes e terão que ceder parte da sua soberania à União Europeia, já que tal será para eles sempre muito melhor do que a pura e simples expulsão do euro.
Tudo parece convergir para uma repetição, a nível da União Europeia, da célebre doutrina Brejnev, segundo a qual todos os Estados membros do bloco socialista teriam a sua soberania limitada, tendo que aceitar a ingerência da União Soviética nos seus assuntos internos e não podendo ser autorizados a abandonar o pacto de Varsóvia, uma vez que as fronteiras internacionais do bloco socialista não poderiam ser alteradas. Agora também os Estados membros da União Europeia que se virem obrigados a recorrer à ajuda externa deixam de ser países soberanos para se tornarem protectorados da própria União, à qual estarão obrigados a ceder a sua soberania para evitarem uma catástrofe económica.
Desde a queda do muro de Berlim em 1989 que não se assistia a nada de semelhante na Europa. Estará a União Europeia a caminho de se transformar num novo pacto de Varsóvia? Se assim for, a extraordinária obra de visionários que representou a construção europeia ter-se-á tornado num pesadelo para os Estados membros em dificuldades.