um grande evento no centro de Lisboa
A imagem escolhida não é montagem e não é da Avenida da Liberdade. Propositadamente.
Percebo o incómodo das pessoas que estiveram ontem paradas no trânsito no centro de Lisboa. Percebo outros incómodos que possam surgir com as condicionantes que estão a existir com a preparação do evento que amanhã vai ter lugar na Avenida da Liberdade.
Mas não percebo a indignação. Algo muito diferente de incómodo.
Sempre fui defensor da utilização de espaços centrais da Cidade de Lisboa para eventos de grande dimensão. Eventos que tragam pessoas. Eventos que divulguem os espaços e a Cidade. E se forem eventos organizados por empresas ou marcas a mim não me causa qualquer incómodo. Há zonas da Cidade que precisam de mais vida, de mais movimento.
É certo que não acho que isto deva ser uma situação permanente. Terão que ser situações pontuais. Cabe à Câmara Municipal de Lisboa gerir o calendário e decidir os eventos que devem ocorrer e os que não.
O evento que terá lugar este sábado, designado de Mega Pic-Nic, será muito mais do que um Pic-Nic. Será um evento de divulgação de Produtos Nacionais. Um evento de promoção do sector agro-pecuário. E parece-me consensual que é um tema que está nas agendas política e mediática e que merece divulgação. Existe uma empresa ou marca por trás? Sim, existe. Mas também existe a participação institucional, quer da Câmara Municipal de Lisboa como da Confederação dos Agricultores de Portugal. As 3 entidades juntaram-se e avançaram. E cada uma fez a sua parte. E a Câmara exigiu, e bem, contrapartidas. Uma delas já tornada pública. Mais de 4000 quilos de produtos frescos a serem entregues a 13 instituições de solidariedade e duas Juntas de Freguesia da Cidade.
Um evento destes, e este é muito ambicioso, necessita de um tempo de preparação fora do usual, é certo. E as entidades envolvidas prepararam-se para isso. Em tempo útil foram divulgadas as condicionantes que iam existir ao trânsito. Curioso é que agora alguns órgãos de comunicação social façam grandes destaques, em tempo e espaço, aos constrangimentos que ontem aconteceram, quando o podiam ter feito à divulgação das condicionantes. São critérios. E a divulgação não apenas avisava das condicionantes como alertava para as alternativas e sugeria a utilização dos transportes públicos.
Por outro lado, existem as pessoas que mesmo tendo lido os avisos e notícias das condicionantes, preferem o conforto do carro e nem por um dia ou dois se metem em comboio, metro ou autocarro. Trabalhei quase 2 anos na zona da Avenida da Liberdade, fui utilizador quase diário de transportes. Nunca me fez mal. E andei sempre tranquilo. E ainda ontem à tarde me desloquei à Avenida da Liberdade, tendo saído do Parque das Nações. Fui de carro? Obviamente que não. Meti-me no metro. Foram 20 minutos. Cheguei antes da hora a uma reunião.
Tivessem os media dado mais destaque provisoriamente e as pessoas tido em conta os avisos e alternativas e ontem teria sido um dia normal.
Outra questão que se pode colocar é se este evento podia ocorrer em outro local. Poder, podia. Mas garanto que não seria a mesma coisa. Pegando em alguns exemplos que já me deram, respondo. No Parque Eduardo VII ou na Belavista, onde decorreram edições anteriores do Mega Pic-Nic, não faz sentido, pois seria colocar “verde no verde”. O que quero dizer com isto? Terão que ver as imagens. No Terreiro do Paço não haveria espaço suficiente.
Há ainda quem possa dizer que o Comércio e Serviços da zona vão ter prejuízos. É possível que uns sim, mas é certo que outros não. Mas eventos destes não podem ocorrer sem existirem alguns constrangimentos.
Com elevada dimensão como este, só me recordo do evento da Renault. Mais um que a mim não me chocou.
O ano tem 365 dias. Se alguns forem ocupados com eventos que divulguem as zonas e promovam temáticas, não vejo problemas. E não esquecer que Lisboa é a Capital. E tem que a ser para tudo. Não posso dizer com orgulho que moro ou trabalho na Capital e depois quere-la só para mim.