Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

A importância de ter memória

Sem exercício de memória não há bom jornalismo. Tive pena, por isso, que metade da mais recente emissão do programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, tenha sido passada a comentar a exclusão do deputado Pacheco Pereira das listas eleitorais do PSD sem ninguém lhe ter lembrado que o agora excluído foi por sua vez um dos mais notórios apoiantes da exclusão do actual presidente e do actual secretário-geral do partido das listas sociais-democratas às legislativas de 2009. Com a diferença assinalável, nas duas situações, de que Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas haviam sido propostos pelas estruturas distritais a que pertencem e mesmo assim a direcção do partido manteve o anátema. Com o aplauso prolongado de Pacheco, que na altura não teve a menor dúvida em encabeçar o distrito de Santarém, assumindo o lugar para o qual a distrital havia indicado o nome de Relvas. Agora, tanto quanto se sabe, nenhuma distrital laranja sugeriu o nome de Pacheco. E seria de uma lata sem limites o comentador da Quadratura do Círculo esperar figurar nas listas de deputados pela quota do presidente - logo ele, que tantas vezes teorizou sobre a necessidade de sintonia política entre a liderança do partido e os candidatos ao hemiciclo de São Bento.

A política dá muitas voltas: em menos de dois anos, este entusiasta da exclusão de Passos é agora excluído - e, a escassos dias das legislativas, o assunto dá pano para mangas num programa em que se gastou mais tempo a fustigar a oposição do que o Governo. Pacheco, que numa emissão anterior da Quadratura defendeu a peregrina tese de que José Sócrates devia manter-se em funções até 2013, também nesta matéria foi poupado à maçada do contraditório. É cada vez mais macio, este jornalismo que deixa os políticos perorar em palco sem sombra de réplica. E afinal de contas não custava nada perguntar-lhe que espúria interpretação do interesse nacional podia levar alguém que se proclama da oposição a ansiar tanto por mais dois anos de mandato do primeiro-ministro com pior folha de serviço da democracia portuguesa.

18 comentários

Comentar post