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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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Forçar a bipolarização, separar as águas

"Não será possível ter um governo que junte o PSD e o PS, mas reafirmo que o PSD está aberto a fazer um governo mais alargado, que inclua outras forças partidárias e até pessoas e personalidades independentes". Esta frase foi dita hoje por Pedro Passos Coelho, depois de já ontem ter abordado o assunto num jantar onde pontificaram alguns ex-líderes do seu partido. À primeira vista, a frase parece arriscada numa fase destas - e com o programa de ajuda financeira que terá que ser implementado pelos partidos do chamado arco da governação - porque o líder laranja poderia ter apenas afirmado que se recusava a governar com José Sócrates. Mas, ao fazê-lo Passos quis, sobretudo, forçar a bipolarização com um PS a subir nas sondagens e com um CDS em alta na popularidade.


Só com uma separação de águas muito clara Passos Coelho pode chegar lá, pelo que este tiro parece ter sido, finalmente, certeiro. Mesmo com o chumbo do PEC IV, a queda do Governo e a entrada em força da troika em Portugal, Passos não estava a conseguir fazer passar uma mensagem clara, perceptível, não ajudando a isso o coro de vozes que por vezes se faz ouvir de dentro do PSD e também nas suas franjas. Com a garantia de que não vai para o Governo a qualquer preço Passos está a partir o gelo, ao contrário de José Sócrates e de Paulo Portas, que têm sido mestres na gestão das ambiguidades relativas à formação do próximo Governo.

 

Sócrates não percebeu que a troika lhe tirou o tapete e Portas tem feito uma campanha notável, mas tem escondido agora o que apregoava há uns meses: se rejeita formar um executivo onde se senta à mesma mesa o actual primeiro-ministro. Como fez Sá Carneiro em 1979 e 1980 e como fez Cavaco Silva em 1985, será necessário pulso firme e dizer claramente ao que se vai e com quem. Curiosamente este sacudir do capote de Passos surge no mesmo dia em que António Barreto, um dos reformadores que Sá Carneiro foi buscar, diz em entrevista ao jornal I esta coisa que muitos pensam e poucos falam alto: "Sócrates precisa de ser severamente castigado".


Muitos têm noção disto e poucos sabem como o fazer. É para esses que o líder do PSD parece agora querer virar-se, antes que esses eleitores fujam para as boas graças do dr. Portas. Antes tarde que nunca. Os debates aproximam-se e serão decisivos. Aí, Passos terá (ou não) o seu verdadeiro tirocínio.

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