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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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O princípio do fim ou o fim do princípio?

Desta vez, não estou de acordo com Luís de Menezes Leitão: se a Grécia sair do euro, isso não será, como diz, "o desmoronar da União Europeia" - se calhar, será o seu contrário. Começando pelo princípio: a moeda única não é um designío europeu. Britânicos e nórdicos não a querem, a maioria dos alemães esteve e provavelmente ainda está contra. A moeda única é um desígnio francês, a contrapartida da unificação alemã, um negócio Kohl-Mitterrand. A Grécia não foi convidada, fez-se convidada, como de resto a Itália, a Espanha e Portugal: a moeda única destinava-se ao par franco-alemão, ao Benelux e à Mitteleuropa, eventualmente aos nórdicos e aos britânicos, que a Alemanha considera fiáveis. A aceitação da moeda única pela Alemanha foi provavelmente o último episódio de grande significado político que resultou do seu estatuto de menoridade política, pós-1945; com a unificação, a Alemanha "normalizou-se", ou seja, voltou a ter direito ao seu módico de egoísmo nacional. A Alemanha aceitou o euro, mas à imagem do marco; teve de aceitar a Itália, por ser fundadora, por causa da Itália, a Espanha, por causa da Espanha, Portugal, por causa de Portugal a Grécia; impôs-lhes o pacto de estabilidade, mas não chegou - e este post explica porquê. Os países do Sul parece que tinham de provar aquilo que a Alemanha sabia desde há muito, ou seja, que são incapazes de manter contas públicas arrumadas. A prova está feita: é pois altura de começarem a pensar em sair do euro, e é tempo deste voltar a ser apenas a moeda do "núcleo duro" europeu. Os mais esquecidos talvez já não se lembrem que "núcleo duro" e "Europa a duas velocidades" foram termos popularizados, há quase vinte anos, por dois estrategas da política europeia da CDU, Karl Lammers e Wolfgang Schauble - e que o segundo é hoje o ministro das Finanças da Alemanha.

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