Que Sais-Je?: A Reestruturação
Reestruturação 101:
* "O que é uma reestruturação da dívida soberana?": Ricardo Cabral responde a Jorge Nascimento Rodrigues no Expresso.
Primeiro, a reestruturação de dívida deve ser suficientemente significativa de forma a tornar a dinâmica de dívida sustentável.
O capitalismo tem, na sua génese, a tomada de risco e em consequência a possibilidade de insucesso. (...) Ou seja, o processo de reestruturação de dívida é intrínseco a economias de mercado.
* "Saída do euro ou resgate? Economistas dos PIGS discutem opções": também no Expresso. Faço notar que a saída do euro não é solução nem remédio em caso algum: não só é a opção com custos económicos mais elevados como também é a que implica maiores custos políticos para o país em causa e para a União Europeia. Sair do euro é meio caminho andado para sair da própria União Europeia.
Os precedentes históricos sugerem que, dado esse nível de endividamento externo, a reestruturação dessa dívida é, na prática, inevitável e que os custos da crise serão menores se a reestruturação for feita o mais rapidamente possível.
As taxas de juro que têm sido exigidas nos pacotes de resgate da Grécia e Irlanda são demasiado elevadas. Resultam num crescimento do endividamento externo mais rápido que o crescimento da economia e, portanto, não permitem a esses países escapar da armadilha do juro composto e dívida crescente.
Este argumento é, em toda a evidência, correcto e justifica a minha "chantagem dos 3%".
* Série de posts sobre o default/reestruturação da dívida.