Processo nádega oculta
A maior parte dos meus colegas de "Blog" não me conhece.
Assim sendo, passo a descrever-me, na esperança de que corram comigo do "Albergue" à paulada, e me poupem à trabalheira de escrever aqui todos os dias. É que estou de "baixa", e adoro estar de "baixa". E daqui vou transitar para o "subsídio de desemprego", o que ainda me vai dar mais um bons cem euros por mês.
Bem, por isso, para que a boa vida continue, aqui vai uma pista sobre o meu passado:
Sou o único jornalista português - vivo - que já esteve todo nu no quintal de um Primeiro-Ministro (o outro jornalista que poderia reclamar o mesmo feito, era o meu pai, Manuel Beça Múrias, falecido em 1987).
Refiro-me ao então chefe do governo, e mais tarde Presidente da República, Dr. Mário Soares.
Nunca fiz reportagens no Iraque, usando coletes do Coronel Tapioca. Nunca fui convidado da SIC Notícias, TVI24 ou RTP N para fazer os comentários às primeiras páginas dos jornais. Nunca fui ao programa Clube de Jornalistas falar da profissão. Não sou comentador político e de futebol ao mesmo tempo. Não pertenço a nenhuma tertúlia de má língua produzida pelas Produções Fictícias ou outras empresa de conteúdos (mas tenho pena porque devem pagar bem!), e já não vou ao bar SNOB cheirar aquela carpete perfumada por anos de angústia, má língua, tabaco e Jameson, desde o dia do primeiro concerto dos Rolling Stones, em Alvalade.
Mas já estive todo nu na casa da Praia do Vau e as minhas cuecas estiveram por segundos em cima tejadilho do mítico Renault 16 vermelho de Mário Soares. As cuecas do meu pai, que por acaso eram minhas, pois ele tinha esse péssimo hábito de me gamar roupa interior do cesto de roupa para engomar, decoraram por igual espaço de tempo, o igualmente mítico Citroen CX Prestige, estacionado ao lado.
Vínhamos da Praia, onde demos um longo passeio quase até à Meia-Praia com Mário Soares (atenção General Ramalho Eanes, o seu nome foi falado algumas vezes!), e trocámos de roupa à pressa para continuarmos o nosso trabalho já em casa do ex-PM e ex-PR.
Outros tempos, dizem bem, os meus amigos e outros ressabiados e saudosistas como eu.
Bem, mas imagino o que seria hoje estar nu no quintal de José Sócrates. No mínimo mais um processo, o processo Nádega Oculta, nascido depois de uma escuta ao actual PM, gravada por um magistrado de Aveiro, onde Sócrates, alegadamente (importante não esquecer de escrever alegadamente) diria a Armando Vara:
- Vê lá tu que tenho dois jornalistas nus na garagem cá de casa!