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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Estão a brincar???

Eu tinha prometido a mim mesmo (como gosto desta expressão tão popular) que me abstinha de escrever sobre alguns espasmos/orgasmos de alguns bloggers sobre determinadas escolhas deste governo. Era uma questão de saúde pública.

 

Confesso o pecado, terei de quebrar essa promessa. Nenhum dos visados pelas virgens ofendidas precisa que eu venha a terreiro fazer a sua defesa. São todos maiores, vacinados e com provas dadas nas suas profissões. Mas, que raio, quem ataca assim amigos e companheiros meus, não pode contar com o meu silêncio. Quem não se sente…

 

Quando vi os ataques de que foi alvo o ANL fiquei sem palavras. Então, o António Nogueira Leite com semelhante currículo e experiência não pode ser escolhido para Vice da CGD? Como? Será que estas virgens ofendidas querem comparar o ANL com o famigerado Vara? Onde estavam elas quando Armando Vara e outros que tais, como o famoso Rui Pedro Soares da PT, foram nomeados? Querem comparar? Estão a brincar, não?

 

Depois, foram os ataques às escolhas de Miguel Relvas para seus assessores. Escolheu Miguel Relvas homens do aparelho partidário? Nomeou conhecidos “aparelhistas”? Não. O crime de Miguel Relvas foi ter escolhido assessores e adjuntos não filiados no PSD e no CDS. Alguém criticou a experiência profissional dos assessores e adjuntos? Alguém os considerou, profissionalmente, más escolhas? Também não. O crime é apenas um: serem bloggers. Estão a brincar, não?

 

A última saga desta novela esquizofrénica de certa bloga é a escolha de António Figueira para o gabinete de Miguel Relvas. Reparem bem: o António Figueira trabalha há mais de 25 anos em comunicação institucional. Qual o crime? Ser blogger e, segundo os críticos, um radical de esquerda! Ora, imaginem se o António fosse militante do PSD. Estão a brincar, não?

 

Em todas estas escolhas existem três pontos comuns: todos são excelentes profissionais nas áreas em apreço; são todos (ou quase todos – ANL é militante do PSD) não militantes do PSD; são todos bloggers. Qual o verdadeiro problema que se lhes aponta pelos críticos? Serem bloggers. Estão a brincar, não?

 

O problema é que não estão a brincar, é mesmo assim. Muito portuguesinho, muito tuga (como detesto esta palavra): a eterna invejazinha, muito nossa, muito mesquinha. Quando o anterior governo e alguns anteriores governos (PS, PSD, PSD-CDS, PS-CDS) se fartaram de nomear “boys” como se não existisse amanhã, estas virgens ofendidas mergulharam num silêncio ensurdecedor.

 

Acordaram agora, quando o critério de escolha foi aquele que sempre defenderam em público mas não praticaram em privado: o mérito independentemente do cartão de militante. E que tal, por uma vez, uma só vez, se deixassem de merdas? Querem criticar? Então esperem pelos resultados das escolhas feitas. Depois, só depois, existe moral para criticar. Até lá, cheira a invejazinha bacoca. Foleira.

Hora de separar a espuma e ler o essencial:

Neste últimos tempos não se tem falado de outra coisa senão do acordo com a Troika. Os partidos fazem acusações entre si, a comunicação social vai vivendo destes pequenos atritos e os pundits produzem os respectivos sound bites. Depois de analisarmos toda esta barragem de comunicação, conclui-se que a triste verdade é que ninguém parece estar interessado em deixar os portugueses pensarem por eles mesmos. Decidimos por isso avançar com a tradução da Carta do Governo, o Memorando de Política Económica e Financeira.

 

 

O Título deste post esteve para ser: "A tradução da Carta do Governo que este nunca quis traduzir a ver se ninguém dava pelo conteúdo" mas, era tão comprido que preferi outro. Mais um enorme Serviço Público do Aventar a provar que a Blogosfera está cada vez melhor. Um orgulho!

A péssima excepção à regra

 

É oficial: Portugal está em recessão. O nosso produto interno recuou 0,7% no primeiro trimestre de 2011. Portugal foi, aliás, a péssima excepção à regra: todas as economias da União Europeia - incluindo a da Grécia - cresceram em relação ao trimestre anterior. Para o ano em curso, a Comissão Europeia prevê um crescimento de 1,6% na zona euro enquanto a economia portuguesa deverá recuar 2,2%.

Isto é matéria de facto, não de opinião.

Enquanto escrevo estas linhas, escuto o ainda primeiro-ministro, falando em directo a dois canais de televisão, a gabar-se de que "as exportações portuguesas subiram 17% neste primeiro trimestre". Sempre a mesma atitude: o secretário-geral socialista vive em permanente negação da realidade. Habita um país onde não há desemprego, onde não há cortes brutais de apoios sociais, onde não há diminuição evidente dos salários reais, onde não há um nítido recuo do Estado-providência, onde não há divergência constante com os padrões de vida europeus.

Tão notória como esta discrepância entre o chefe do Governo e a realidade é a atitude de alguns dos seus apaniguados. Com destaque para Vital Moreira, que em época de campanha eleitoral persiste em ser um dos maiores produtores de pérolas blogosféricas. Eis a mais recente: «A crise teria existido qualquer que fosse o governo e nenhum faria melhor». Frase bombástica, digna de enriquecer o espólio de qualquer coleccionador de epígrafes. Por mim, já a guardei numa vitrina de peças raras.

SCUTs: Só podem estar a brincar. Só podem!

Uma pessoa vê esta notícia da TVI e nem quer acreditar. Só pode ser brincadeira. Eu não quero acreditar que um Governo, repito, um Governo de Portugal e dos Portugueses fosse capaz de fazer semelhante negócio ruinoso. A quem interessa? Como é possível?

 

Agora, temos de pagar portagens e a desculpa era os custos para o Estado e, afinal, colocam portagens e ainda teremos de pagar, reparem bem:

 

Antes: 178 Milhões de euros

 

Agora: 58 vezes mais cara, mais 10 mil milhões de euros.

 

E ninguém vai preso?

 

Ver reportagem AQUI

Parte do problema, não da solução

 

1. O programa que Sócrates apresentou aos portugueses, nas legislativas de Setembro de 2009, não incluía nenhuma medida do vasto pacote de sacrifícios exigidos aos portugueses desde então. Não previa o aumento dos impostos. Nem a redução das prestações sociais. Nem o corte dos salários da função pública. Nem o congelamento das reformas. Nem a quebra do investimento público. Hoje é possível concluir, sem constrangimentos de qualquer espécie, que esse programa apresentado a sufrágio equivaleu a uma fraude eleitoral.

 

2. Há nove meses, quando o PSD - já com Pedro Passos Coelho na liderança - viabilizou o segundo PEC (que previa o aumento do IVA e do IRS, à revelia das promessas eleitorais socialistas), Sócrates assegurou: "Medidas adicionais só seriam necessárias se não estivéssemos a cumprir o objectivo orçamental. A verdade é que nós estamos a cumprir esse objectivo orçamental." O primeiro-ministro faltou à verdade: depois disso, apesar de Sócrates garantir com insistência que a execução orçamental corria bem, foi aprovado mais um programa de austeridade e há agora outro anunciado pelo Governo à Comissão Europeia, como facto consumado, à revelia do Presidente da República, da Assembleia da República, dos parceiros sociais e do próprio Conselho de Ministros, o que põe em causa o regular funcionamento das instituições.

 

3. Como todas as sondagens indicam, é notória a vontade de mudança dos eleitores portugueses, como sucedeu com os britânicos em Maio de 2010 e com os irlandeses há poucas semanas. E como sucedeu entre nós em Outubro de 1985 e em Fevereiro de 2005, quando se registaram importantes alterações do ciclo político antes de se esgotar o prazo previsto para a normal conclusão da legislatura.

 

4. José Sócrates está no poder há 2195 dias. Tempo mais que suficiente para os portugueses terem percebido que ele é parte do problema, não é parte da solução. Este é um dado de reflexão essencial sobre a actual situação política. Direi mesmo: este é o dado essencial.

Cinco notas sobre uma entrevista

 

1. O País ouviu esta noite o primeiro-ministro, em entrevista à SIC, dizer pelo menos seis vezes que tudo fará para evitar uma crise política. E dizer pelo menos quatro vezes que tudo fará para evitar uma intervenção externa na economia portuguesa. José Sócrates confirmou, nesta entrevista, que vive em contínuo estado de negação. A intervenção externa é inevitável e a crise política já existe, aos olhos de todos: foi ele próprio quem a provocou ao anunciar um novo pacote de "medidas de austeridade" dois meses após ter garantido aos portugueses que não o faria. Agiu sem ter informado previamente o Presidente da República e a Assembleia da República, como é seu dever constitucional. E neste novo pedido de sacrifícios aos portugueses incluiu várias medidas que o PSD já recusara nas discussões que conduziram à viabilização do Orçamento de Estado, como a subida do IVA para certos bens alimentares e novos limites às deduções fiscais em sede de IRS. Mário Soares acertou em cheio no seu artigo de hoje no DN: este primeiro-ministro que vive de costas voltadas para o País cometeu nos últimos dias "erros graves", "esquecimentos imperdoáveis" e "actos inúteis que irão custar-lhe caro".

  

2. "A crise começou em 2008 por culpa dos mercados e não dos estados", disse o primeiro-ministro. O mesmo que depois daquela data aumentou os salários dos funcionários públicos em 2,9%, baixou o IVA e anunciou o cheque-bebé, irresponsavelmente, só para vencer as legislativas de 2009 e voltar tudo do avesso no ano seguinte.

 

3. Como sempre, nem uma palavra de desculpa aos portugueses. Como sempre, nem o reconhecimento de uma falha. Em permanente estado de negação, Sócrates parece nem se dar conta da flagrante contradição em que cai. "Nós estamos muito confiantes com a nossa execução orçamental", acentuou. Se está tão confiante por que motivo então acena ao País com a possibilidade de uma intervenção das instituições financeiras europeias ou do FMI em Portugal?

 

4. Dizem que a coragem é a maior virtude política dele. Não demos por isso esta noite. Porque não terá aproveitado a entrevista para anunciar a apresentação imediata de uma moção de confiança ao Parlamento?

 

5. "O País tem que se comprometer com as instituições internacionais e os mercados financeiros. Ou nós ganhamos a confiança das instituições europeias e dos mercados ou a alternativa é a intervenção externa." Com tais declarações, proferidas na entrevista, o chefe do Governo acabou por fazer um balanço fidedigno do seu mandato. Seis anos e três dias depois de ele ter tomado posse, o País está nesta encruzilhada: pode escolher apenas entre o mau e o péssimo. Chegámos aqui pela mão de Sócrates.