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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

Default/Reestruturação: a Espanha e a Itália

Enquanto mais de metade dos meus últimos posts têm sido sobre a necessidade de realizar quanto antes uma reestruturação parcial não só da dívida grega mas também da irlandesa e da portuguesa, em vez de se esperar pelas eleições na França e na Alemanha - já Nouriel Roubini lança para cima da mesa o cenário da reestruturação espanhola e italiana.

Devemos confiar nos eleitores

 

A derrota histórica do PSOE, de Rodríguez Zapatero, nas eleições autonómicas e municipais de ontem confirmou que não é possível iludir durante demasiado tempo o eleitorado. Este monumental castigo nas urnas que antecipa o fracasso dos socialistas nas próximas legislativas é um merecido castigo para a incompetência governativa do homem do eterno sorriso, que prometeu uma Espanha mais justa e afinal - sorrindo sempre - deixa uma Espanha mais pobre, mais ineficiente, com maiores assimetrias, com menos prestígio internacional. Uma Espanha à beira da penúria, com cinco milhões de desempregados (marca acima do dobro da média europeia, marca nunca vista num país que se orgulhava de figurar entre as dez potências industriais do planeta) e onde 45% dos jovens não conseguem encontrar trabalho.

Zapatero, com o seu afã "modernizador", viveu obcecado com medidas de "engenharia social" enquanto deixava a economia naufragar, surdo a todos os avisos. Como se vogasse numa realidade paralela, à semelhança de certas personagens dos filmes de Pedro Almodóvar. Teve o que mereceu na jornada eleitoral de ontem. Os socialistas foram derrotados nas 13 comunidades onde se votou (resta-lhes, ao nível de governos autonómicos, a Andaluzia, um feudo de sempre que ainda só aguentaram por ontem não ter ido a jogo) e nas 20 maiores cidades de Espanha. Perderam bastiões históricos como Barcelona (para os nacionalistas catalães), Sevilha, Cáceres e Las Palmas (para o Partido Popular). E a Corunha (também para o PP), San Sebastián (para os independentistas bascos). Sofreram a maior derrota de que há memória em Madrid (25% atrás do PP). Perderam em Valência, Múrcia, Mérida, Saragoça, Valladolid, Vitória, Logroño, Santander, Oviedo, Vigo, Santiago de Compostela, Pontevedra, Málaga, Granada, Burgos, Bilbau, Pamplona e Palma de Maiorca. Deixaram fugir autonomias onde governavam há décadas, como Castela-La Mancha, Aragão, Astúrias e Baleares. E poderão aguentar-se apenas na Extremadura, onde ficaram em segundo, graças ao apoio dos comunistas, por um punhado de votos.

Como lhe chamou o El País, foi um "tsunami" eleitoral, que funcionou fundamentalmente como um plebiscito ao ainda chefe do Governo. Os espanhóis - de todas as Espanhas - mostraram bem o que pensam: Zapatero é parte do problema, não da solução. E de nada lhe valeu a mais recente expressão de oportunismo político, tentando colar-se à manifestação dos jovens "indignados" de Madrid, dizendo que se tivesse 25 anos se juntaria a eles. Raras vezes me lembro de uma declaração tão demagógica da boca de um político. Como se os jovens que hoje se rebelam contra a classe política espanhola não estivessem assim, em grande parte, devido à incompetência do Executivo Zapatero.

Nesta hora de mudança, o exemplo espanhol merece registo. Devemos confiar sempre no veredicto dos eleitores.

O melhor amigo de José Sócrates

 

Na ressaca imediata do escrutínio autonómico na Catalunha, onde o seu partido sofreu a maior derrota eleitoral de sempre, José Luis Rodríguez Zapatero - o "melhor amigo europeu" de José Sócrates - apressou-se a fazer aquilo em que é exímio: desdizer tudo quanto prometera. Isto numa altura em que todas as sondagens o apontam como virtual derrotado nas próximas legislativas em Espanha, a pressão dos mercados financeiros sobre Madrid é cada vez maior e nas hostes socialistas se fala já abertamente em cenários para a sucessão do líder, que concentrou todas as energias governativas em medidas de engenharia social e no fracassado diálogo com os separatistas bascos enquanto via o país mergulhar em níveis brutais de desemprego. O défice das contas públicas espanholas cifra-se agora em 9,3% e o desemprego atinge já 20% da população activa - o mais elevado da zona euro.

O balanço da governação socialista é desastroso. Zapatero, em busca do tempo perdido, procura ansiosamente retocar a sua embaciada imagem de governante, dando o dito por não dito em aspectos fundamentais do seu discurso e da sua prática política. Prometeu mais apoios sociais, atribuindo um subsídio extra de 426 euros aos desempregados de longa duração - e acaba de anunciar que esse subsídio será abolido já em Fevereiro. Prometeu dar prioridade absoluta ao investimento público - e acaba de anunciar que confiará à iniciativa privada a gestão dos emblemáticos aeroportos de Madrid e Barcelona. Prometeu solidez financeira sem abdicar do rumo "socialista" - e nada tem de melhor para anunciar agora aos espanhóis do que a privatização da sociedade pública de lotarias e apostas, o que equivale a uma confissão pública de desespero.

No palco contemporâneo da política europeia, não me lembro de nenhum outro governante que tivesse sido tão ambicioso no capítulo das promessas e se revelasse afinal tão escandalosamente incapaz de as concretizar. Só mesmo Sócrates seria capaz de dizer com ar sério que Espanha "tem um dos melhores primeiros-ministros do mundo" .

Diz-me que modelos escolhes, dir-te-ei quem és.

 

Texto publicado aqui a 2 de Dezembro e agora reeditado a propósito disto

 

 

Quando a oposição é mesmo oposição

Se houvesse agora eleições legislativas em Espanha, revela hoje uma sondagem do El Mundo, o Partido Popular conquistava a maioria absoluta, com 46,4% por votos - mais 12,6% do que o PSOE, de Zapatero. Em Espanha - como em Portugal - os socialistas estão no poder, governam em minoria e conduziram o país ao descalabro económico. A diferença é que lá, ao contrário do que acontece em Portugal, o maior partido da oposição não "viabiliza" o orçamento do Governo. Nem o Rei Juan Carlos procura "sensibilizar" o líder do PP, Mariano Rajoy, para facilitar a vida ao Executivo.

Talvez por isso, em Espanha o principal partido da oposição descola nas sondagens. Precisamente ao contrário do que sucede aqui.

Nos vamos de tapas...

Fiquei com pena, muita pena pelo Eduardo. Ele não merecia a borrada de Queiroz quando tirou o Hugo Almeida e muito menos para meter o Danny (não lembra nem ao diabo jogar na selecção). A Espanha fez por merecer contra uma equipa que se perdeu após a primeira substituição e não mais se encontrou.

 

Ronaldo é o espelho de um certo Portugal que promete muito mas não cumpre. Depois, e quanto me custa escrever isto, temos um treinador medroso e que não consegue ver o jogo in loco: só quem não conhece o Ricardo Costa, só quem não viu o Ricardo Costa é que pode ficar admirado por ter sido expulso. Uma sanção que só pecou por tardia. Já quando jogava no Porto era um “Deus me livre” para os adeptos o seu estilo grosseiro e caceteiro. Sem classe e sem manha.

 

Enfim, perdeu quem encarou o jogo com medo, quem prefere pensar em empatar em vez de ter a necessária ambição para ganhar. Foi Portugal no seu melhor.

 

 

 

(Foto via Público: Paul Hanna/Reuters)

Portugal/Espanha:

Enviei ao meu amigo Juan uma mensagem pela manhã: "hoje vamos ter um duelo entre regionalistas e centralistas em plena África". Obviamente, Juan mesmo sendo espanhol, ou melhor, galego, vai torcer pela sua selecção. Tal como eu, mesmo sendo regionalista, vou torcer pela vitória dos centralistas. Mal ou bem e sem Scolari, é a minha selecção.

 

O Juan deve ser, conjuntamente com o nosso CAA (que esteve muito bem ontem no prós e prós), o maior regionalista que conheço. Vivendo em Portugal e casado com uma portuguesa e sendo empresário com investimentos em Portugal, ele sabe melhor que ninguém a complexidade deste centralismo asfixiante em que vivemos. Mas deixemos as coisas tristes de lado. Isso e em dia de jogo grande a notícia que conta não é o jogo do Mundial. Enfim, critérios...

 

Hoje é dia de tapas, sangria e iscas de bacalhau. Toca a brindar com um bom Porto!