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Albergue Espanhol

"-Já alguma vez estiveste apaixonado? - Não, fui barman toda a minha vida." My Darling Clementine, John Ford.

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O meu 25 do Quatro

A maior parte dos seres viventes neste país não sabe de todo o que foi o 25 de Abril. Depois, ainda há outras que acreditam naquela treta dos cravos, dedos em V paz e amor porque, sendo pouco mais velhas do que as primeiras,ouviram vezes sem conta a versão que lhes impingiram da "revolução sem sangue".  Ignoram o sangue que existiu frente à António Maria Cardoso, bem como o sangue das mortes que vieram depois em tiroteios espúrios como o do RALIS, em atentados bombistas, assaltos a sedes e incêndios, raptos e assassínios.

E subjacente a isso, no próprio dia, houve também o sangue sempre latente, desde o confronto com os blindados no Terreiro do Paço até ao suspense sobre o disparo ou não dos canhões dos navios ao largo, das forças entaladas na Misericórdia pela multidão que julgava os militares também do lado da intentona até ao militar da GNR que  advogava a intervenção aérea para a "limpeza" das praças.    

Hoje, enquanto estava com os meus filhos já adolescentes, coloquei na aparelhagem o registo audio do 25 de Abril. São tiros e mais tiros. Salgueiro Maia dando ordem de fogo às auto-metralhadoras. Gritos de pessoas que fogem e relatam os disparos da PIDE. Jornalistas que se abrigam e saem de novo minutos depois, desprotegidos, como funâmbulos sob a mira de uma morte sempre à espreita que a adrenalina impede de sentir. E expliquei-lhes: O 25 de Abril não foi um banho de sangue por obra e Graça de Deus e porque as pessoas sairam à rua. Principalmente porque as pessoas sairam à rua. Tivessem ficado em casa e nada teria mudado. Pensem nisso, uns minutos só, mesmo que seja agora a esta hora que já nem a efeméride justifica.

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